Investir em empresas que pagam dividendos é uma boa saída para lucrar mais; veja como
Com custos a partir de R$ 10, muitas empresas dividem o lucro com seus investidores por meio de ações. Assessor afirma que qualquer pessoa pode entrar nesse mercado.
Os investimentos no mercado financeiro têm conquistado cada vez mais pessoas, que usam as “sobras” do salário para fazer aplicações e ter rendimentos extras. No entanto, muitos investidores ainda têm receio quanto às ações, que fazem parte da chamada “renda variável”, ou seja, aquele tipo de investimento que não dá um percentual certo de ganho na hora da aplicação, porque depende da valorização ou não do produto. Não à toa, dos 19,1 milhões de brasileiros que investem, segundo a B3, 17,1 milhões ficam na renda fixa, aquela mais “segura”. Os dados são referentes a 2023.
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Mas as ações podem ser uma ótima aposta para quem quer lucrar mais, especialmente daquelas empresas que pagam dividendos. O assessor de investimentos Idean Alves explica que esse pagamento, basicamente, consiste na distribuição de lucro para os acionistas. Ou seja, ao comprar uma ação, o investidor se torna sócio de uma empresa listada em Bolsa e pode participar do crescimento ou decrescimento da organização, assim como da distribuição de proventos, que podem ser dividendos, juros sobre capital próprio, bonificação ou direitos de subscrição, que seria a compra de mais ações com "desconto".
“Em geral, as empresas distribuem dividendos quando apuram lucro, por entenderem ser a melhor forma de alocar capital, de gerar valor e retorno para os sócios. Além disso, a Lei das Sociedades Anônimas (SA) obriga que as empresas que tiverem lucro distribuiam no mínimo 25% para os acionistas”, detalha o profissional. Idean ressalta que, normalmente, as empresas consolidadas, que já fizeram a maior parte dos investimentos prioritários na atividade principal e que são detentoras de participações relevantes dos seus mercados, tendem a distribuir mais dividendos.
Vale a pena investir?
Segundo Alves, a estratégia de investir em ações que oferecem dividendos foi a que mais “formou” bilionários e milionários na história e seria, em tese, a mais vitoriosa e simples de executar. O único problema, diz ele, é que leva tempo, já que a maior parte dessas fortunas foram construídas ao longo de décadas de investimentos e reinvestimentos. Como a maioria dos investidores tem a expectativa de ganhar dinheiro de forma rápida e fácil na Bolsa, pode parecer uma opção não tão atraente.
“A grande vantagem de investir em ações que pagam dividendos é que, em sua maioria, são empresas maduras, consolidadas, com um bom histórico de entrega de resultados, bons gestores, estabelecidas no mercado e que apresentam crescimento consistente ao longo do tempo. Em contrapartida, as empresas que não pagam ainda estão tentando ‘se provar’ no mercado, reinvestindo praticamente tudo que entra, normalmente captando novos recursos para crescer e não distribuindo para os acionistas. Para o investidor, o melhor é estudar e entender o histórico de pagamento de dividendos, se ele é constante e crescente, ou se é esporádico”, orienta o assessor de investimentos.
Experiência em ações
O comerciante Joabe Almeida, de 39 anos, começou seu percurso no mercado financeiro com a renda fixa, há cerca de duas décadas. Só a partir de 2018 passou a ingressar no ramo de renda variável, mas sem muito norte. “Comecei sem muito conhecimento, acho que como a maioria do pessoal começa, da forma errada, que é fazendo o trade. Em pouco tempo, acho que em menos de seis meses, eu vi que não tinha futuro, nem financeiro nem de qualidade de vida. O trader não consegue ter uma boa qualidade de vida porque ele depende das oscilações de mercado e não tem como adivinhar se vai cair, se vai subir, o que vai acontecer”, comenta.
Desde então, o investidor passou a focar sua atenção nas ações e hoje recebe renda passiva tanto de fundos imobiliários quanto de ações de dividendos, apesar de investir em empresas que pagam e que não pagam esse lucro. “Eu ainda invisto nas duas. Eu procuro algumas empresas que pagam dividendo, mais tradicionais, mas também tenho algumas que eu vejo que são boas empresas, mas, devido à oscilação de mercado, acabam desvalorizando bastante. Eu aproveito essas também, embora não paguem dividendos”.
