Mercado de PETs: cuidados com animais de estimação chegam a consumir até metade da renda familiar
Tutores estão dispostos a arcar com os custos necessários para garantir saúde, alimentação e até alguns 'mimos'
Faz tempo que ter um animal em casa deixou de ser somente pela “estimação”. Os pets, como são chamados carinhosamente os cachorros e gatos e qualquer outro ser vivo que possa compartilhar uma residência com humanos, passaram a ser como filhos para muitas famílias e, devido à responsabilidade por eles, em alguns casos, como é o caso da bioóloga Patrícia Grelo, passaram a consumir até 50% da renda familiar.
E nem precisa chegar ao pet shop, onde, atualmente, existem camas de R$ 600 reais e carrinhos para pet com preços que ultrapassam R$ 1.300. Basta colocar na ponta do lápis os custos para além dos luxos disponíveis para mimar os animais. Patrícia, de 27 anos, conta que, na casa onde vive com a mãe e o pai, tem 15 gatos e um cachorro de porte grande, que ela nomeou carinhosamente de Hulk Grelo. Somente com a alimentação dos bichos, o valor mensal dispendido passa de R$ 1.000.
“Só com ração para o cachorro que é meu, e mais o Pixito e a Dandara Grelo, os meus dois gatos que são minha responsabilidade, eu gasto em torno de R$ 250 reais. Fora o sachê de ração úmida que eu coloco junto com a comida do Hulk, senão ele não come, e acaba saindo em torno de 60 reais por mês. Mais a areia dos gatos, compro uma saca de sete quilos que dura um mês para dois gatos, e custa 58 reais. Fora material de limpeza, gastos com castração, até para controlar, para eles não terem mais filhotes, consultas, remédios, antibiótico, anti-inflamatório”, detalha.
VEJA MAIS
Patrícia conta que nem ela nem a mãe, que é dona de todos os outros 13 gatos, pensaram ao certo sobre o quanto comprometeria do orçamento familiar ter os animais em casa. O que de fato pesou, foi o apego aos bichos e a preocupação com o abandono. “Eu não pensei no custo. Na verdade, ninguém aqui em casa pensou, mas é o fato do apego. Nunca tivemos gato, mas chegou uma que foi abandonada na rua de casa, pariu e começamos a criar. É mais por amor aos bichos, nunca gostamos de maus-tratos. A gente não gostava de gato, mas a gente começou a cuidar desses gatos e nos apegamos. As pessoas jogam na rua, temos pena, pegamos, não conseguimos doar, e assim que a gente hoje tem 15 gatos”, relata.
A empresária Tatiana Negrão, de 32 anos, tem em casa duas akitas, uma raça de cachorro japonesa considerada uma das mais antigas do mundo. Princesa, de 10 anos, é mãe de Tapioca, de 7 anos. Na época que ganhou a primeira, do marido, um filhote da linhagem custava algo em torno de R$ 2.500. Além do valor alto para ter um akita em casa, de acordo com Tatiana, manter o animal é ainda mais caro.
“Elas não adoecem quase, mas a manutenção é cara. Mensalmente, gastamos R$ 320 só com ração, mais o remédio para pulga e carrapato, de três em três meses, R$ 450 para as duas. Elas também vão de 15 em 15 dias para o resort de pet, R$ 220 a diária para as duas, ou seja, R$ 440 por mês”, contabiliza. Mensalmente, o custo fixo é de R$ 760, além dos imprevistos, como foi o caso de Princesa, que teve um nódulo na mama e precisou fazer uma cirurgia de emergência há algumas semanas. Para quem nem pensava em ter cachorro, as duas akitas passaram a ser parte da rotina e das prioridades de Tatiana.
“Hoje, a minha programação depende muito dela, tanto de tempo, quanto financeiro, até uma viagem que a gente vá fazer tem que ser mais programada. Por exemplo, a cirurgia não estava no nosso orçamento e é tudo muito caro para cachorro, pegou a gente desprevenida, mas é uma coisa que tem que ser feita, é como um filho, e a gente acaba fazendo tudo do bom e do melhor. Como eu não tenho filhos, elas acabam sendo minhas filhas, aí a gente acaba gastando, às vezes, com bobagem, perfume, creme, roupa, almofadas. Investi também em um soprador próprio para cachorro para dar banho em casa, que custa em torno de R$ 600, R$ 700. Quando eu viajo, vejo coisas de cachorro, fico doida; trouxe até roupa da Louis Vuitton, não vou nem dizer quanto foi. Acaba que elas são calorentas, é mais para foto mesmo”, brinca.
Mercado de pets em Belém
Há 20 anos no mercado, uma rede de pet shop com loja em três shoppings de Belém – bairros Mangueirão, Batista Campos e Umarizal, oferece vários produtos para pets, incluindo camas, carrinhos, linhas profissionais de shampoo, cremes de hidratação e máscara texturizadoras. “As camas são dos produtos que a gente tem de mais caro, os carrinhos também, que custam R$ 1.300. Também trabalhamos com serviços de banho e tosa, consulta, vacina e exames, ração dermatológica e medicamentosa, e trabalhamos com delivery de todos os produtos que vendemos. A maioria dos nossos clientes é antiga, vai criando uma relação de confiança mesmo”, afirmou a gerente geral do estabelecimento, Alessandra Oliveira.
Também existem opções para quem busca um local para deixar o pet ao viajar. É o caso do Ecopetresort, localizado no bairro do Benguí. Instalado em uma área ao ar livre e totalmente arborizada, o espaço conta com nove funcionários, entre veterinários e monitores, estes últimos atuam com o atendimento do hotel, a parte de recreação e lazer, e ainda o adestramento dos animais. A diária do que se chama de day care custa R$ 70, mas dependendo da quantidade de dias, o valor pode ser menor.
“Estamos com uma promoção para os dias de segunda e terça-feira, a diária sai por R$ 52,50. Temos os clientes avulsos, mas temos 40 clientes fixos, que os animais têm cadastro e vêm sempre. Aí eles fazem um plano de uma, duas, até cinco vezes na semana. Aqui oferecemos banho e tosa, recreação canina, que é o day care, serviço de adestramento e hotel”, afirmou a secretária Thayná Costa. Por enquanto, o movimento em 2022 ainda não está como o esperado, mas ela acredita que deve melhorar em breve. “É normal, as pessoas estão só pagando conta, mas vai melhorar lá para março, janeiro e fevereiro é fraco mesmo”, explica.
Outro espaço no bairro do Jurunas também oferece serviço de creche, com recreação, hospedagem, consulta veterinária, banho e tosa. O proprietário, João Paulo Monteiro, afirma que o projeto de um pet shop na loja já foi iniciado. “Começamos o Quintal Amigo Pet criando a raça akita, aí começamos a montar o espaço em 2016 e, na época, trabalhávamos só com serviços em domicílio e passeio, a partir da indicação de clientes. De lá para cá, começamos a trabalhar a parte burocrática para abrir o negócio em 2019, e em 2020 oficializamos. Hoje, temos uma média de 40 clientes fixos”, afirmou. No espaço, o valor pela diária de recreação é R$ 120, podendo ser negociado.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA