Mercado de alimentos veganos cresce e empreendedores se destacam em Belém
Entre restaurantes e padarias, os negócios têm cardápio variado e atraem todos os tipos de clientes
A redução do consumo de produtos de origem animal é uma prática que já alcança milhões de pessoas no Brasil - uma pesquisa divulgada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) estima que o número de veganos no país já chega a quase 7 milhões, deixando o Brasil na liderança do veganismo na América Latina. O estilo de vida, que é celebrado nesta sexta-feira (1º), com o Dia Mundial do Veganismo, tem crescido em Belém e, cada vez mais, empreendedores estabelecem seu espaço no mercado.
É o caso do empresário Francisco Sridhara, proprietário de um restaurante vegetariano que já existe na capital paraense há 15 anos e, com o passar do tempo, também passou a ter todos os pratos com opções veganas, devido ao crescimento do segmento. “Fomos introduzindo aos poucos no cardápio. Primeiro um prato, depois dois, agora todo o nosso cardápio tem também a opção vegana, além da lactovegetariana, que é o cardápio principal”, afirma.
No início, segundo ele, não havia em Belém tanta demanda no mercado vegano, e oferecer esses pratos era muito desafiador, na opinião de Francisco. Mesmo com as dificuldades, no entanto, o empresário decidiu arriscar. “Essa onda do veganismo foi crescendo e a gente introduziu os pratos veganos de forma muito natural. Sabia que seria um desafio, mas encaramos mesmo assim. Com o decorrer dos anos, nos consolidamos”, comenta.
Cardápio faz sucesso
Uma das estratégias para isso, conta o empreendedor, foi apostar em temperos e modos de preparo diferenciados no restaurante, para atrair não apenas o público vegano e vegetariano, mas até as pessoas que comem carne e são curiosas. “Se a gente fosse depender desse público, certamente não estaríamos no mercado. Para se manter não basta fazer uma comida vegana, mas uma comida diferenciada que traga uma experiência gastronômica. A gente consegue ter um público consolidado porque trazemos algo a mais”.
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Todos os pratos, de acordo com Francisco, têm uma boa aceitação, mas os que se destacam entre o público são a maniçoba, a lasanha e o vatapá. Ele ressalta, inclusive, que em 2013 e 2014, o restaurante ganhou um concurso nacional: no primeiro ano, o vatapá e a maniçoba foram eleitos como o melhor prato feito no Brasil, considerando inclusive receitas não veganas e não vegetarianas, e depois o vatapá ganhou novamente.
A aceitação do público foi tanta que, há três anos, o empresário decidiu ir além: inaugurou um restaurante 100% vegano, a quilo, no centro comercial da capital paraense. E para continuar conquistando a clientela nos dois pontos, a busca pela inovação é constante, inclusive criando novas receitas e agregando mais experiências gastronômicas ao cardápio, especialmente com o surgimento de mais empreendimentos desta área no mercado belenense. Francisco ainda prometeu novidades nos próximos dias, mas não adiantou quais serão os lançamentos.
Padaria tem produtos veganos
Vegana, a empresária Petra Marron, de 30 anos, começou sua trajetória no mercado vegano há menos tempo. Ela sentia falta, enquanto consumidora, de lugares que tivessem opções aptas à sua escolha de vida em Belém. E para comer itens de padaria sem ingredientes de origem animal, como bolos, queijos e pães, decidiu criar seu próprio empreendimento, em 2018. Sua padaria começou em uma feira de rua, com uma mesa e alguns produtos, mas, ao longo dos anos, adquiriu um espaço e um público fixo.
Segundo ela, o veganismo vem crescendo não só em Belém, mas no mundo inteiro. “As motivações que levam as pessoas a tomar essa decisão para as suas vidas são várias, mas cada vez mais essa alternativa de consumo se mostra urgente para reduzir os impactos ambientais trazidos pelo nosso consumo. Não ingerir ingredientes animais reduz muito a pegada de carbono deixada na natureza, então, escolhas de alimentação mais compassivas com a natureza se fazem urgentes e estão ficando mais populares na nossa cidade”, avalia.
Na padaria, o perfil dos consumidores é variado, desde os que já são veganos ou vegetarianos até os intolerantes a ingredientes de origem animal, alérgicos ou apenas curiosos. Os produtos mais vendidos são o bolo de chocolate e o salgado recheado de tomate seco, manjericão e queijo de castanhas. Todas as versões veganas de pratos tradicionalmente carnistas também são sucesso, de acordo com Petra, como sushi, feijoada, maniçoba e feijão tropeiro. Já os desafios que a empreendedora destaca no segmento são os altos preços de insumos, além da falta de oferta de certos ingredientes na região, dificuldade para encontrar embalagens sustentáveis, energia elétrica cara e impostos altos.