Pará tem mais de 19 mil microempreendedores individuais na terceira idade
“Isso se reflete numa mudança positiva, na maneira como enxergamos o envelhecimento”, afirma gerente da Unidade de Relacionamento Empresarial do Sebrae/PA
A paraense Verangela Leal, 68 anos, viu no empreendedorismo uma oportunidade de recomeçar após passar pelo enfrentamento de um câncer de mama. Ela é engenheira civil e de segurança no trabalho por formação, mas precisou se aposentar antes do que pretendia devido ao tratamento oncológico. Com a mudança, Verangela passou a integrar o número de 19.703 microempreendedores individuais com mais de 60 anos no Pará, conforme apontam dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Pará (Sebrae/PA)
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A empreendedora conta que, apesar da debilitação física, a mente continuava ativa e notou, durante a pandemia de covid-19, a oportunidade de criar um negócio dentro do condomínio onde mora. Em um espaço de 14 metros quadrados, no qual o atendimento acontece de forma totalmente automatizada, a loja de Verangela disponibiliza mais de 900 itens para os clientes de 96 apartamentos que, segundo ela, já se adaptaram à tecnologia.
“Eu percebi que pelo fato de ser engenheira facilitou muito em desenvolver um projeto e otimizar o espaço que era necessário. Eu tenho mais de 900 produtos cadastrados nesse pequeno espaço, e atendo da criança ao idoso”, conta Verangela.
Os consumidores – que são os condôminos – podem acessar a loja por meio de biometria 24h por dia. No local, eles mesmos realizam o pagamento por meio de cartões de crédito, débito ou pix. “Os moradores são os protagonistas de suas próprias compras, não precisam de terceiros. Eles saem e pagam a hora que quiserem. Os idosos já estão acostumados a ver esses totens de pagamento no supermercado, então eles não sentiram muita dificuldade com relação a isso”, explica a empreendedora.
Busca por vida mais ativa está entre os objetivos de empreendedores
Verangela está inserida em uma categoria que tem aumentado no mercado paraense nos últimos anos, uma vez que o empreendedorismo tem sido um caminho buscado por muitos paraenses da terceira idade que buscam manter uma vida mais ativa, mesmo depois da aposentadoria, além de garantir uma renda extra.
De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Pará (Sebrae/PA), o Pará tem 19.703 Microempreendedores Individuais com mais de 60 anos, número que representa 5,98% do total MEI no estado, que é de 329.223.
Do total, 36% dos empreendedores na terceira idade do estado estão alocados no setor de serviços; 23% na agropecuária; 19% no comércio; 14% na indústria; e 8% na construção civil. Em todo Brasil, a área de trabalho com o maior número de idosos atuando é a área de serviços, com o mesmo índice do Pará (36%).
“Há um crescimento significativo do empreendedorismo entre as pessoas de terceira idade. Isso se reflete numa mudança positiva, na maneira como enxergamos o envelhecimento e a capacidade contínua que essas pessoas ainda dispõem de empregar força de trabalho, de gerar valor, independentemente da idade. A experiência adquirida ao longo da vida profissional é um dos maiores ativos que um empreendedor pode ter”, afirma Antônio Romero, gerente da Unidade de Relacionamento Empresarial do Sebrae/PA.
Antônio explica que algumas das principais características deste público são: conhecimento, experiência e redes de relacionamento, elementos essenciais para o sucesso de um empreendimento. “Em alguns casos, alguns têm estabilidade financeira, por já serem aposentados ou possuírem outra fonte de renda, e a disponibilidade de tempo. Mas também algo que está inserido nessa característica: a motivação”, destaca.
Ainda de acordo com o gerente do Sebrae/PA, uma das razões que os mantêm resilientes é o interesse em concretizar um desejo que, por diferentes razões, havia ficado para trás. “Isso é impulsionado pela busca de uma realização pessoal, de um sonho que ficou no segundo plano por conta de uma carreira, de atividade para a família e a adaptabilidade, ou seja, a pessoa consegue se adaptar às novas situações, a ter uma resiliência desenvolvida ao longo da vida”, complementa Antonio Romero.
O Sebrae/PA desenvolve atividades especializadas de apoio a esse grupo, como consultorias, cursos e programas específicos para atender às necessidades de cada MEI.
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