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Poeta João de Jesus Paes Loureiro completa 85 anos e reafirma seu compromisso com a poesia

Poeta vai comemorar a data fazendo o que gosta: dialogando com a arte, na descoberta diária da poesia, inclusive, no Theatro da Paz

Eduardo Rocha

Ser da Amazônia é saber que tudo vive a partir da floresta, ou seja, antes de as cidades serem erguidas os ecossistemas já existiam no mundo. E foi motivado a traduzir essa relação umbilical que o paraense João de Jesus Paes Loureiro se tornou poeta, ensaísta e professor, entre outras atividades ao longo dos 85 anos que ele completa neste domingo (23). A comemoração será, e nem poderia ser diferente, em plena ação, tendo a arte como força motriz: ele vai estar no Theatro da Paz, conferindo o espetáculo "O Rei e o Jardineiro", baseado em um poema dele.

Paes Loureiro completa 85 anos

Ao longo de sua obra, Paes Loureiro envereda-se pelo real e imaginário amazônicos e, a partir daí, dialoga com temas arquétipos, como o amor e a sede de viver. São versos que contam a saga de quem vive na região, com suas águas, sabores e saberes e desafios regionais, com medo de a floresta virar saudade.

Versos de Paes Loureiro ecoam mata adentro: "Amazônia/Amazônia/Quem te ama?" ("Cântico VI"). Quando a região está na pauta do dia, os versos do poeta, aos 85 anos de seu criador, são uma várzea no tempo. Confira, a seguir, a entrevista concedida pelo aniversariante ao Grupo Liberal.

Como é para o senhor completar 85 anos?

Celebrar a vida e me sentir como a minha neta Helena, quando tinha quatro aninhos e meio, me diagnosticou: Vovô, você é seminovo!

O que representou para o senhor ter nascido em Abaetetuba, no interior do Pará, da Amazônia?

Foi fundamental para minha formação cultural como compreensão do mundo. Minha raiz identificadora fixou-se na convivência intercorrente entre o real e o imaginário; o sentimento de solidariedade não hierarquizada entre as pessoas; o respeito pelos idosos; o gosto pela arte popular; o interesse pelas leituras estimulada no Grupo Escolar de Abaetetuba, o gosto de minha mãe pela poesia e de meu pai a ler romances antes de dormirmos; olhar o rio de modo contemplativo-reflexivo; perceber-sentindo que a margem do rio não é um limite, mas abertura para o infinito.

Como o senhor descobriu o valor da literatura, da poesia e como isso transformou a sua vida?

Descobri o valor da literatura nas atividades do Grupo Escolar, pelo estímulo de meus pais e quando, aos 11 anos, ganhei o prêmio nacional de poesia promovido pela revista Escrita. Esse valor foi sendo acumulado no Colégio do Carmo, em Belém, durante o magistério, no mestrado na PUC-Campinas, no doutorado na Sorbonne-Paris e no pós em Portugal. E pela vida. A vida vivida e sonhada é o grande tema de minha obra. Saber que a literatura é um caminho. Mas, um caminho que caminha!

Como consegue definir a poesia?

Poesia é a dança das palavras no poema.

O que a cultura amazônica tem de diferencial, de particular em relação ao mundo?

A cultura amazônica tem como diferencial ser uma poética do imaginário. É ter uma surrealidade-real é originalmente dela. Sem imitações ou reflexos. No caso da COP30, por exemplo, ela será útil para a Amazônia e seu conhecimento respeitoso, dependendo de como for organizada e realizada. Se promoverá a afirmação de nossos valores ou se atualizará nossa dependência.

O que o ser humano precisa ter ou sentir para ler o mundo?

Para ler e sentir o mundo as pessoas precisam ter humanidade. Sentir-se e sentir os outros como seres humanos.

Como pretende comemorar os 85 anos neste domingo ?

A comemoração de meus 85 aninhos será no palco de Theatro da Paz, com a encenação do poema "O Rei e o Jardineiro", concebida pela Ana Unger e realizada por ela e o ator Cláudio Barros.

Quais são seus planos para o futuro?

Meus planos futuros? Muitíssimos! Vou lançar, no início de julho, pela Editora Mezzanino, uma livro de interpretação e participação de uma arte que tem me entusiasmado como forma de um romantismo crítico e veemente de expressão de um "Eu" periférico: "O Espelho Quebrado da Arte Canônica - Arte de rua, de periferia e periférica". Além disso, editar novos poemas. Continuar escrevendo e no magistério no PPGARTES/UFPA e na Faculdade de Dança. Afinal, a poesia continuando a ser minha forma e vida.

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