Um pouquinho de Gal nos artistas da nova geração

A Redação Integrada de O Liberal conversou com jovens artistas que carregam Gal em suas trajetórias

Bruna Lima
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Transgressora e dona de si, Gal Costa deixa marcas profundas na música do Brasil, não apenas pela sua voz, mas pela forma com que sempre se colocou diante da arte e da vida. Com milhares de discípulos espalhados em todo canto, a reportagem de O Liberal conversou com artistas paraenses que têm esse elo de admiração pela artista baiana e que tiveram a oportunidade de trocar mais do que elogios de fãs com ela.

A cantora paraense Liège, que atualmente mora em São Paulo, está no time de artistas que dedicou um momento da carreira para homenagear Gal Costa. Em 2016, a artista lançou o EP, "Filho de Gal" com a música "Homônima" em homenagem à Gal Costa.

No ano seguinte, em 2017, o MPB Festival Belém convidou Liège para abrir o show da baiana, onde entre as músicas do repertório cantou a que fez em homenagem a sua ídola. Inspirada no contexto musical e social da artista, Liège destaca que se sente honrada em ter tido a oportunidade de uma troca e de preciosos momentos de "olho no olho" com a musa baiana.

"Estou triste e abalada, mas também me sinto feliz por ter tido a oportunidade de entregar um EP feito a mão, super simples, cheguei a pedir desculpas e ela foi carinhosa, olhou no meu olho, segurou na minha mão. Pude falar com a voz embargada o quanto ela era essencial e importante. Ela disse que isso não tinha preço. Então, isso já valeu tudo. Lógico que queria muito mais, mas guardo isso como um amuleto", recorda Liège.

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Toda essa influência que toca Liège começou ainda quando criança, pois seus pais escutavam Gal Costa e a figura da artista acabou fazendo parte da memória de infância. "A minha mãe também canta e Gal estava sempre em seu repertório. Eu e meu irmão sempre acompanhamos isso, inclusive, ele é colecionador e tem várias obras dela. Essa influência é muito forte na nossa vida", acrescenta Liège.

É a mesma presença que fez com que o paraense Arthur Nogueira também fizesse uma música para Gal Costa, cantora preferida de seu pai e que ele se acostumou a ouvir desde criança nos antigos LP's, sem imaginar que um dia poderia chegar perto dela e, muito menos, ter uma de suas músicas gravadas pela cantora.

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"Ela primeiro ouviu a minha voz e depois me conheceu. Isso tudo aconteceu por meio da música que eu e o Antônio Cicero fizemos especialmente a ela, 'sem medo e sem esperança'. Ela ouviu e disse ter ficado com o solhos marejados. Fui até o camarim dela no show Recanto, em São Paulo. Foi como um sonho. Eu tenho muito orgulho de ter essa página feliz na minha história, de ter celebrado os 70 anos de uma das maiores cantoras do Brasil. A Gal sempre cantou o presente. Ela é uma musa de qualquer estação. Ela sempre vai cantar para nós e sobre nós", diz Arthur.

O paraense acrescenta também que Gal é um espelho do Brasil moderno. "Ela é mais que uma mulher que esteve à frente do seu tempo. Ela foi o próprio tempo. Em cada época, ela deu voz às pessoas que se identificavam com ela. Uma voz de liberdade, de coragem, de pura beleza. Creio que seja esse o seu maior legado. Fazer de sua voz um abraço para quem sonha com um Brasil mais diverso, mais profundo, mais feliz", reflete o artista.

Em 2019, a equipe do Festival Se Rasgum tece o privilégio de ter a artista como uma das atrações. Para Marcelo Damaso, um dos idealizadores do festival, foi emocionante, pois ele diz que Gal Costa abriu caminhos para que muitos outros "medalhões" da música também circulasse em festivais independentes. 

"Isso se deve muito ao produtor e amigo dela, Marcos Preto, que a colocou nesse circuito. E isso é muito bom, pois um público mais jovem tem a oportunidade de estar diante de grandes nomes da música brasileira. A Gal Costa foi o primeiro nome da MPB que começou a circular nesses festivais. E saber da partida dela nesse momento de retomada do Se Rasgum é muito triste", desabafa Damaso.

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