30 anos sem Tom Jobim: Relembre a carreira o maestro do Brasil

No mosaico de situações narradas na icônica canção "Águas de Março", poderia muito bem ser incluída a saudade por Tom Jobim. Afinal, a vida e obra do maestro continuam vivas na cultura nacional, mesmo 30 anos após sua morte, completados neste domingo, 8 de dezembro. Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, falecido em 1994 nos Estados Unidos, aos 67 anos, vítima de uma parada cardíaca, deixou um legado eterno que transcendeu fronteiras.

Esse legado é celebrado não apenas pelos brasileiros, mas por artistas do mundo todo. Obras como "Garota de Ipanema", "Desafinado", "Wave" e "Chega de Saudade" são exemplos do gênio criativo de Tom, que brilhou ao lado de parceiros como Vinícius de Moraes, Chico Buarque e Billy Blanco. A música de Tom ganhou interpretações de nomes consagrados como Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia, Ella Fitzgerald e Frank Sinatra, reafirmando sua relevância mundial.

Tom Jobim e o parceiro Vinícius de Moraes: música de altíssima qualidade (Foto: autor desconhecido / Instituto Tom Jobim)

O maestro no coração paraense

A cantora paraense Leila Pinheiro teve a honra de conhecer Tom Jobim pessoalmente. "Em 1982 fui à casa do Tom, (levada pelo produtor do meu primeiro álbum), para pedir uma música inédita. Pessoa simples e generosa, abriu a porta pra nós, ele mesmo, e foi direto para o piano. Já sabia que eu era paraense, que estava iniciando minha carreira e me presenteou com 'Espelho das Águas', música e letra dele. E aceitou meu convite para me acompanhar ao piano neste primeiro álbum. Foi um dos melhores presentes que a vida me deu", conta.

O carinho de Tom por Leila era evidente: "Olá, Paraense! Vamos gravar juntos, Paraense!", dizia ele, segundo a cantora. Além de "Espelho das Águas", outros momentos marcaram essa parceria, como a gravação de "Falando de Amor" para um especial de TV e a interpretação de "Valsa Brasileira" para o Songbook de Edu Lobo.

Leila destaca a influência de Tom em sua trajetória: "Ele é a base da música que faço. Me formou como pessoa e como artista. Além da música, Tom me ensinou a amar a natureza, os animais, a floresta, cantados fartamente em sua obra. Ouvindo o piano do Tom entendi para sempre que o menos é mais".

Um gênio de alma gentil

Fafá de Belém também mantém vivas as memórias de sua amizade com Tom Jobim. "Eu coloco nessa lista Jorge Amado, Zélia Gattai, Vinícius de Moraes e Tom Jobim. O Tom era uma figura que levitava, era um gênio absoluto", relembra.

A cantora paraense não esconde a gratidão por momentos em que o maestro a apoiou em situações difíceis: "No momento em que fui muito perseguida logo depois da campanha das Diretas, o maestro Tom Jobim foi a única pessoa que levantou para me defender".

Para Fafá, o maestro era mais que um músico: "Ele, Tom Jobim, faz muita falta, porque era aquele gênio absolutamente gentil, sinceramente gentil. Tom e a obra são uma coisa só".

Tom e Fafá em 1991 Cantora e maestro se tornaram amigos a partir da música (Foto: Luis Tripoli)

A influência de Tom na música paraense

Lucinnha Bastos, outra artista paraense, reforça a importância de Tom Jobim para a música. "Tom Jobim é uma enciclopédia musical para todo músico, todo artista. Um cara que era de uma inteligência à frente do seu tempo, que conseguia misturar elementos da música popular e da música clássica. Ele internacionalizou a música brasileira".

A cantora destaca "Tereza da Praia", composta por Tom em parceria com o paraense Billy Blanco, como uma das obras que mais marcaram sua carreira.

Legado Vivo

Mesmo após três décadas de sua partida, Tom Jobim permanece como um dos maiores ícones da música brasileira, admirado e celebrado por sua genialidade. Sua obra continua a encantar gerações, reafirmando o status de "Maestro Soberano" e sua eterna relevância na cultura mundial.