Alimentação do Círio fica mais cara na Grande Belém
Nas feiras da capital, o destaque é o pato vivo, que teve um reajuste de 10% em relação ao ano passado
Os custos com alimentação durante o período do Círio de Nazaré serão mais altos que o registrado normalmente, segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O estudo mostra que houve alta nos preços dos principais produtos e ingredientes para o tradicional almoço do Círio, vendidos nos supermercados e feiras de Belém.
Entre os alimentos que estão mais caros, o destaque é o pato, que já apresentou reajuste na última semana. Os patos vivos, com peso entre 2,5 e 3,5 quilos, são vendidos nas feiras a uma média de R$ 80 a R$ 100, dependendo do local, com alta aproximada de 10% em relação ao Círio do ano passado. As aves vêm de municípios como Castanhal, Região das Ilhas, Barcarena, Abaetetuba, Capanema, Bragança, Benevides e Santa Isabel.
Já os patos congelados, vendidos nos supermercados, estão custando de R$ 16,35 a R$ 18,29 o quilo. “Mesmo sendo uma comida tradicional dos paraenses, principalmente no Círio, o pato ainda tem uma produção local muito pequena. Os congelados geralmente respondem por mais da metade do consumo nessa época. É possível que, com os preços altos e a diminuição no número de patos vivos nas feiras, haja um crescimento ainda maior na participação dos congelados este ano”, explica o supervisor técnico do Dieese, economista Roberto Sena.
Ainda de acordo com a pesquisa, a maniçoba também deve ficar mais cara do que no Círio do ano passado, motivado pelas altas expressivas nos principais ingredientes utilizados no seu preparo, como a maniva e a carne suína. Em vários locais, o prato custa R$ 15. Já o maço do jambu varia entre R$ 1,50 e R$ 3, e o pernil suíno pode ser encontrado nos supermercados da Grande Belém custando entre R$ 14,90 e R$ 16,90. O peru, por sua vez, é vendido a uma média de R$ 14,17 a R$ 15,98.
Outro produto que apresentou alta no estudo foi o frango, com reajuste entre 10 e 20%. O resfriado, por exemplo, está sendo comercializado, em média, a R$ 7,96 por quilo, enquanto o congelado é vendido a R$ 7,63 ou a R$ 7,90. Por último, o tucupi teve alta de 20% - a garrafa de dois litros custa cerca de R$ 5 a R$ 12, dependendo do local.
Em uma das feiras de Belém, o vendedor Daniel Oliveira, de 31 anos, diz que houve alta em 95% dos produtos. O tucupi concentrado é vendido a R$ 7,50, contra os R$ 5 do ano passado. Já o tucupi normal permaneceu com o mesmo valor, de R$ 4. A maniva pré-cozida custava R$ 5 e agora é vendida por R$ 6, enquanto o jambu pré-cozido passou de R$ 20 para R$ 25. O pato, que era vendido por R$ 32, agora custa R$ 35.
“Poucas coisas continuam com os mesmos preços, porque aumentou no fornecedor. Alguns produtores rurais não estão mais vindo trazer mercadoria, porque estão recebendo o auxílio e ganhando dinheiro com isso. Como diminuiu o número de produtores, os valores subiram”, explica. Daniel ainda conta que tentou segurar os preços antigos, já que a banca de sua família está no mercado há 30 anos e tem fregueses fixos, mas precisou renovar os preços para não sair no prejuízo.
Mesmo com as mudanças, o feirante afirma que os consumidores estão buscando os alimentos, só que em menor quantidade em comparação com os anos anteriores. “Aumentou a procura em relação aos outros meses, mas no ano passado foi maior. Os clientes pesquisam os preços antes, mas sabem que em todo lugar está igual, então não reclamam”. Com a fé do Círio de Nazaré, segundo ele, Daniel tem esperança de que as vendas cresçam até a data religiosa.
Já nos supermercados, o comportamento não é necessariamente o mesmo. Segundo o presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), Jorge Portugal, as lojas não aumentaram os preços de todos os produtos tradicionais. O pato e a maniva, por exemplo, estão mais baratos que no ano passado. "Está relativamente normal, só alguns ingredientes dos pratos tradicionais que ficaram mais caros, como charque e carne suína, mas como não vai haver Círio, as vendas serão bem menores, porque as pessoas não vêm de fora. Não se pode ter muito reajuste", comenta.
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