Indústria injeta mais de R$ 84 bi no PIB do Pará, desafio é verticalizar produção, aponta Fiepa

Logística e qualificação de mão de obra são considerados fatores urgentes para potencializar segmento  

O Liberal

A  indústria responde por cerca de 200 mil postos de trabalho, e injeta mais de R$ 84 bilhões no PIB do Pará. A informação é da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa). Os números são expressivos e podem ser ainda maiores no estado, com uma grande reserva de recursos naturais, se houver a consolidação da indústria de base. 

Em Belém, o professor da Faculdade de Geologia do Instituto de Geociências da UFPA, Carlos Marcello, destaca que a indústria de base produz bens e serviços que são utilizados por outras indústrias. 

"São atividades econômicas que geram muitos empregos em diferentes níveis de exigência, impostos e contribuem para o desenvolvimento humano”, disse o professor. No entanto, ele observa que ainda que o país tenha um grande potencial para o desenvolvimento de indústrias de base em outras regiões, como o Pará, as indústrias de base são concentradas nos estados do sudeste do país.

Doutor em mineralogia e petrologia, Carlos Marcello aponta um fator para a concentração desse tipo de indústria nas regiões sul e sudeste e em parte do centro-oeste brasileiro. “Sempre foram o centro do poder político e de tomadas de decisões do Brasil. Esse cenário facilitou a instalação de indústrias de alta tecnologia, farmacêuticas, automobilística ou de transformação de bens minerais nessas regiões”.

Indústrias aceleram a economia com os insumos 

Presidente da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), Alex Dias Carvalho enfatiza que, “as indústrias de base são extremamente relevantes, porque fornecem os insumos necessários para que o estado continue produzindo, além de movimentar a economia”, disse ele.

"Para se ter uma ideia, só a mineração responde por 84% das exportações paraenses, segundo dados do Centro Internacional de Negócios (CIN/Fiepa), e até o terceiro trimestre de 2022, empregava cerca de 59 mil pessoas, de acordo com o Boletim da Mineração 2023 da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa)", diz o titular da Fiepa

Alex Carvalho enfatiza a importância dos impactos positivos para a economia, que cada empreendimento industrial é capaz de gerar no território paraense, seja da indústria extrativa ou da transformação.

Eles nos trazem a perspectiva de mais desenvolvimento para o nosso estado, porque promovem arrecadação de impostos, além da geração de royalties, aumento das compras locais, contratação de mão de obra, gerando empregos diretos e indiretos, e renda nas regiões do entorno da planta industrial”.

Para o titular da Fiepa contudo é necessário modernizar a produção no Pará. “Para potencializar esses benefícios, no entanto, é preciso que o Pará avance mais na verticalização da produção e, para isso, as indústrias precisam ser mais competitivas”.

A Fiepa defende que o caminho para o aumento da competitividade passa por investimentos em logística, estradas e criação de alternativas de hidrovias e ferrovias. Sem investimentos em novos modais, por exemplo, os custos de produção da indústria paraense aumentam e os negócios perdem competitividade.

Para o professor doutor Carlos Marcello, parte do problema da falta de verticalização da economia no Pará, e na região Norte, tem resolução com a urgente melhoria na qualificação dos jovens.

"A qualificação é a principal exigência no processo de verticalização da economia em qualquer país. Investimento correto e maciço nos ensinos fundamental, médio e técnico públicos é o caminho para formação de massa crítica competitiva, motivada e criativa”, diz o pesquisador.

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