Doença da urina preta: em protesto, vendedores de peixe do Guamá distribuem tambaqui assado
Em todo o Pará, pescadores, vendedores, donos de restaurantes e outras pessoas que trabalham com a comercialização de peixe têm reclamado da queda nas vendas de pescado
Impactados pela queda nas vendas provocada pelo medo do consumo de peixe, em razão da Doença de Haff, feirantes do mercado do Guamá, em Belém, realizaram uma manifestação, na manhã desta segunda-feira (20). Durante o ato, eles distribuíram tambaqui assado aos populares que passavam pelo local. Tambaqui é uma das espécies cujo consumo está associado à doença. "Tem alguém passando mal aí?", questionava um dos manifestantes, pelo microfone.
O comerciante Edilson Nery, de 50 anos, tem uma barraca na feira há pelo menos 20 anos. Ele fala sobre o objetivo do ato, que é chamar a atenção dos órgãos municipais e estaduais sobre as dificuldades enfrentadas pela classe. “A intenção é chamar atenção dos órgãos, da prefeitura, do governo, para darem alguma explicação sobre as ‘fake news’ que colocaram sobre os peixes, porque até agora não vi sair nenhuma nota comprovando que a doença veio do peixe e contaminou as pessoas. Nosso peixe é de ótima qualidade, é peixe vindo de cativeiro”, ressaltou.
Ainda de acordo com os vendedores da feira, a venda caiu de 80 a 90% e, atualmente, eles contam com poucos fregueses que ainda compram pela confiança nos trabalhadores. “Simplesmente sumiram os fregueses. Por isso nós assamos hoje mais de 100kg de peixe. A nossa manifestação foi a maneira que encontramos de chamar atenção, assando peixe e distribuindo para a população comer”, pontuou.
Outro comerciante dono de um dos mais de 30 boxes do local, Charles Melo, afirma que não vende nada há dias, e que no último sábado e domingo esperava que as vendas melhorassem, mas os clientes não apareceram. “Estamos assando os peixes que não conseguimos vender. A Secretaria de Economia não se manifestou, não estamos recebendo apoio. Estava certo fecharmos as vias, mas entramos em acordo para não prejudicar o ir e vir da população, por isso fizemos uma manifestação pacífica. Se a Sespa e a Vigilância tivessem se manifestado logo não estaríamos amargurando tantos prejuízos”, reclamou.
Em todo o Pará, pescadores, vendedores, donos de restaurantes e outras pessoas que trabalham com a comercialização de peixe têm reclamado da queda nas vendas de pescado. O motivo é o medo da doença de Haff, conhecida como “doença da urina preta”. Existem oito possíveis casos sendo investigados em território paraense - um dos pacientes morreu.
Estudos apontam a associação da doença com três espécies de peixes bastante consumidas na região: tambaqui, pacu e pirapitinga. A Adepará garantiu que peixes criados em cativeiro estão fora de riscos de transmitir a doença. Porém, pelos relatos dos vendedores, o medo afastou os clientes e mesmo peixes de outras espécies estão sendo evitados pelos consumidores.
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