Pesquisa nacional aponta o Museu Emílio Goeldi como o mais lembrado pelos paraenses
Foram entrevistadas 600 pessoas em cinco capitais brasileiras, incluindo Belém
O Instituto Oi Futuro lançou uma pesquisa considerada o raio-x da percepção dos brasileiros sobre os museus, chamada "Narrativas para o futuro dos museus". Foram entrevistadas 600 pessoas em cinco capitais brasileiras, incluindo Belém.
As respostas mais comuns para não ir aos museus foram de que ficam localizados longe de casa e também de que já viram o acervo e, por isso, não precisam voltar (50%). A pesquisa foi divulgada para museólogos e jornalistas - com a participação de O Liberal -, na noite da quarta-feira, 22, no Rio de Janeiro.
O diagnóstico surpreende e aponta tendências e desafios para o engajamento dos visitantes, como o oferecimento de experiências diversificadas e prazerosas, com destaque a promover a interação do público e o dinamismo do acervo ou das atividades oferecidas.
Um destaque interessante foi a percepção da qualidade do primeiro contato dos visitantes, ainda na infância, para a formação do público frequentador de museus. Pois a pesquisa apontou que a maioria dos entrevistados (55%) conheceu museus em excursões escolares, mas que foram atreladas a tarefas que valiam ponto ou que foram proibidos de tocar nos objetos e de fazer barulho. Ou seja, não deixaram impressões prazerosas, o que, na fase adulta, se consolidou na forma do desinteresse.
A pesquisa quantitativa e qualitativa foi realizada no segundo semestre de 2018, logo após o incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro, ouvindo frequentadores e não frequentadores de museus em Belém, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. Foram considerados não frequentadores quem estava há pelo menos dois anos sem visitar um museu. A relevância nacional da pesquisa levou o instituto a disponibilizá-la gratuitamente na internet, no endereço: www.oifuturo.org.br/pesquisa-museus-2019.
Contraditoriamente, o museu que os entrevistados mais têm curiosidade de conhecer é o Louvre, na França, numa reprodução do que "é bom vem lá de fora". Outra curiosidade levantada pela pesquisa é o perfil de visitantes virtuais de museus, que costumam se satisfazer com as informações da internet e se desinteressam de conhecer o espaço físico presencialmente. "Para a nossa surpresa, as pessoas falam do acervo dos museus com propriedade, mas reclamam que não há política cultural de preservação", diz Roberto Guimarães, gerente executivo de Cultura do Oi Futuro.
Em Belém, o museu mais mencionado pelos frequentadores foi o Museu Paraense Emílio Goeldi, onde o público "entra" numa experiência de estar no meio da floresta. Uma importante conclusão da pesquisa é que o público busca uma experiência ao visitar os museus. "Acreditamos que o público busca a interação com o acervo do museu, que pode ser com o uso de recursos tecnológicos ou não. O primeiro desafio é atrair o visitante para o museu e o segundo é fazer com que ele se reconheça no espaço, despertar o sentimento de pertencimento, e isso não depende do uso de tecnologia. A ideia que 'viu tá visto' (acervo) e, por isso, as pessoas não querem repetir a ida ao museu no leva a repensar como o museu pode tornar-se dinâmico".
"As pessoas que não vão a museus, vão a outros lugares, como cinemas e galerias. Ela vão em busca de experiências. Os centros culturais têm melhor desempenho porque são mais atrativos, oferecem diferentes experiências, como exposições, música e café", completa.
A pesquisa foi realizada em parceria com a consultoria Consumoteca, envolvendo análise de relatórios internacionais sobre tendências relacionadas a museus e também ouvindo especialistas em museologia, patrimônio, educação e história. O estudo pode ajudar os cerca de três mil museus existentes no país - segundo o cadastro do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) - a se comunicar melhor com o público de hoje, conquistar visitantes, seguir como espaços de produção cultural, aprendizagem, conservação da memória e produção de conhecimento com inclusão e diversidade.
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