Belém registra inflação de 0,18% em agosto
Reajuste dos alugueis puxa alta dos preços na capital. Na contramão, combustíveis e comunicação continuam em baixa
Os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a taxa oficial da inflação do país pesquisada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o Brasil teve o segundo mês consecutivo de deflação, com queda de 0,36% no mês de agosto. No entanto, em Belém o resultado foi de alta de 0,18% em relação a julho, contrariando a tendência nacional.
No mês anterior, a capital paraense havia registrado uma taxa expressiva de deflação de 1,29%, maior do que o índice brasileiro que ficou em -0,68% naquele período. Apesar disso, Belém teve a terceiro mês com menor variação no período de um ano, ficando atrás dos meses de julho de 2022 e de novembro de 2021, quando houve uma queda de 0,03%.
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Segundo o estudo divulgado nesta sexta-feira (9) pelo IBGE, a razão para a inflação se deve ao fato de que sete dos nove grupos pesquisados tiveram variação positiva nos preços. Os setores com alta na Região Metropolitana de Belém foram: Habitação (3,14%), Vestuário (2,30%), Saúde e Cuidados Pessoais (1,88%), Educação (1,27%), Despesas Pessoais (0,84%), Alimentação e Bebidas (0,39%) e Artigos de Residência (0,30%). Enquanto isso, Transportes e Comunicação registraram quedas de 4,32% e 1,40%, respectivamente.
Queda nos preços é resultado de decreto estadual
Para Nélio Bordalo, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia dos Estados do Pará e Amapá (Corecon PA/AP), o recuo nos preços em alguns segmentos é resultado do decreto estadual que reduziu as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis e telecomunicações.
“Essa tendência de queda, ou mesmo de estabilização, pode ocorrer a médio prazo, em função da manutenção do ICMS reduzido. Isso pode ser alterado, com a elevação de preços do petróleo no mercado internacional, que refletirá em aumento de preços dos combustíveis no mercado brasileiro”, avalia
Por outro lado, de acordo com Jacy Colares, vice-presidente de compra e venda de imóveis do Sindicato da Habitação (Sindcon/Secovi-PA), a variação de preços observadas no setor se deve ao reajuste anual dos alugueis que ainda está sendo implementado pelas imobiliárias e proprietários. “Em geral, temos recomendado reajustes de 12,5% a até 13%, mas em muitos casos fica abaixo disso, na faixa de 10%, levando em conta o momento econômico que passamos no país. No final das contas, o que prevalece é sempre a negociação entre os proprietários e os locatários”, afirma.
Com o resultado de agosto, o IPCA acumulado nos últimos doze meses na Grande Belém está em 6,56% e de 3,84% neste ano. No Brasil, o índice está em alta de 4,39% no ano e de 8,73% nos últimos 12 meses. Nélio Bordalo explica que essa diferença na tendência de preços a nível local e nacional é histórica e tem grande influência dos custos de frete entre o Pará e os principais centros fornecedores de produtos industrializados e hortifrúti, por exemplo
“Em todo caso, não descarto redução de preços por outras situações favoráveis, tais como: melhor safra para produtos do agronegócio, redução mais acentuada no preço dos combustíveis e melhores negociações entre compradores locais e fornecedores e industrias de outras regiões do Brasil”, analisa Bordalo.
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