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Cancelamento do Círio vai afetar empresas de hospedagem e alimentação

Representantes calculam queda quase total no índice de reservas para o período em Belém

Keila Ferreira

Os setores de hospedagem e alimentação fora do lar, já bastante impactados com as restrições impostas em razão dos riscos de infecção do novo coronavírus, serão atingidos em cheio com o cancelamento das procissões do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará (SHRBS-PA), calcula que a pandemia de covid-19 provocou uma queda praticamente total no índice de reservas para o turismo de lazer e uma baixa de 75% na ocupação de leitos para o turismo de negócios (carro-chefe da hospedagem em Belém).

Historicamente a melhor época do ano para as empresas de meios de hospedagem (hotéis, motéis, hostels, pousadas, etc) na capital paraense, a temporada do Círio gerou 60% reservas confirmadas, em agosto de 2018. Em agosto do ano passado, 41% do total de leitos disponíveis já estavam reservados para o período de Círio. Segundo o Sindicato, vinha sendo observada uma mudança no comportamento dos hóspedes nos últimos três anos, com as pessoas deixando para confirmar a reserva numa data mais próxima da festividade, como tentativa de negociar descontos nos pacotes oferecidos pelos meios de hospedagem. Até maio deste ano, 8% dos leitos disponíveis nos meios de hospedagem associados ao SHRBS-PA estavam reservados para o segundo domingo de outubro, porém, os cancelamentos começaram a ser feitos.

“Geralmente, as pessoas vêm para o Círio em um ano e já fazem a reserva para o ano seguinte. Todas as reservas que tinham sido feitas, estão sendo canceladas”, declarou Fernando Soares, assessor jurídico do SHRBS-PA. Segundo ele, os efeitos da pandemia têm sido enormes em Belém, que conta com cerca de 12 mil leitos. Atualmente, pelo menos 10 estabelecimentos não estão operando, por falta de hóspedes. “Pelo que a gente tem visto e ouvido de vários associados, sem Círio, vai ter o fechamento de várias empresas, inclusive de empresas de pequeno porte. Até a pessoa que vive da informalidade, que vende comida na rua, porque ninguém sai. A sequela é muito grande”, ressalta Fernando.

Os trabalhadores do ramo também estão com seus empregos em risco. “Evidente que (a empresa) vai ter que fazer corte, e com isso tem demissões. A gente acredita que é inevitável. Assim que acabar os benefícios do Governo Federal (medidas provisórias que possibilitaram flexibilização das regras trabalhistas), se não houver uma abertura maior, vai ser inevitável (demissão)”.

Segundo o SHRBS-PA, os empresários do setor tentam negociar a remarcação das reservas para outras datas ou até mesmo para o Círio do ano de 2021. No entanto, devido ao cenário de incertezas, a maioria dos hóspedes tem optado pelo cancelamento.

Proprietário de um hotel na capital paraense, Antônio Sampaio Neto, acredita que, mesmo com as mudanças, muitas pessoas virão para o dia do Círio e farão o mesmo percurso em oração, em razão de promessas feitas e devoção a Nossa Senhora de Nazaré,

“O Círio é algo inerente a cada pessoa, e ninguém vai impedir essa caminhada com Maria da catedral da Sé até a Basílica. Creio que isso vai acontecer de forma inusitada e  linda!”, avalia. Mesmo assim, ele reconhece o impacto que a decisão traz ao setor. “O prejuízo vai ser grande, eles demoraram muito a anunciar o cancelamento”, declarou o empresário, que prefere aguardar mais um pouco para avaliar os efeitos. “O que estamos ouvindo é que muita gente irá fazer o percurso em oração no mesmo horário do Círio”.

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Economia
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