Comerciantes lembram dificuldades da pior fase da pandemia: ‘é preciso não desistir’

Considerado serviço essencial, comércio não parou no momento mais crítico da pandemia, e, no Dia do Comerciante, empreendedores falam de desafios vivenciados

Natália Mello
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Durante o momento mais crítico da pandemia da Covid-19, o comércio foi considerado serviço essencial, e foi o que garantiu que milhares de empreendedores de pequeno, médio e grande porte sobrevivessem na região metropolitana de Belém. Alguns destes trabalhadores falaram sobre os desafios enfrentados e resumiram a principal lição: “é preciso não desistir”.

Henrique Guimarães, de 67 anos, tem uma venda no conjunto Império Amazônico com a esposa, Aurileia Guimarães, de 64 anos, há quatro décadas. Ele conta que hoje o espaço recuperou cerca de 80% do faturamento de antes da chegada do coronavírus, e que a maior dificuldade logo no primeiro ano de pandemia foi manter os clientes e garantir a segurança, ao mesmo tempo.

“Nós continuamos atendendo como está hoje, na grade. Não permitimos que as pessoas entrassem por causa de problema de compatibilidade, de estar cobrando máscaras, essas coisas, para a gente não estar se aborrecendo e não aborrecer o cliente. Então a gente preferiu atender assim, e a gente conseguiu sobreviver”, diz. Sobre ainda estar em funcionamento, e ter retomado quase que a totalidade das atividades, ele conta: “foi preciso muito esforço, com muita luta”, pontua.

“Precisamos deixar de lado determinadas coisas, dar algumas aberturas, para facilitar a vida das pessoas, para que se mantivessem aqui com a gente no dia a dia. Porque aqui nós temos um espaço que é praticamente um uma cidade pequena, todo mundo conhece todo mundo, como se fosse uma cidadezinha do interior dentro de Belém. Então a gente teve que facilitar algumas coisas para as pessoas aqui. E essa foi a lição que nós tiramos dessa pandemia, a importância de facilitar a vida dos clientes mesmo”, finalizou.

Júnior Moraes tem 38 anos e também tem um pequeno negócio no Império Amazônico. Ele lembra a época da pandemia, e compartilha com Henrique a dificuldade de garantir que os clientes usassem a máscara, e também o abastecimento das mercadorias, já que em alguns momentos houve falta. No entanto, ele agradece o lado positivo do conjunto ter moradores que, praticamente, realizam todas as compras de casa nas proximidades.

“Por causa do ramo eu consegui funcionar. E por conta da facilidade, o pessoal evitava de pegar uber ou ônibus. Hoje em dia, o cliente já consegue entrar, fica mais tempo no comércio, procura outra coisa, enquanto na época mais grave da pandemia ele vinha, comprava só aquilo que ele tinha vindo comprar, rápido, e ia embora”, detalha. “Facilita a vida porque todo mundo mora aqui. Mas faltou muita coisa, mercadoria mesmo. Mas a lição que eu tiro é que eu não desisti. Começar todo dia como se fosse o primeiro e bola pra frente”, ressalta.

O atendente Márlio Medeiros, de 58 anos, trabalha em um supermercado no conjunto há sete anos, e diz que o faturamento, atualmente, voltou à normalidade. Mas foram momentos difíceis de relacionamento com o cliente, até mesmo de convencimento da gravidade do cenário, segundo ele.

“Tinham pessoas que não entendiam a gravidade da pandemia, até hoje tem uns que entendem. Mas o maior aprendizado é que cliente é igual relacionamento, a gente tem que estar sempre tentando entender tanto um lado como o outro. E a gente não pode ser tão radical nessa tarefa de relacionamento”, concluiu.

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