Fraude na Americanas foi de R$ 25,2 bilhões; veja
A empresa acusa Miguel Gutierrez, ex-CEO da empresa, pelas fraudes. Ele deixou a empresa em dezembro de 2022 depois de comandar a companhia por 20 anos.
A Americanas divulgou nesta quinta-feira (16) que o tamanho da fraude foi de R$ 25,2 bilhões na empresa. A companhia reportou prejuízo líquido de R$ 6,2 bilhões em 2021 e R$ 12,9 bilhões em 2022. A empresa acusa Miguel Gutierrez, ex-CEO da empresa, pelas fraudes. Ele deixou a empresa em dezembro de 2022 depois de comandar a companhia por 20 anos. O CEO da varejista, Leonardo Coelho, disse que os números dos balanços financeiros publicados nesta quinta-feira, estão “livres” das irregularidades. Defendeu que a empresa foi vítima de fraude “sofisticada” e “bem arquitetada”.
O endividamento bruto da companhia passou de R$ 7,8 bilhões em janeiro de 2021 para R$ 37,3 bilhões em dezembro de 2022. A piora se deve à reclassificação das operações de “risco sacado” (R$ 15,9 bilhões), de capital de giro (R$ 1,4 bilhões) e da conta de fornecedores (R$ 13,3 bilhões)
O risco-sacado é baseado na relação dos bancos e instituições financeiras com a empresa. É uma modalidade de antecipação de recebíveis. Camille Faria, CFO da empresa, declarou que a posição de caixa da empresa saiu de R$ 6,6 bilhões em janeiro de 2021 para R$ 2,5 bilhões no fim de 2022. O patrimônio líquido saiu de R$ 9,5 bilhões positivos para R$ 26,7 bilhões negativos no período.
“Depois de todo trabalho que foi conduzido pela companhia até aqui, foi possível concluir que o tamanho total da fraude de resultados sofrido pela companhia foi de R$ 25,2 bilhões”, disse.
Do total, há R$ 20,4 bilhões com irregularidades de VPC (venda de propaganda cooperada), R$ 1,2 bilhão de capitalização de despesas e R$ 3,6 bilhões com juros capitalizados. “A fraude levava um buraco de caixa na companhia. Fabricava resultados que não se convertiam em geração de caixa. Na nossa visão, o que permitiu que o esquema se perdurasse por múltiplos exercícios e atingisse esse montante foi esse engenhoso mecanismo de contratar, sem autorização necessária de governança, as operações de risco e escondendo a conta de fornecedores”, completou a CFO.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Leonardo Coelho, assumiu o CEO da empresa depois que já estava em recuperação judicial. Disse que a empresa fez o maior plano de recuperação do varejo. Defendeu que irá buscar um acordo com credores para dar sustentabilidade à empresa, que apresentou uma nova proposta para os credores que está baseada na capitalização de R$ 12 bilhões pelos acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
A proposta visa que a negociação dos credores evolua de forma “significativamente”, disse a CFO da Americanas, Camille.
“A gente segue trabalhando duro para tentar uma AGC (Assembleia Geral dos Credores) para aprovar esse plano ainda em dezembro deste ano”, declarou. Camille disse ainda que a empresa terá um aumento de capital de R$ 24 bilhões com o plano de recuperação e que houve uma manipulação dolosa dos controles internos da companhia pela alta administração.
Ela também defendeu que a Americanas foi vítima desse esquema e disse que a empresa desenha um novo plano de cargos e semestre no 2º semestre. Deve ser oficializado na empresa nas próximas semanas, segundo ele.
OPINIÃO EXTERNA
O BDO –auditoria contratada para avaliar balanço da Americanas– não deu opinião sobre as demonstrações financeiras. “Não nos foi possível obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar nossa opinião”, disse o relatório. Camille declarou que a resposta é normal porque ainda não há aprovação de plano de recuperação judicial.
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