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Pará tem queda de 35% no lançamento de empreendimentos comerciais e residenciais

Dados são do 8º Levantamento do Censo Imobiliário de Belém e Ananindeua

Roberta Paraense

O setor da construção civil no Pará já aponta números negativos neste ano. Um dos mais significativos foi a queda de 35% no lançamento dos empreendimentos comerciais e residenciais nos três primeiros meses do ano, na comparação com o último trimestre do ano passado.

Entre outubro e dezembro de 2019, foram lançados 236 projetos. Já no período de janeiro, fevereiro e março deste ano, 154 unidades foram lançadas no mercado. Os indicadores são referentes aos municípios de Belém e Ananindeua. O decréscimo, segundo os especialistas do segmento, ainda será maior no decorrer deste ano, devido à crise econômica provocada pela covid-19.

Os dados são do 8º Levantamento do Censo Imobiliário de Belém e Ananindeua, divulgado na tarde de quarta-feira (27). As medidas de distanciamento social fizeram com que as obras tivessem uma diminuição na força e no fluxo de trabalho. Alguns canteiros chegaram até a paralisar diante aos decretos municipais e estaduais, com exceção dos empreendimentos essenciais, como os de saúde e de saneamento básico. Com isso, outros indicadores como os de vendas e o de inadimplência, também sofreram retração.

Segundo o censo, o volume das comercializações, por exemplo, caiu em 10% nos três primeiros meses do ano, em relação ao trimestre anterior. Em 2020, a inadimplência no setor ficou com o percentual 6,8 de assinalações adicionais, na comparação também com os últimos três meses de 2019. Isso quer dizer que o número de inadimplentes no mercado subiu de 18,5% para 25,3%, no comparativo com o período. O forte impacto do novo coronavírus na indústria brasileira aparecerá mesmo a partir dos estudos econômicos de março em diante, quando as medidas da quarentena ficaram mais rígidas no país.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA), Alex Dias Carvalho, explica que a pandemia pegou de surpresa o setor que já estava dando passos largos na economia.

“A expectativa para 2020 era totalmente positiva, mas devido ao cenário, constatamos um decréscimo nos números, sobretudo, os de lançamentos e nas vendas”, avaliou.

Ainda conforme Alex, o próximo censo será um balizador da retração ocasionada pela crise sanitária. “Mesmo este (8º) já sendo de 2020, os números do primeiro trimestre não refletem os desgastes causados pela pandemia, eles são apenas o início do decréscimo apresentado pelo setor”, garante.  

A previsão é que o segmento volte a aquecer apenas no final de 2020. “Ainda vamos ter quedas, porém, no final do ano, estimamos que, com a pandemia controlada, o setor volte a crescer”, reforça o presidente do Sinduscon-PA.

Segundo Alex, uma pesquisa da Bureau de Inteligência Corporativa (Brain) mostra que 79% das empresas tiveram de adiar os lançamentos em 2020, no entanto, os empreendimentos devem estar no mercado antes de 2021. “Até dezembro esperamos que sejam lançados”, diz.

Censo

Os números são reflexos do estudo sobre o desempenho do mercado imobiliário, com um mapeamento criterioso do setor em Belém e Ananindeua. A análise foi através das vendas, lançamentos, preços e do programa Minha Casa, Minha Vida. O levantamento foi realizado pelo consultor Regional Norte-Nordeste da Bureau de Inteligência Corporativa (Brain), Francisco Claubert Barreto, empresa paranaense responsável pelo estudo.

“Analisamos os principais indicadores: oferta lançada e oferta final (estoque nas mãos dos incorporadores), lançamentos e vendas. Essa avaliação se refere ao mercado residencial estratificado por tipologia, padrões, renda exigida e regiões/clusters (agrupamentos de bairros), mercado de imóveis comerciais e mercado horizontal (casas em condomínio fechado, loteamento aberto e loteamento fechado)”, explicou o consultor.

Investimentos

O índice de intenção de investimento (compras de máquinas e equipamentos, pesquisa e desenvolvimento, inovação de produto ou processo) manteve-se praticamente inalterado na passagem de abril para maio de 2020, passando de 25,7 para 25,4 pontos. É o menor valor desde julho de 2016, quando registrou 25,3 pontos, durante a crise anterior.

O estudo contou também com a organização da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Sistema Fiepa e Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Pará (Ademi-PA).

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