Em Belém, frango ficou 1% mais caro em junho
Mesmo com a elevação dos valores, o produto ainda lidera a preferência da população
O preço do frango comercializado em Belém teve alta de 1,07% em junho, em relação ao mês anterior. Já no primeiro semestre deste ano, o aumento alcançou 2,15%, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/Pa). Mesmo com a elevação dos valores, o produto ainda lidera a preferência da população como item para substituir os vilões da alimentação básica, como a carne vermelha. Nos últimos meses, período de forte retração econômica, os vendedores de frango abatido capital perceberam que a procura pelo item dobrou durante a pandemia.
Conforme o balanço do Dieese, entidade que pesquisa o valor do alimento todas as semanas nos supermercados de Belém, o preço do quilo do frango resfriado (da marca Americano), por exemplo, teve a seguinte trajetória nos primeiros seis meses deste ano: em janeiro, ele foi comercializado a R$ 7,66; em fevereiro a R$ 7,60; em março a R$ 7,68; em abril, a R$ 7,65; em maio, a R$ 7,51; e no mês passado a R$ 7,59. Os valores são da média de preço do produto.
Com essa trajetória, o quilo do frango apresentou alta de 1,07% em junho, em relação a maio. Segundo Roberto Sena, supervisor técnico do Dieese, no primeiro semestre deste ano, a alta acumulada superou a inflação alcançando 2,15%.
Já o frango resfriado da marca Avispara, também ficou mais caro, no mês passado. O quilo apresentou alta de 2,19% em relação aos preços médios de maio de 2020. No primeiro semestre deste ano, o reajuste acumulado alcançou 3,19%, contra uma inflação calculada para o mesmo período em torno de 0,36%.
Na feira
Há pelo menos três anos, a vendedora Silvia Ferreira, de 33, vende frango abatido no bairro do Jurunas. Ela garante que mesmo como o aumento, o produto ainda está saindo - ao consumidor final - , com preços antigos praticados ao longo do primeiro semestre. “Há duas semanas estavam nos entregando a R$ 4,50. Mas, houve o aumento pra gente, e agora está saindo a R$5,20. Estamos tentando manter o valor antigo e não repassar aos nossos fregueses, por isso, mantemos o preço final a R$7 desde abril de 2020”, explicou.
A vendedora diz que os preços oscilam de acordo com a oferta. “Tem meses, semanas, que a produção passa a ser maior na granja. O aumento não chega ser como o da carne, de real, ele fica em centavos. Em julho e agosto do passado, por exemplo, estávamos vendendo o quilo do frango abatido por R$ 6.50, para se ver, que é pouco, em quase um ano o aumento não foi nem de um real. Temos de pensar que a população está sem dinheiro, por isso, mantemos os preços. Com isso, a procura dobrou nos últimos meses, quem levava dois, passou a levar quatro frangos por semana”, comentou Silvia Ferreira.
Já o vendedor Sérgio Mendes, de 61 anos, também observou que o consumo do frango, nos meses de pandemia deu um salto de mais que o dobro. “As pessoas, sem dúvida, estão comprando mais frango. Ele é um produto barato em relação à carne. Com R$ 20, se leva um frango de quase 3kg, e com o mesmo valor, se leva um quilo de carne. Como estamos vivendo em uma crise, os consumidores recorrem ao mais barato. A média de preço está razoável. Ao longo do ano, subiu em torno de 10%, mas tudo teve aumento”, resumiu a vendedor que está há 20 anos no ofício.
Consumo
Devido à pandemia da covid-19, o consumo do brasileiro passou a mudar. As opções de alimentação mais baratas, foram as que substituíram produtos com significantes altas nos preços e um deles foi o frango. A dona de casa Delma Alice Lopes, de 54 anos, mora com dois filhos e acredita que a variação do cardápio diário, tem de andar lado a lado à economia do final do mês. “Não dá para servir carne vermelha todos os dias. Um pedaço pequeno para bife, está saindo R$ 25, com pouco mais de 1 kg. Vou ao supermercado e compro um prato de peito de frango limpo, já sem pele, sem osso, por R$ 12, e comemos melhor, e sobra”, conta.
Para variar o cardápio, ela aposta na renovação das receitas. “Com o peito de frango, faço desfiado e o transformo em arroz de galinha, salpicão, suflê, omelete, uma variedade que com a carne fica mais difícil. Quando vou ao supermercado, compro 50% de frango em relação a todas as proteínas. O peixe também está com preço elevado. A verdade é que tudo, depois da pandemia, teve aumento”, observou.
A aposentada Neiva dos Santos Pureza, de 63 anos, mora numa casa alugada com seis pessoas. Por mês, ela compra, em média, 40 frangos para driblar os preços das outras proteínas. “A carne está muito cara. O frango tem pouco aumento, é centavos em relação aos outros produtos do mercado. Faço hemodiálise três vezes por semana, então os médicos orientam também o maior consumo de carne branca. Então, além da economia, comer frango é uma opção para minha saúde”, comentou a idosa.
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