Dólar abaixo de R$ 6: veja se é um bom momento para comprar a moeda americana
Assessor explica que a expectativa é de que o dólar fique próximo dos R$ 6 neste ano e dá dicas para investidores
Após um período de altas, o dólar voltou aos patamares anteriores e sofreu a sexta queda consecutiva, fechando a uma cotação de R$ 5,91 nesta segunda-feira (27), o que representa uma retração de 0,10% na semana e de 4,33% no mês e no ano em relação ao real. Esse comportamento, muito influenciado pelas políticas tarifárias e de deportação de Donald Trump, pode impactar nos investimentos financeiros - isso porque o rendimento de muitas aplicações depende do desempenho da moeda americana.
Segundo o assessor de investimentos Idean Alves, a queda no dólar representa uma oscilação temporária, por diversos fatores. Primeiro, pelo impacto da startup chinesa DeepSeek, que indicou precisar de menos recursos para ter resultados parecidos com americanos como o ChatGPT, o que levou a Nvidia a perder US$ 589 bilhões em valor de mercado, além das outras empresas tecnologias que estão investindo em IA.
Em segundo lugar, houve a queda dos rendimentos dos títulos do Tesouro Americano (Treasuries), a dívida dos EUA, que é o ativo mais seguro do mundo, além das decisões polêmicas do presidente Donald Trump. Tudo isso, de acordo com o assessor, fez cair a demanda e o “apetite” por dólar no mundo.
É o momento de investir em dólar?
Na opinião de Idean, é sempre bom ter dólar na carteira. Ele afirma que, dada a trajetória da moeda americana, que se valorizou mais de 25% em um ano, e o prognóstico local, somado à expectativa do dólar de longo prazo, esta é uma tese “interessante”. “Não veremos mais dólar a R$ 3 ou R$ 4, e com a inflação global crescendo ano a ano, a tendência é de que o dólar reflita ela em sua cotação nos próximos anos”, adianta.
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No caso do Brasil, segundo o profissional, o dólar acabou sendo um dos principais fatores de aumento da inflação, junto à carga tributária. Portanto, pensando de forma macro, no médio e longo prazo, “é sempre bom ter dólar na carteira”, indica o assessor, já que muito do custo brasileiro é em dólar e sua projeção de preço é de crescimento ao longo dos anos, ainda que haja correções no meio do caminho.
Para quem já possui dólar em carteira, o interessante não seria vender agora, e sim aumentar a participação neste mercado. De acordo com Alves, com as decisões econômicas e fiscais, é difícil ver a moeda americana descolando do patamar de R$ 6. Pelo contrário: ele diz que há mais chance de alta do que para um retorno a R$ 5. “Pensando em investimento e em consumo global, aumentar a participação em dólar seria interessante, a depender do tamanho da exposição do investidor à moeda”.
Ativos vinculados ao dólar
No mercado, existem diversos ativos que são vinculados ao dólar: Exchange Traded Fund (ETFs) de renda fixa americana, como BND, BNDX, e AGG, listados nos EUA, mas que podem ser acessados através de corretoras brasileiras. “Temos também o IVVB11, que pode comprar o S&P 500 em dólar, o índice que conta com as 500 maiores empresas dos EUA listadas em Bolsa, acessível por meio corretoras, assim como fundos de investimentos e ações da Bolsa brasileira, que tem um perfil exportador como Vale, Suzano, Klabin, JBS, e Weg”, detalha Idean.
Para um investidor conservador se expor ao dólar através do Tesouro Americano, segundo o assessor, acaba sendo uma opção mais tranquila e segura, até por ser considerado o ativo mais seguro do mundo. “Para o investidor mais arrojado, uma opção seria comprar com parte da sua carteira um percentual de 5% a 10%, a depender do perfil de risco, no S&P 500, que compra as 500 maiores empresas dos EUA através de um único veículo. Assim, ele acompanharia a média do mercado americano e teria exposição em dólar de forma simples e arrojada, em linha com o seu perfil”.
E para entender os movimentos futuros do dólar, os investidores devem acompanhar alguns indicadores, como dados econômicos, geração de emprego e renda, Produto Interno Bruno (PIB) dos EUA e do Brasil, balança comercial e o fiscal local, que tem impactado a Selic e o dólar. Para Idean, enquanto o Brasil não melhorar sua questão fiscal, o dólar vai continuar girando em torno de R$ 6, que é a previsão do mercado para 2025.
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