Rapper e produtora cultural inicia campanha após remanejamento da família por obras no Tucunduba

Em meio às preocupações em relação à pandemia de covid-19, a rapper, poeta e produtora cultural Shaiara Mana Josy vem se preocupando com a possibilidade de precisar encontrar outro local para morar. Ela conta que será remanejada, ao lado de mais quatro membros da família, do bairro da Terra Firme, em Belém, por conta da retomada das obras do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Tucunduba, promovido pelo Governo do Estado.

Impossibilitada de trabalhar em razão do novo coronavírus, a artista viu sua principal fonte de renda se esvair em um momento delicado para a família. Além disso, a mãe deixou de trabalhar por conta das obras, o pai e tio são idosos e o irmão tem necessidades especiais. Mana Josy conta que, somado a um aviso de mudança que deve ser feita às pressas, o valor oferecido em troca do remanejamento é muito abaixo do que a família estima para venda, menos a metade do valor.

Por conta disso, a rapper decidiu iniciar uma campanha para conseguir apoio para a mudança. "Com o valor oferecido, não conseguimos comprar nem uma casa aqui na Terra Firme. Por isso eu iniciei essa campanha para que a gente conseguisse uma arrecadação para pelo menos alugar uma casa nesse período e comprar um terreno por aqui com o valor que vamos receber. Vamos construir outra casa lá se conseguirmos", enfatizou.

Com 21 anos de estrada no hip-hop, Shaiara Mana Josy também é organizadora e coordenadora do Slam Dandaras do Norte, projeto que incentiva a produção e competição de poesia feita por mulheres. A iniciativa também encoraja mulheres a buscar direitos e expressar sentimentos por meio da poesia. No início da pandemia, ela iniciou também a campanha "Me ajude a ajudar", para arrecadar alimentos para 54 famílias carentes de bairros da grande Belém, como Jurunas, Tenoné, Icoaraci e no município de Santa Isabel.

A artista fala com orgulho da trajetória que construiu ao longo de duas décadas na música. "Sou a mulher mais antiga do movimento do hip hop que conseguiu se manter. Tiveram outros naquele tempo, mas não se conseguiram se manter por conta do machismo nesse meio, infelizmente. Sempre houve essa necessidade de afastar as mulheres de certos espaços, mas eu continuo resistindo", avalia ela, que é compositora de, entre outras canções, "Palavras são Palavras" - disponível nas plataformas de streaming - e escritora da publicação independente intitulada "Po Eu sia". 

Qualquer quantia pode ser doada por meio de transferência bancária em nome de Joseane Franco Teles para a Caixa Econômica Federal. Conta poupança: 1432-6. Agência: 0022. CPF: 62469479215.