Linha de crédito do Banco da Amazônia completa 15 anos com R$ 192 milhões aplicados em 2022

Desde que a iniciativa foi criada, mais de R$ 1 bilhão foram investidos em microcrédito para empreendedores

Elisa Vaz
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Uma solenidade realizada na manhã desta quinta-feira (17)​, na sede do Banco da Amazônia (Basa), em Belém, marcou a comemoração dos 15 anos do programa de microcrédito Amazônia Florescer, criado em 2007 para ​conceder empréstimos simplificados aos empreendedores populares, sem exigência de garantia real. ​A proposta do programa é facilitar o acesso a crédito para donos de pequenos negócios - neste ano, até outubro de 2022, o programa realizou quase 50 mil operações de microcrédito, com investimento total de R$ 192 milhões. O evento contou com a presença de autoridades locais e federais, inclusive da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres do Ministério da Mulher, e foi realizado em parceria com a Associação de Apoio à Economia Popular da Amazônia (Amazoncred).

O presidente da instituição, Valdecir Tose, destacou, durante sua fala, que o resultado financeiro do programa não é o mais importante, e sim o social. "Precisamos que essa iniciativa chegue a mais pessoas. Na nossa região falta essa educação empreendedora e essa visão de que o empreendedorismo, criar negócios, criar independência e gerar renda não precisa do Estado, precisa de você, empreendedor. São vocês que aceitam correr o risco, nós só ajudamos, até porque na Amazônia é muito mais complicado e difícil", ressaltou. Segundo ele, a educação empreendedora também passa pela educação financeira: o empreendedor deve saber aplicar bem o capital e a importância de ter adimplência.

Gerente executivo de pessoas físicas do Banco, Luiz Lourenço Neto diz que, ao longo dos 15 anos de atuação do programa, foram mais de 500 mil empreendedores atendidos, com mais de R$ 1,1 bilhão em crédito aplicado. "Foi uma transformação nesses quinze anos. Começou pequeno e hoje temos 32 unidades de microfinanças que trabalham em toda a Amazônia Legal. Temos um orgulho muito grande desse programa porque ele concede crédito para quem é desbancarizado, para quem não consegue alcançar o crédito pelos meios tradicionais porque não tem uma garantia, uma fonte de renda, tem um empreendimento informal. A maioria é de negócios populares, o feirante, a cabeleireira, a manicure que vai na casa das pessoas fazer a unha, o que trabalha com venda de lanche, o que vai em uma bicicleta com caixa de suco e coxinha para vender nas portas. Esse é o público atendido pelo nosso programa".

​O Amazônia Florescer é executado com finanças de aproximação, ou seja, o Banco vai até o cliente e usa como representantes empresas parceiras por meio dos seus assessores de microcrédito. Todos os processos de crédito são feitos por meio digital, pela plataforma MPO digital, e a instituição atende os Estados do Pará, Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá e Tocantins. Para ter acesso a essa linha, o empreendedor precisa ter um documento de identidade, um comprovante de residência e estar realizando uma atividade produtiva. Para ser enquadrado, não pode ter um faturamento superior a R$ 360 mil por ano, ou seja, R$ 30 mil por mês. Em 2023, deve passar a funcionar, a partir de fevereiro, a segunda unidade do Marajó, em Soure, e o programa deve incluir mais cinco unidades na Amazônia, sendo duas outras no Pará. Além disso, serão contratados, só no Estado, mais 40 assessores de microcrédito. A projeção é alcançar R$ 1 bilhão em créditos transferidos em um ano até 2025.

Mulheres

O público feminino tem destaque dentro do programa - de todos os atendimentos deste ano, mais de 60% foram para empreendedoras. E existe uma linha específica dentro do programa, chamada Amazônia Florescer pra Elas, uma linha de crédito que visa a fortalecer os negócios criados por mulheres na região. De acordo com o presidente do Basa, Valdecir Tose, esse lançamento foi feito para auxiliar mulheres que precisam de independência financeira. Luiz Lourenço Neto, que é gerente executivo de pessoas físicas da instituição, afirma que mais de 12 mil mulheres já foram beneficiadas pela linha, que surgiu em março, com mais de R$ 40 milhões investidos. Elas têm taxas e prazos diferenciados, mas o crédito é apenas uma perna do programa, que também envolve a consciência do empoderamento feminino, a possibilidade de ascensão na sociedade e o combate à violência doméstica.

Existe um convênio de parceria entre o Banco da Amazônia e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, por meio da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, que reúne dois programas: Qualifica Mulher e Salve uma Mulher. Diretora do Departamento de Políticas de Autonomia Econômica e Relações Sociais das Mulheres, Fernanda Marsaro ressaltou a importância de prestar esse apoio às empreendedoras femininas. "A mulher, às vezes, desconhece a possibilidade de empreender, e com a projeção econômica ela passa a ter autonomia e pode mudar de vida, dando fim a um ciclo de violência", comenta.

A parceria, segundo ela, é "fundamental" porque muitas empreendedoras já trabalham, de maneira informal, em áreas como gastronomia ou beleza, e agora podem receber o microcrédito e se profissionalizar. "Você que não sabe precificar seu produto, podemos te ajudar a alavancar seu negócio", orienta. "E esse acordo também traz toda uma vertente de apoio à mulher no enfrentamento à violência, para que consigamos retirá-la desse ciclo. Só podemos nos desenvolver quando trazemos oportunidades a todas as mulheres". ​No evento comemorativo aos 15 anos do programa, também foi realizada uma palestra pela diretora do Departamento de Políticas de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, Grace Justa.

Durante a comemoração, as instituições premiaram a agência de destaque na Amazônia, de Abaetetuba; a unidade de microcrédito de mais destaque no setor rural, em Capanema; e as unidades de microcrédito com maior destaque no centro urbano, em Castanhal, Abaetetuba e Rio Branco. Além disso, microempreendedoras apoiadas pelo programa na Grande Belém também receberam prêmios. Nos interiores os eventos de reconhecimento ainda serão realizados.

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