O conselho que Joabe dá para quem nunca investiu nessa área é apenas começar. Tendo pouco ou muito dinheiro, ele diz que o investidor deve iniciar com “o mínimo possível”, como forma de experimentar as oscilações de mercado. “Para a pessoa que não tem o hábito de investir, quando sobe, ela pensa que está rica. Quando cai, diz que está pobre”, menciona o investidor. Nenhuma das situações é verdadeira, segundo ele. O comerciante afirma que a pessoa precisa encarar a Bolsa de Valores como instrumento para comprar ações de boas empresas.
Critérios
Deve ser avaliado também, de acordo com Idean Alves, o setor no qual a empresa está inserida; o fosso ou diferencial competitivo que ela tem, ou seja, se é fácil entrar no mercado e copiar o que ela está fazendo, aumentando a concorrência e reduzindo o lucro; e se o que aquela empresa faz é único (avaliando o poder da marca, a participação de mercado e a concessão de serviço público), demanda alto investimento e depende de tecnologia própria, de acordo com o assessor, que diz ainda que é fundamental avaliar a qualidade da gestão, a política de investimento e expectativa de crescimento da empresa para os próximos anos.
Uma boa forma de o investidor avaliar esses parâmetros, segundo o especialista, é fazer seus próprios estudos e buscar relatórios de casas de análises de investimentos, que trazem estudos detalhados do histórico das empresas e fazem também a projeção do valuation (avaliação da empresa) - projetando o lucro futuro e trazendo a valor presente, para chegar ao que eles entendem ser o valor justo do negócio - e quanto pode distribuir de dividendos, trazendo parâmetros para o investidor avaliar na hora de se tornar sócio daquele negócio.
“O histórico mostra que as principais pagadoras de dividendos de forma consistente são de setores hegemônicos da economia ou com uma forte barreira de entrada, como é o caso do setor bancário, de saneamento básico, rodovias, seguros e, em especial, o setor de energia, pois o custo para se estruturar um banco, uma hidrelétrica, uma seguradora é extremamente elevado, e fazer isso de forma bem feita por muito tempo é ainda mais desafiador, o que possibilita um ‘prêmio’ e uma margem de lucro ainda maior para essas empresas, normalmente revertido para os acionistas em forma de dividendos”, indica Idean Alves.
E quanto ao valor de investimento, o assessor garante que qualquer pessoa pode pagar, desde que tenha um perfil de moderado a arrojado, ou seja, mais aberto aos riscos e à volatilidade do mercado. Hoje, no Brasil, segundo ele, é possível encontrar boas pagadoras de dividendos a partir de R$ 10 reais a ação. “Respeitada a realidade de cada leitor, com o preço de um hambúrguer você pode começar a ser sócio das maiores e melhores empresas do país, participando do crescimento e da distribuição de lucro das mesmas, planejando assim uma aposentadoria mais confortável, e quiçá a independência financeira”, adianta.
Reinvestir é essencial
Após receber o lucro da empresa na qual o investidor aplicou recursos, existe outro ponto fundamental para quem quer construir um patrimônio: reinvestir aquele valor extra. O assessor de investimentos relata que essa é a estratégia de bilionários como Warren Buffett (o maior investidor da história, com US$ 100 bilhões em patrimônio) e Luiz Barsi (o maior investidor pessoa física da Bolsa brasileira, com um patrimônio de R$ 4 bilhões acumulados), ambos começando do zero e investindo por mais de 40 anos.
Idean lembra que essa constância possibilita o chamado "efeito bola de neve", pois o reinvestimento dos dividendos faz uma pequena "bola de neve" se transformar em uma avalanche de retorno financeiro. “Para ficar mais próximo do leitor, é como plantar uma árvore que, com o tempo, pode gerar frutos e novas árvores, adicionando mais frutos à colheita, o que é extremamente poderoso no longo prazo”, compara. O investidor, afirma, só precisa investir em bons negócios que pagam dividendos, com perspectiva de crescimento, e fazer isso de forma disciplinada ao longo do tempo.
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