Com preço baixo, momento pode ser bom para investir em dólar

O ativo está rondando a casa dos R$ 4,6, mas não deve permanecer assim por conta das eleições

Elisa Vaz

A moeda americana tem ficado mais barata frente ao real, rondando a casa dos R$ 4,6, queda provocada, principalmente, pelos conflitos no leste europeu. Com a retração, muitos brasileiros têm visto no dólar uma oportunidade de investimento, já que especialistas dizem que este pode ser um bom momento para comprar a moeda – aproveitando enquanto dura o cenário de baixa.

Especialista no mercado financeiro e assessor de investimentos, Maurício Paiva explica que há um motivo para que o dólar tenha ficado mais barato. O primeiro é a taxa básica de juros, a Selic, que já vinha aumentando e atraindo capital estrangeiro para a Bolsa. Em segundo lugar, a guerra influenciou. “É normal os insumos ficarem caros, ter alguma inflação e as commodities valorizarem. E é nesse momento que o investidor estrangeiro procura aqueles países que têm uma economia forte em commodities. Esse é o nosso caso. O movimento de queda do dólar já vinha acontecendo de forma tímida, mas com a guerra se intensificou porque os investidores e os estrangeiros estavam procurando uma economia forte em commodities”, ressalta.

Com essa queda, ele acredita que pode ser um bom momento para investir em dólar, embora considere a moeda sempre uma “incógnita”. A sugestão dele é que o investidor esteja exposto em dólar assim como está exposto em real, para não “colocar todos os ovos na mesma cesta” e evitar riscos. Dependendo do tamanho da carteira do cliente, Maurício diz que existe, sim, a sugestão de ter parte “dolarizada”.

Segundo o assessor, o investidor pode se expor ao dólar de algumas formas. A primeira é comprar fundo cambial, em que o gestor compra dólar para o cliente. Em segundo lugar, ele pode se expor ao dólar e a um ativo no exterior procurando fundo de investimento no exterior. “Também vai estar dolarizado e aquele gestor não só vai trocar seu real por dólar como também vai investir lá fora. A terceira maneira é comprar ações internacionais, ações, principalmente, americanas aqui no Brasil, através das BDRs. Assim como você compra a Petrobras e a Vale, você pode comprar diretamente daqui do Brasil a Apple, Microsoft, Tesla, Netflix e também vai ter essa exposição ao dólar”, orienta o especialista.

Consumo de dólar é opção

Fora da parte de investimento e mais para o consumo, ele recomenda comprar dólar em espécie. O lado negativo é que pode ficar mais caro, porque a cotação não será próxima da cotação do dólar comercial, e sim do dólar turismo, que tem um preço mais alto – fora o IOF de 1,1%. Outra opção para o consumidor que busca dólar é ter uma conta no exterior. “Hoje, assim como você abre em vários bancos digitais sua conta de forma bem simples, no exterior também. As páginas são até em português, ficou bem mais fácil. Então, você poderia, sim, ter uma conta e você faz um câmbio, que também hoje nos aplicativos está super fácil de enviar a partir da sua conta aqui no Brasil. O banco parceiro faz esse câmbio e joga em dólar na sua conta lá no exterior”. Isso também é uma possibilidade, para ele.

Embora algumas pessoas achem que comprar dólar em espécie é mais palpável e confortável, caso o consumidor esteja fazendo essa compra para uma viagem futura, em seis meses ou um ano, Maurício não recomenda. O ideal, de acordo com ele, é ter uma conta no exterior. Dessa forma, o consumidor envia a quantia para a conta, deixa investido de alguma forma e ainda conserva o valor em dólar, dinheiro que ficará rendendo em dólar e poderá ser incrementado todo mês.

Ao chegar a data da viagem, o assessor indica que o cliente resgate e faça o consumo em um cartão de débito. Maurício ressalta que não recomenda o gasto em cartão de crédito ou débito brasileiro, porque será taxado em uma cotação de dólar extremamente alta, cerca de R$ 0,3 ou R$ 0,4 acima do dólar comercial. “Quem dá o preço é o seu banco emissor do cartão. Já é caro o dólar que você vai passar ali e você ainda vai ter um IOF de 6,38% em cima disso. Então, essa é a forma mais ineficiente de ter gasto no exterior em alguma viagem. Depois seria o dinheiro em espécie, que também é caro. Acho que o mais barato mesmo seria ter uma continha lá, vai mandando aos poucos que assim você consegue uma taxa de cotação de dólar melhor”, indica ele.

Investidor lucra com dólar

Operador no mercado financeiro, Valter Hugo Fachinetti, de 40 anos, trabalha com “day trade”, em que são executadas operações de compra e venda da moeda americana em um curto espaço de tempo e, a partir de análises pré-estabelecidas, são definidos alvos a serem atingidos conforme o mercado vai se movimentando. Segundo ele, operar com o dólar dessa forma é um jeito de ter mais lucro, desde que a pessoa saiba o que está fazendo e esteja capacitada para isso.

Segundo Valter, com a queda no preço da moeda americana, é um bom momento para investir no mercado de dólar. “A desvalorização da moeda está muito em função de fatores externos e não necessariamente de uma recuperação da nossa economia, logo, esse é o momento de comprar dólar ‘barato’ pensando na venda do ativo a curto e médio prazo. Não podemos esquecer que no segundo semestre teremos eleições presidenciais e o mercado, historicamente falando, não reage tão bem e isso traz uma valorização da moeda americana frente à nossa”, opina.

Com o cenário econômico atual, tanto externo quanto interno, Valter diz que a volatilidade da moeda americana está muito alta. Isso quer dizer que o preço do ativo está em grande movimento, seja na valorização ou na desvalorização. Para um trader, esse é o “melhor dos mundos”, pois é possível ser lucrativo tanto na compra  (valorização) quanto na venda (desvalorização) do ativo.

Para se tornar um operador no mercado por meio do day trade, primeiro é preciso entender que a Bolsa de Valores brasileira não é caixa eletrônico, diz Valter. “Ele deve ter a consciência de que apenas assistindo vídeos no YouTube ele não se tornará um trader de sucesso. Trader é uma das profissões mais rentáveis do mercado, porém, exige muito estudo, disciplina, dedicação e comprometimento. Minha sugestão é que procure por empresas que forneçam treinamentos em Belém, de preferência que garantam um suporte adequado às suas necessidades e possa seguir ao seu lado durante a construção da sua jornada de sucesso. Sempre digo que o mercado financeiro é para todos, mas nem todos são para o mercado financeiro”, avalia.

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