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Alimentação fica mais cara em Belém e consumidores substituem produtos

Os maiores reajustes em um ano foram nos preços do café, açúcar, tomate, manteiga e carne bovina

Elisa Vaz

O custo da alimentação dos belenenses tem ficado cada vez mais alto. Um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que, em janeiro, a cesta básica comercializada em Belém ficou 1,27% mais cara se comparada a dezembro, a 12ª capital no ranking. Ela passou a custar R$ 563,97, com um impacto de quase metade do novo salário mínimo, no valor de R$ 1.212, em vigor desde 1º de janeiro deste ano. No entanto, para uma família padrão, composta por dois adultos e duas crianças, o gasto necessário seria de R$ 1.691,91.

A pesquisa aponta que os alimentos que mais ficaram caros em janeiro foram o óleo de cozinha (5,99%), banana (5,34%), café (5,29%), açúcar (3,74%), tomate (2,15%), pão (1,44%) e carne bovina (0,98%). Por outro lado, ficaram mais baratos o feijão (-3,51%), seguido da farinha de mandioca (-2,21%), arroz (-1,61%) e leite (-0,9%).

Já em relação aos últimos doze meses, o estudo mostra que o reajuste geral foi ainda maior, de 11,17%, com destaque para o café (76,33%), açúcar (50,41%), tomate (25,55%), manteiga (10,84%), carne bovina (10,59%), banana (9,66%), pão (8,92%), óleo de cozinha (7,05%) e leite (3,96%). Na outra ponta, houve quedas de preços nos seguintes produtos: feijão (-14,34%) e arroz (-2,39%).

Economista, o supervisor técnico Roberto Sena explica na pesquisa que, com base no maior custo apurado para a cesta básica nacional e levando em consideração o preceito Constitucional, que estabelece que o salário mínimo deva ser suficiente para alimentar o trabalhador e sua família, suprindo suas necessidades com alimentação, educação, moradia, saúde, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o valor necessário para atender a uma família deveria ter sido, em janeiro, de R$ 5.997,14. “Este valor é cerca de 4,95 vezes maior que o novo salário mínimo de R$ 1.212”, destaca.

Em um dos supermercados da capital paraense, o gerente de setor Wanderley Nascimento afirma que a alta foi notada no estabelecimento e já foi repassada aos consumidores. “Os alimentos ficaram mais caros esse ano. Agora, recentemente, os três itens que ficaram mais caros na cesta básica foram o café, açúcar e o óleo. As pessoas ainda procuram o café com sua preferência de qualidade, mas o óleo e o açúcar acabam indo pelo preço mais em conta”, comenta.

Consumidora busca economia

A advogada Rafaela Monteiro, de 32 anos, já notou que tudo está mais caro e tenta economizar da melhor forma possível. Uma das altas mais notadas por ela foi no preço do café, especialmente nos últimos dois meses. Em sua casa, a quantidade que era normalmente consumida era três quilos, e agora a consumidora optou por comprar apenas um quilo e utilizar outros produtos para compensar.

“Tava R$ 30, aproximadamente, eu acho um absurdo. A gente já usava outros itens em casa, como o chá, que já fazia parte do meu consumo, do meu pai; a minha irmã quando vai lá em casa também toma achocolatado, aquele cacau, que também já tinha. Então falei: vamos consumir o que temos pra não ficar comprando mais. Porque era uma quantidade de café, de polpa de suco, de chá, de chocolate, e no final do mês nada daquilo estava sendo utilizado e se concentrava no café, então era um gasto sem necessidade todo mês”, conta. O objetivo da consumidora é diminuir ainda mais a compra do café, porque, para ela, em breve o café será um “artigo de luxo”.

O preço da manteiga e do pão com reajuste também foi notado pela advogada. No caso do primeiro item, ela opta pela marca mais barata e faz pesquisas em vários supermercados, mas ainda mantém a qualidade, porque a família não consome margarina. Todos os meses, segundo ela, a marca varia, porque há uma mudança constante de preços. E muitas vezes Rafaela precisa comprar parte dos itens em uma empresa e o restante em outra.
“Eu já sei que preciso ficar fazendo esse tipo de pesquisa porque, se não, a gente acaba saindo no prejuízo, porque eles diminuem o preço de alguns produtos e compensam em outros. Então, você vai ver e a manteiga tá mais barata mas o arroz ficou mais caro, não tem vantagem. É melhor comprar em vários mercados”, opina. Quanto ao pão, a consumidora percebeu que, se comprasse o alimento todos os dias, geraria uma despesa de R$ 300 por mês. Então, a família passou a substituir por outras refeições em certos dias, como tapioca, e a reutilizar o pão fazendo torrada. Outra opção encontrada por Rafaela foi produzir certos alimentos em casa, como biscoito ou bolo, que pesam menos no orçamento mensal.

Em relação à carne, com o aumento de preços, a advogada passou a ter uma alimentação mais vegetal, com receitas diferentes, mas que não chegam a ser vegetarianas. Ela também opta por comprar o item no açougue e não no supermercado, para economizar. Trocar a carne bovina por frango também tem sido uma solução, complementada com as saladas.

“A cesta básica pronta no supermercado acaba sendo um pouco mais salgada de preço. Então eu passei a montar de acordo com o produto, já não coloco carne, coloco soja, até mesmo peito de frango, a gente vai substituindo, né? E o que rende muito também é aquela farinha de quibe”, comenta a consumidora.

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Economia
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