Quadrilhas juninas ensaiam últimos ajustes para o São João 2023; vídeo

Quadrilhas mudam a vida da juventude nos bairros da Região Metropolitana de Belém

Vito Gemaque

As quadrilhas juninas fazem os últimos preparativos antes de começar as apresentações do São João de 2023. Pelos vários bairros de Belém e Ananindeua, vários grupos ensaiam incansavelmente nas ruas, em quadras ou colégios com o intuito de conquistar público, jurados nos concursos que se avizinham e a própria autoestima. As primeiras apresentações públicas iniciam já neste final de semana dando o ritmo de um junho agitado. A Mandacaru - uma das quatro quadrilhas de Águas Lindas, em Ananindeua – está na expectativa para entrar nos arraiais.

A Mandacaru é um dos vários grupos que se apresentarão no Pré-São João do Shopping Metrópole, dia 2 de junho. O presidente do grupo Aluízio Furtado, de 42 anos, organiza os ensaios, os brincantes e a fabricação das roupas. Antes das apresentações, ele já estava tomado pela emoção. “Não tenho como explicar meu sentimento. Quando a quadrilha entra, a gente já se derrama em choro. Acabou esse ano e já inicia uma outra etapa para o próximo ano. Quando terminou no ano passado já começamos a trabalhar”, contou. “Quando a gente faz aquilo com amor é diferente. É diferenciado. Graças a Deus a Mandacaru está aí de novo”, complementou.

Quadrilha Mandacaru

A Mandacaru vem neste ano com o tema “Sonho Dourado”. A luta para conseguir deixar tudo pronto não é fácil. Os custos chegam a R$ 30 mil. Para angariar esses recursos, os brincantes realizam atividades durante todo o ano como rifas, bingos, sorteios, vendas e passeios. A Mandacaru com dez anos de história está retomando os trabalhos após as dificuldades da pandemia. Neste ano, eles conseguiram aumentar o número de casais de 16 para 18.

No ensaio na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Erotildes Frota Aguiar, um dos cavalheiros dedicados aos passos é o jovem auxiliar administrativo Alex Correia, de 22 anos, que participa desde o início da Mandacaru. A quadrilha para o rapaz é uma paixão desde criança. “Quando retornou a gente passou por um período de pandemia difícil sem o São João e ano passado quando voltou foi uma emoção muito grande. O São João todos os anos é gratificante e emocionante”, enfatiza.

image Jovens se animam com a quadrilha Mandacaru. (Cláudio Pinheiro / O Liberal)

Durante o mês de maio, os brincantes acertam os últimos passos para não errar nas apresentações. Juliana Silva, estudante de educação física, de 23 anos, já foi candidata a Miss Mulata, Missa Caipira e, pela primeira vez, vem como Miss Simpatia. Desde criança, ela dança nos grupos de São João e há dois anos a jovem está na quadrilha de Águas Lindas. “É uma coisa muito intensa. É uma coisa apaixonante para a gente. A gente ensaia, se dedica para quando for na hora da quadra, a gente possa dar o nosso melhor”, detalha.

Mais importante do que os prêmios ou os concursos, as quadrilhas propiciam mudanças na vida dos participantes com a melhora da autoestima e da sociabilidade. Graças ao envolvimento com a dança de São João na Mandacaru, a designer de sobrancelhas Alice Emanuele, de 20 anos, mudou de vida. “Eu não fazia nada e estava muito triste. Quando entrei na quadrilha foi uma coisa diferente. Aqui é onde a gente esquece os nossos problemas. A gente deixa os problemas para trás, se diverte e faz o São João”, revelou. “A minha segunda família é aqui”, assegura.

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