Paraense é a única brasileira a trabalhar com figurino no Cirque Du Soleil
Morando na Austrália, ele conta com exclusividade à Redação Integrada de O Liberal a sua trajetória nas artes até chegar ao circo mais conhecidos do mundo
A paraense Pekora Cereja é a única brasileira a trabalhar na equipe de figurino do Cirque Du Soleil. Há 15 anos morando fora, e há nove sem visitar Belém, morando na Austrália, contou com exclusividade a Redação Integrada de O Liberal a sua trajetória nas artes até chegar a um dos circos mais conhecidos do mundo.
Atualmente Pekora é assistente de figurino do Cirque du Soleil, mas iniciou a carreira na cena audiovisual em Belém. Posteriormente se mudou para o Rio de Janeiro para tentar um concurso público para a Agência Nacional do Cinema (Ancine), mas acabou sendo levada às artes. "Não passei no concurso por conta da matemática financeira e graças a esse episódio fui estudar Teatro, um workshop no Tablado em 2006 soube que tinha um Circo que iria chegar ao Rio e queria contratar pessoas com tendências artísticas para um show que chegaria a cidade, gostou da ideia mas preocupada pois não sabia fazer nem cambalhota, dirá malabares", recordou.
A figurinista começou por indicação de uma amiga, o que resulta em 15 anos de carreira circense. “Eu caí de paraquedas nesse setor do figurino. Fui ajudar uma amiga a guardar a posição por um mês. Acabou que ela nunca mais voltou e eu estou lá até hoje. Eu me adaptei rápido ao time e a rotina do backstage, então o Cirque viu um potencial em mim e começou a investir nos meus estudos de costura e moda. Eu realmente estava no lugar certo na hora certa", contou.
Começou trabalhando na VIP do Saltimbanco, o primeiro show do Cirque Du Soleil a ser realizado no Brasil, afirmou. Nesse contexto, conheceu um australiano, casou-se e se tornou cidadã australiana. "Já na Austrália trabalhando em um outro show do Cirque chamado ToTeM (também na VIP) que estava em turnê pela Austrália , fui substituir uma uma amiga figurinista que precisava se ausentar por motivos particulares por um mês, mas não queria deixar a vaga aberta. De lá pra já são 15 anos rodando o mundo com o Cirque du Soleil (entre VIP/Wardrobe)", destacou.
Há 9 anos estava longe do Brasil e, consequentemente, do Pará. A última turnê aconteceu nos Estados Unidos e aproveitou o hiato para passar as férias, rever a família e os amigos. "Aproveitei o tempo de transferência para a próxima turnê na Ásia. Estou muito feliz de ter a oportunidade de passar o Círio este ano em Belém", disse.
Questionada sobre o ambiente de trabalho e os planos para o futuro, ela diz que os planos consistem em colocar mais carimbos no passaporte, pois o "bichinho nômade que corrói a alma" sinaliza isso a ela. Sobre trabalhar com figurino, destaca que é todo elaborado no QG em Montreal, no Canadá. "Todo show tem os seus próprios designers e a função do figurinista que está em um show trabalhando no backstage é fazer a manutenção de toda essa ideia. No meu time somos sete pessoas: três Canadenses, uma Japonesa, uma mexicana, uma americana e eu", ponderou.
O momento mais marcante na companhia, refletiu Pekora, aconteceu durante a pandemia. Recordou que estavam na Alemanha quando a pandemia estourou. "Em um dia estávamos com a casa aberta para 1.600 pessoas, no outro só podíamos acomodar 1.000, no outro só 500, até que não podíamos mais estar abertos e teríamos que desmontar tudo e ir pra casa", disse destacando que se emociona ao falar sobre o assunto.
"No circo somos uma grande família (é difícil explicar essa conexão com as pessoas) vivemos numa bolha, é uma espécie de mundo paralelo. Quando você bota os pés na tenda é como se estivesse entrando num portal e de repente ver aquilo desmoronando e todo mundo tendo que voltar ao mundo normal... Foi punk, além de óbvio de todos os problemas que a pandemia trouxe pra todo mundo", concluiu.
Os planos da paraense agora estão em passar o Círio, aproveitar Belém e embarcar para o próximo destino, que passa pelo Catar, país do oriente médio.
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