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Horário de verão pode retornar em 2024; especialistas avaliam impactos no Pará

Retorno ou não deve ser anunciado nesta quarta-feira (16); Pará não adota a medida desde 1987.

Amanda Engelke
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O horário de verão voltou a ser pauta em Brasília. A expectativa é de que nesta quarta-feira (19) o Ministério de Minas e Energia anuncie se a medida será retomada ou não. A última vez que o Pará participou foi entre 1987 e 1988, quando o ajuste no relógio vigorou de outubro a fevereiro. Já a última vez que a medida foi adotada no Brasil foi entre 2018 e 2019, mas as regiões Norte e Nordeste ficaram de fora.

Carlindo Lins, consultor do Conselho Nacional de Consumidores de Energia Elétrica (Conacen), defende que a medida deve ser analisada ”com muito cuidado”. Ele explica que o horário de verão voltou a ser cogitado devido às altas temperaturas, que fez com que o pico da carga passasse das 18h às 21h para o período da tarde. A maior carga, entretanto, está nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Segundo Lins, apesar dessa mesma migração também ser observada na região Norte, a adoção da medida não se justificaria para o Pará e outros estados da região. “Das outras vez eles regionalizaram o horário de verão justamente porque aqui no Pará não teria impacto algum. Da mesma forma, não vejo necessidade, porque nosso impacto seria mínimo, a grande concentração de carga não está aqui”, avalia.

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O relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aponta que a medida traria maior eficiência no atendimento aos horários de pico de consumo de energia, especialmente entre 18h e 20h.

O economista André Cutrim, docente da Universidade Federal do Pará (UFPA), também avalia que, em relação à redução do consumo de energia — principal objetivo da medida —, a economia seria pequena no Pará, onde a matriz energética é majoritariamente hidrelétrica. “A redução no consumo de energia não deverá ter impactos significativos nos custos para as famílias ou nas contas públicas”, afirma.

ONS indica economia de até R$ 1,8 bilhão por ano

A medida, extinta em 2019, voltou a ser discutida após estudos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que indicam uma possível economia de R$ 400 milhões em 5 meses e até R$ 1,8 bilhão por ano com o retorno do horário de verão. O ONS também estima que a medida pode reduzir a demanda em cerca de 2 gigawatts (GW) nos horários de pico, que ocorrem no início da noite.

Nas edições mais recentes, apenas as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste adotaram a medida. As regiões Norte e Nordeste ficaram de fora, pois o impacto no consumo de energia nessas regiões não foi considerado significativo. Além disso, outra justificativa é a maior proximidade com a linha do Equador, principalmente no caso do Norte, onde a variação na duração dos dias é menor.

Efeitos indiretos

Mesmo que o Pará não adote diretamente o horário de verão, André Cutrim destaca que ainda poderão ocorrer impactos indiretos. "No transporte aéreo, por exemplo, a diferença de fuso horário com outras regiões poderá exigir ajustes nos horários de voos e nas conexões, o que pode aumentar os custos logísticos e, em menor escala, reduzir a demanda por esses serviços", explica.

image André Cutrim avalia os impactos do horário de verão no Pará (Carmem Helena / Arquivo O Liberal)

Por outro lado, Cutrim acredita que o ajuste no relógio poderia ser benéfico para o setor de comércio e serviços, uma vez que a ampliação das horas de luz natural pode “incentivar o consumo”. Ele observa que uma parte “considerável” da população paraense, principalmente dos centros urbanos, tende a prolongar suas atividades após o trabalho, frequentando lojas, restaurantes e espaços de lazer.

O turismo no estado também pode ser favorecido, de acordo com o economista. Ele explica que as pessoas em outras regiões do país tendem a aproveitar as horas extras de luz para viagens e atividades de lazer. Na avaliação de Cutrim, da mesma que no comércio, isso pode resultar em um aumento na receita do setor, beneficiando hotéis, restaurantes e atrações turísticas.

Cutrim também ressalta que esses efeitos, embora pontuais, poderão contribuir para um crescimento econômico sazonal, especialmente em épocas de alta temporada. "Os impactos do horário de verão no Pará, sejam diretos ou indiretos, dependerão de como os diferentes setores da economia conseguirão absorver as mudanças e transformar essa demanda adicional em benefícios econômicos duradouros", afirma.

Como funciona o horário de verão

O horário de verão consiste no adiantamento dos relógios em uma hora, geralmente aplicado nos meses mais quentes do ano, entre outubro e fevereiro, quando os dias são mais longos. O objetivo é aproveitar melhor a luz natural e reduzir o consumo de energia elétrica no início da noite. Tradicionalmente, essa medida visa evitar o acionamento de usinas termelétricas, que são mais caras e aumentam o custo da conta de luz.

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