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Mesmo com valorização da soja brasileira, produtores paraenses não sentem melhora nos lucros

A alta do dólar impulsionou as exportações das commodities brasileiras, especialmente a soja. O grão ficou mais caro, mas o lucro não é sentido pelos sojicultores do estado.

Paula Almeida / Especial para O Liberal

Enquanto o Brasil colhe os frutos de uma alta histórica na demanda internacional por soja — impulsionada pela valorização do dólar e pelas novas taxações aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump —, os produtores paraenses seguem enfrentando um cenário de baixa rentabilidade. Segundo Vanderlei Silva, presidente da Associação dos Produtores de Soja, Arroz e Milho do Estado do Pará (Aprosoja-PA), a valorização não foi percebida pelos sojicultores da região.

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De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pelo Cepea, o Brasil exportou mais de 10,25 milhões de toneladas de soja até o dia 21 de março deste ano — um volume 59,5% superior ao registrado em fevereiro. O clima também tem colaborado com a colheita, que já atingiu mais de 76% da área plantada no país até o final de março, superando médias anteriores.

Mas, no Pará — onde a soja representou apenas 2,2% das exportações estaduais no primeiro trimestre de 2025 —, os números vão na contramão. Houve uma queda de 31% no volume exportado em comparação com o mesmo período do ano passado, o que representa uma perda de aproximadamente US$ 50 milhões em receita.

Segundo Vanderlei, a valorização observada no mercado nacional não se converte em lucro real para os produtores paraenses. “A soja está com um valor muito baixo. Tivemos soja a R$ 200 a saca há dois anos. Hoje, estamos vendendo por muito menos. Não está fácil a vida do produtor, não”, lamenta.

Além dos preços defasados, ele aponta que muitos sojicultores tiveram que vender a produção de forma antecipada para conseguir custear o plantio, sem margem para esperar por um preço melhor nas semanas seguintes. “Muita gente é obrigada a fechar contrato com as tradings no momento da captação de recursos. Poucos serão beneficiados com essa possível alta. Eu mesmo tive que vender parte da minha soja recentemente para pagar compromissos”, afirmou.

Vanderlei acredita que, se o mercado internacional continuar no ritmo atual, a valorização talvez só seja sentida a partir do dia 30 de abril.

Panorama da soja: Brasil x Pará

Exportações brasileiras (jan-mar 2025):
• 10,25 milhões de toneladas
• +59,5% em relação a fevereiro

Exportações paraenses (jan-mar 2025):
• Soja representa 2,2% do total exportado
• Queda de 31%, equivalente a US$ 50 milhões

Valor da saca da soja (referência Aprosoja-PA):
• R$ 200 há dois anos
• Valor atual: muito abaixo disso

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