Pará segue no topo entre os estados com a tarifa de energia mais cara do país
Levantamento do Dieese mostra que o percentual de reajuste no Pará nos últimos dez anos foi mais que o dobro da inflação do período
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a revisão tarifária da Equatorial Pará Distribuidora de Energia S.A no valor médio de 11,07% (sendo 9,61% para o consumidor residencial) e acima da inflação acumulada nos últimos 12 meses, que foi de 3,53% (INPC/IBGE). Com mais esse aumento, o Pará continua no topo da lista das tarifas mais caras do país, com o Megawatt-hora custando R$ 0,816, conforme levantamento feito pelo Grupo Liberal sobre o valor cobrado em outros estados brasileiros. Em algumas dessas unidades da Federação, ainda não houve revisão tarifária neste ano.
A Equatorial atende 2,9 milhões de unidades consumidoras no Pará. Com o reajuste aprovado nesta terça-feira, 15, a tarifa de energia elétrica do Pará soma 171,33% de aumento realizado junto aos consumidores residenciais no acumulado dos últimos dez anos, segundo contabiliza o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA).
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De 2013 para cá, a inflação oficial ficou em 73%, ou seja, a energia elétrica no Pará já sofreu reajustes acima da inflação em quase 100% somente na última década, aponta o supervisor técnico do Dieese-PA, economista Everson Costa. “A energia subiu mais do que o dobro da inflação”.
“Quando você tem a energia cara para um estado com o rendimento baixo, com isso, a população sofre com o aumento do custo de vida e a dificuldade de atrair investimentos porque o custo de instalação, manutenção e operação é caro. Infelizmente, todos nós perdemos (com o reajuste da tarifa) porque a energia contribui diretamente para que os indicadores socioeconômicos do estado não melhorem”, avalia. “Atualmente, 3,7 milhões de pessoas estão no mercado de trabalho no Pará, sendo que cerca de 53% têm o rendimento de apenas um salário mínimo (R$ 1.320).
Posicionamento da Aneel e da Equatorial
A Aneel informou que chegou a esse processo tarifário com a reversão parcial do diferimento aprovado em 2022. “Com a postergação de parte do valor, a Agência conseguiu amenizar o impacto do diferimento nesta revisão. Para o diretor-geral Sandoval Feitosa, “ao postergar parte do diferimento aprovado em 2022, estamos conciliando o respeito aos contratos, a capacidade de pagamento da população e o tempo necessário para o debate e aprovação de medidas estruturais para a definição das tarifas de energia elétrica”.
Já a Equatorial emitiu nota dizendo o processo de Revisão Tarifária é conduzido pela Aneel a cada quatro anos em observação às regras definidas no contrato de concessão e nas normas setoriais pela agência reguladora. “Assim como ocorre a todas as distribuidoras de energia elétrica do país, a Revisão Tarifária tem por objetivo reconhecer na tarifa os investimentos feitos pela concessionária no período, assegurando a receita necessária para que o serviço seja prestado satisfazendo as condições de continuidade, eficiência e segurança da operação. Adicionalmente, são atualizados os custos a serem repassados aos demais agentes da cadeia produtiva do setor elétrico”.
Confira o ranking de tarifa de energia elétrica, por estado brasileiro, em 2023
A tarifa de energia elétrica é composta por uma série de fatores, incluindo o custo da geração, transmissão e distribuição de energia, bem como impostos e encargos.
Estado Tarifa (R$ / MWh)
- Pará 0,816
- Rio Grande do Sul 0,794
- Mato Grosso do Sul 0,778
- Mato Grosso 0,764
- Minas Gerais 0,742
- Goiás 0,722
- Distrito Federa l0,712
- Tocantins 0,694
- Paraná 0,680
- Santa Catarina 0,667
- Rio de Janeiro 0,647
- Bahia 0,637
- Pernambuco 0,629
- Sergipe 0,613
- Alagoas 0,607
- Ceará 0,593
- Rio Grande do Norte 0,586
- Paraíba 0,579
- Maranhão 0,573
- Piauí 0,567
- Amazonas 0,562
- Acre 0,556
- Rondônia 0,551
- Roraima 0,546
- Amapá 0,542
*Alguns estados ainda terão reajuste tarifário da Aneel
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