Projeto forma mulheres para tocar instrumentos no carimbó e ritmos regionais
Oficina gratuita está formando várias mulheres em instrumentos agudos como maracás
Um grupo de mulheres está aprendendo a tocar carimbó e outros ritmos regionais no projeto “Mulheres no carimbó - Oficinas de ritmos afroamazônicos para mulheres”. A iniciativa é voltada para transmissão de saberes do carimbó, com ênfase no repasse dos ritmos e toques dos agudos (maracas, milheiros, agbês e claves) exclusivamente para mulheres. Após o término das oficinas, as participantes se apresentarão na Casa de Show Apoena neste domingo (12/05), com o grupo Tambores Encantados, Iris da Selva, Karina Dias e Suka B.
Esta é a segunda edição do projeto idealizado pela Mestra Antonia Conceição e pela produtora Ana Carla Franco. As oficinas surgiram durante o período da pandemia para incluir mais mulheres como músicas e cantoras no carimbó. Neste ano as seis oficinas tiveram o apoio do Edital Patrimônio Imaterial da Lei Paulo Gustavo 2023 – da Secretaria de Cultura do Estado do Pará (SECULT-PA).
“Vemos na mídia e nos espaços públicos majoritariamente homens tocando e cantando carimbó. Fizemos até para quebrar essa barreira, para mostrar que as mulheres não apenas dançam o carimbó, mas elas também podem estar tocando e cantando. A gente teve a ideia de formar esse projeto exclusivamente para as mulheres para ter um espaço mais acolhedor, para mulheres serem ensinadas por mulheres”, explica a mestra Antonia.
Dentre as participantes há desde iniciantes, mulheres que nunca tocaram um instrumento, até outras que já sabem e fazem parte de algum grupo e estão nas oficinas para aprimorarem seus conhecimentos. As organizadoras esperam que das oficinas surjam novos grupos de carimbó e mais mulheres participem desta cultura promovendo os ritmos regionais e salvaguardando o carimbó como patrimônio cultural.
A primeira edição do projeto já trouxe frutos como a própria artista Karina Dias, que participou das oficinas em 2023. “Também queremos fomentar uma renda para elas mesmas, seja participando de outros grupos tocando. Tem pessoas que participam de outros grupos, mas não tem experiência tão especializada e acabaram se aprimorando. Muitas delas nem tocavam um instrumento e acabam se identificando com os instrumentos passados nas oficinas. A Karina Dias que canta agora com o Iris da Silva participou primeiro projeto”, detalhou.
Além de que encorajar e capacitar as mulheres, as oficinas propiciam também aumento da autoestima, segurança nas apresentações e proporcionam a possibilidade de papeis de destaque na música. O grupo de mulheres também espera que o espaço acolhedor ajude a combater o machismo e o racismo estrutural que as mulheres são submetidas. A apresentação final do Projeto Mulheres no Carimbó será domingo (13/05), às 20h, no Espaço Cultural Apoena, é uma forma de colocar o aprendizado dos últimos dois meses na prática.
Mestra Antonia ressalta que diferente do senso comum, os instrumentos agudos não são fáceis de serem tocados. “As pessoas acham que tocar maracá é fácil. Maracá é um instrumento de alma, é um instrumento que transcende. A gente precisa ter no aprendizado a paciência para treinar e praticar todos os instrumentos”, detalha. “Não existe carimbó sem a maracá. Se o curimbó é o coração do carimbó, as maracas é a alma. São as maracas que preenchem a música, elas são um instrumento que transcende, perpassa por todos os instrumentos que compõe o carimbó”, assegura.
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