Morte de Karen Tavares: sambista paraense deixa legado de amor à música e às pessoas

Artista paraense falecida no último sábado (29) se consagrou com o álbum "Mandou Chamar"

Vito Gemaque
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A cantora paraense Karen Tavares, que faleceu no último sábado (29), deixa como o grande legado o amor à música e às pessoas. A sambista lançou o primeiro álbum “Mandou Chamar”, no ano passado, e venceu como Melhor Álbum de MPB do I Prêmio Amazônia de Música Edição Pará realizado em junho no Theatro da Paz. Para os artistas e amigos, Karen estará para sempre marcada na história da música paraense com sua originalidade e verdade.

A cantora paraense lutava contra uma Leucemia Mieloide Aguda. Ficou internada no Hospital Porto Dias, em Belém, desde quando descobriu a doença. A sambista deixou uma filha de 8 anos. Durante o último mês, amigos, familiares e o companheiro, o fotógrafo Marcelo Lélis, se uniram para conseguir doações de sangue e medula óssea para ajudar no tratamento de Karen, mas no último sábado a triste notícia foi divulgada com a perda da luta para a doença.

O álbum “Mandou Chamar” finalizado em 2022 começou a ser produzido em 2017 em a parceria com músicos, compositores, técnicos e artistas amigos de Karen, de maneira totalmente independente. A diretora artística do trabalho Carla Cabral, amiga íntima da sambista, relembra do amor que todos sentiam pela sambista foi o que propiciou a realização deste sonho. O prêmio coroou em junho esse trabalho coletivo.

“Foi muito importante, porque o ‘Mandou Chamar’ foi feito de forma independente com parcerias dos músicos, dos compositores, de todos os profissionais que estavam envolvidos. Ele foi totalmente independente. Para perceber o quanto a Karen era uma pessoa querida e o quanto era importante fazer parte disso. Foi uma felicidade estar junto dela nesse trabalho. Quando fazemos um trabalho e recebe um reconhecimento desse é ainda mais valioso”, ressalta Carla.

Karen também era servidora da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) há sete anos e trabalhava como coordenadora da política nacional de humanização de saúde do serviço público. Ela chegou a ser premiada nacionalmente pelo Serviço de Oxigenoterapia Domiciliar implementado em Belém.

“O grande legado dela foi promover muito o diálogo. Sempre foi uma pessoa que promoveu o diálogo, se preocupou com a saúde dos trabalhadores, uma pessoa acolhedora, promoveu o acolhimento de forma forte e intensa, um dos principais legados que ela deixa para gente. Ela ouviu muito os trabalhadores, principalmente depois da pandemia”, diz a amiga, também servidora pública, Larissa Medeiros.

O Coletivo Tem Mulher na Roda de Samba, grupo musical do qual Karen fazia parte, também lamentou a perda repentina da artista. Uma das coordenadoras do grupo a sambista Marisa Black, destaca que Karen Tavares foi conhecida pela amorosidade por onde passou.

“Ela foi muito amor, tudo o que ela fez com foi com muito amor, a religiosidade era muito forte, ela fez um trabalho muito lindo do SUS. De doação de amor ao próximo, foi muito linda, muito forte e marcante. Onde ela passou plantou amor, nossas trocas foram de muito carinho. Eu tive oportunidade de dividir shows meus, na Casa de Noca, quando iniciamos há uns 15 anos atrás”, enfatiza.

Para o sambista Arthur Espíndola, o idealizador do prêmio que consagrou Karen Tavares, a amiga ficará para sempre com seu trabalho marcante na história da música paraense. “Ela tem antes de mais nada um trabalho primoroso. Ela conseguiu deixar um álbum vitorioso, campeão, um álbum muito bom. Ela não foi sem antes plantar uma arvore. Deixou a voz dela registrada e marcada para que a gente pudesse ouvir sempre que quisesse”.

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