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Mesada ajuda na educação financeira infantil, mas com limites

Especialista diz que é importante impor regras e orientar desde cedo sobre o senso de responsabilidade com o dinheiro

Elisa Vaz / O Liberal
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Com a retomada das aulas presenciais nas escolas do Pará, muitos pais podem voltar a dar dinheiro para os filhos comerem fora de casa. No entanto, é preciso ter cuidado para não esquecer o senso de responsabilidade e transmitir aos pequenos algumas regras básicas da educação financeira. Assim, desde cedo, as crianças e os adolescentes podem ser mais responsáveis com o dinheiro.

O economista Valfredo de Farias afirma que a mesada é uma ferramenta extremamente importante, seja ela de qualquer valor, porque vai fazer com que a criança, desde cedo, comece a dar importância para as finanças. “Hoje, o grande problema da mesada é que ela é dada por dar, sem orientação, só porque o filho precisa. O que faço com a minha filha é o seguinte: dou todo mês um valor, ela tem as necessidades dela, e quando acaba o dinheiro ela me pede emprestado, já adiantando da próxima mesada, porque ela sabe que, se acabar o dinheiro, vai ficar sem nada”, diz.

Para o especialista, orientar sobre o zelo pelo dinheiro é o mais importante, para que os jovens não gastem sem pensar, com coisas desnecessárias. Mesmo que usem a quantia para sair, comer fora e comprar itens necessários, ele diz que é essencial deixar sempre um pouco do dinheiro guardado para os próximos dias do mês, como uma reserva.

“Quando comecei a dar mesada, minha filha tinha seis anos. Dei só R$ 20 para ver o que ela faria. Orientei, mas não adiantou, gastou tudo na cantina da escola. Hoje, ela já entende mais e sabe controlar melhor, está com 16 anos, então já recebe mesada há uma década. Depois que ela aprendeu, pedi para ela anotar tudo que gastava, para ver quanto cada atividade consome do seu dinheiro e quanto ainda pode gastar”, comenta Valfredo.

Atrelar parte da renda às obrigações domésticas e estudantis também é uma saída, segundo o economista, que também trabalha com consultoria empresarial e leva algumas ideias para dentro de casa. Neste caso, ele diz que pode ser avaliado o desempenho escolar, como as notas – e, no caso do número ficar acima da média da turma, dar uma quantia extra - , ou atrelar a mesada às obrigações em casa, como arrumar o quarto, cumprir a rotina de estudos e outras.

“É uma forma de incentivar a criança a ser responsável tanto com os afazeres de casa e do dia a dia como em relação ao estudo. Isso é importante porque, quando ela chegar no mercado de trabalho, vai ver que, muitas vezes, o que ela ganha de salário está atrelado a alguma forma de produtividade, as empresas estão fazendo isso, atrelando parte do valor pago à produtividade daquele funcionário”.

Algumas orientações que Valfredo dá para os pais que querem ensinar educação financeira para os filhos são: orientar quanto ao gasto desse dinheiro; no início, monitorar como a criança está utilizando a mesada; e se atentar para criar uma responsabilidade nos pequenos. “É bom acompanhar de perto e conversar desde cedo, quando a criança começa a entender o dinheiro. Conforme for avançando no conhecimento e na idade, o pai e a mãe aumentam o recurso também”, pontua.

Mãe ensina filho adolescente

Desde cedo, a advogada Daniela Salviano, de 44 anos, ensinou o filho sobre a importância de conhecer as finanças e poupar dinheiro. O adolescente Davi Salviano, de 13 anos, começou ganhando R$ 50 por mês, quando tinha 11 anos de idade, e só quando completou os 13, em abril, passou a ganhar R$ 100.

“Começou a transição de criança para adolescente e comecei a trilhar um senso de responsabilidade financeira. Do valor, ele precisa tirar o dízimo da igreja e sua oferta. O resto ele pode usar para comprar seus sorvetes, lanches, livros. Ele sempre foi muito cauteloso, sabe da importância de planejar sua mesada. Por exemplo, ele só pode comer dois lanches por mês, e mesmo assim ele conseguiu juntar R$ 500 ano passado, porque sempre sobra. Ele ainda não pede para aumentar”, conta a mãe.

Recentemente, Davi tinha R$ 180 extras, que utilizou para comprar presentes de aniversário – uma bolsa de R$ 20 e um pijama de R$ 70 – e livros e gibis. No final do ano, o adolescente vai viajar para São Paulo, para ir ao Parque da Mônica, comprar gibis novos. “Uso a minha mesada para comprar várias coisas e também vou guardar para minha viagem”, comenta.

A mãe, Daniela, diz que o filho é comedido, consciente e compreensivo. Embora o valor seja baixo, ela afirma que ele tem sua projeção. “Ele é esperto”, elogia. Já a advogada não foi ensinada sobre educação financeira desde cedo, e relata que demorou para entender o que é o planejamento mensal.

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