Alimentação básica, em Belém, teve alta de 5% no primeiro trimestre do ano
Óleo de cozinha e banana foram os produtos que ficaram mais caros, entre janeiro e março
As reclamações da população sobre o preço dos alimentos nas feiras e supermercados foram respaldadas nesta semana por dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em Belém, de acordo com o órgão de pesquisa, a alimentação básica fechou o primeiro trimestre (janeiro, fevereiro e março) com alta acumulada de 5,21%, o que significa aumento acima da inflação estimada para o período, que foi de 2%. Apenas em março, em comparação com fevereiro, a alta foi de 2%.
A cesta básica na capital paraense, também em março, custou R$ 586,00. O Dieese destaca que o montante é mais que a metade do salário mínimo atual, de R$ 1.212,00. “Para comprar os 12 itens básicos da Cesta, o trabalhador paraense comprometeu 52,26% do atual Salário Mínimo de R$ 1.212,00, e teve que trabalhar 106 horas e 21 minutos das 220 horas previstas em Lei”, demarca o Departamento.
Dentre os produtos que tiveram alta mais significativa no primeiro trimestre, foram destaque o óleo de cozinha, que apresentou alta acumulada de 9,42%; banana, que encareceu 9,28%; tomate (9%); açúcar (8,41%); café (7,47%); feijão (6,25%); carne bovina (4,81%); pão com alta (3,05%); Leite (1,62%), e manteiga (1,13%). Poucos alimentos ficaram mais baratos, como a farinha de mandioca, que teve recuo de 0,83%, e arroz, que teve queda de 0,20% no valor.
Das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese, em março, São Paulo foi a que registrou o maior valor da alimentação básica, com o custo de R$ 761,19. Em seguida, Rio de Janeiro apresenta o maior valor, com o preço de R$ 750,71. Florianópolis, em terceiro lugar, comercializou a cesta básica no valor de R$ 745,47.
Belém ficou entre as 12 capitais mais caras do país, no levantamento do Dieese. “Também no mês de março de 2022, os menores valores médios da cesta básica foram observados em Aracaju com o custo de R$ 524,99, seguido de Salvador com o custo de R$ 560,39 e de Recife com o custo de R$ 561,57. Em termos de variação, neste mês de março, entre as 17 capitais pesquisadas pelo Dieese, as maiores elevações de preços ocorreram no Rio de Janeiro com alta de 7,65%, seguida de Curitiba com alta de 7,46% e de São Paulo com alta de 6,36%”, completa o Departamento.
Ainda em março, a inflação registrou alta de 0,95%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a variação é a maior taxa para o período desde 2015. De acordo com o órgão, alguns dos motivos foram a carestia de alimentos, após quedas de produção em decorrência de mudanças climáticas no início do ano, efeitos iniciais da guerra entre Ucrânia e Rússia,
A economista Guaraciaba Sarmento explica que a alta do dólar atinge o preço de insumos, que são importados para a produção de alimentos, e os combustíveis. “Os aumentos de gasolina e Diesel acabam repercutindo também na formação do preço final dos alimentos. O preço do frete é um custo importante para o escoamento da produção. E tivemos ainda, em função da alta do dólar, uma produção voltada para abastecer o mercado externo. Então o agronegócio, ao exportar mais, acabou impactando os preços do nosso mercado”, afirma.
Para a servidora pública e líder comunitária Rosiris Mendes, do bairro da Pedreira, o aumento de preço dos alimentos parece ter sido “ainda maior que 5%”, como informa o levantamento do Dieese. “Todos os dias os preços aumentam, dos mais diferentes produtos. É muito triste a gente constatar que isso acontece também em um momento em que o desemprego está muito grande”, diz a funcionária pública.
De acordo com Rosiris, o aumento do preço do leite foi uma das variações que mais causou impacto nos gastos cotidianos. “Antes da pandemia, a gente comprava o pacote de leite a R$ 18. Agora estamos comprando a R$ 32 o quilo do leite. Toda vez que o meu marido vai fazer as compras volta espantado. O aumento dos alimentos influencia totalmente a vida das pessoas”, completa.
Sugestão de infográfico
Produto ---------- Aumentos de janeiro a março
Óleo --------------- 9,42%
Banana ----------- 9,28%
Tomate ----------- 9,00%
Açúcar------------ 8,41%
Café---------------- 7,47%
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