Economia paraense deve receber R$ 7,5 bi com o pagamento do 13º salário
Movimentação aumenta poder de compra e reflete até no próximo ano
Até o final deste ano, a economia do estado deverá receber cerca de R$ 7,5 bilhões com o pagamento do 13º salário, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA). Representantes do setor produtivo de Belém explicam que o comércio local já aguarda essa movimentação e se organiza para vender mais. “As empresas se organizam preparando seus estoques para poder atender a demanda e aumentando o quadro de funcionários, o que faz com que tenha mais movimento, mais pessoas trabalhando e mais pessoas recebendo”, afirma Muzaffar Said, lojista de Belém.
Said enfatiza que o 13º se soma ao movimento de compras de fim de ano e, por isso, “a projeção chega a ser de dobrar o faturamento mensal nesse período”. Os dados do do Dieese indicam que o valor estimado neste ano é 20% maior que o do ano anterior, de R$ 5,4 bilhões. O levantamento também identificou que o benefício deverá alcançar mais de 2 milhões de pessoas neste ano, um crescimento de cerca de 6% em relação a 2023.
O Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém (Sidilojas), Eduardo Yamamoto, destaca as margens de lucro neste período. Segundo a entidade, “o faturamento do setor pode aumentar até 30% em comparação aos outros meses do ano, especialmente no comércio varejista, mas desse total, estima-se que entre 20% e 25% seja atribuído ao impacto do 13º salário, já que essa renda extra costuma ser direcionada para compras e comemorações, em dezembro”, destaca.
Apesar da injeção de recursos, a Federação de Comércio, de Bens, de Serviços, e de Turismo do Estado do Pará (Fecomércio-PA), enfatiza que nem todo o montante pago aos trabalhadores com o 13º deve ir para consumo. Boa parte dos valores adquiridos serão utilizados na quitação de dívidas, segundo estimativa da entidade.
“A taxa de endividamento do paraense no mês de outubro, está em 66% e a inadimplência 23,2% (PEICCNC/Fecomércio-PA), são sempre fatores limitadores para a magnitude das vendas. Mas projetamos sim uma entrada elevada de recursos oriundos do 13º, considerando o nível de ocupação e a renda média de todos os trabalhos, além de outros aspectos que envolvem a data natalina e festas de final de ano”, observa.
As expectativas da federação quanto às vendas no varejo em Belém são de crescimento. Dados da entidade apontam que de janeiro a agosto deste ano, o percentual de vendas aumentou 5,2%, quando comparado com o mesmo período de 2023. Para eles, esse movimento é “uma sinalização de que o final do ano deve fechar, pelo menos com um crescimento entre 6,5% a 8,5% em relação ao ano passado”, mas esses números ainda estão sujeitos a mudanças.
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A movimentação gerada com o valor adicional do 13º gera estabilidade no comércio, mas “depende também do perfil de consumo da população e do nível de endividamento”, como explica o economista e consultor empresarial Nélio Bordalo. Para ele, mesmo que os consumidores utilizem o valor na quitação de dívidas, ainda se tem benefícios indiretos com o aumento do poder de compra, saldo que reflete no início do próximo ano para o comércio.
“Quando os consumidores aproveitam o 13º para quitar dívidas, isso reduz o impacto imediato no comércio, mas ainda assim gera benefícios indiretos, pois melhora a capacidade de compra da população para os meses seguintes. Assim, o 13º salário ajuda o comércio a começar o ano com mais segurança, proporcionando um fôlego importante e ajudando a suavizar o impacto da sazonalidade típica do setor”, conclui.
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