Obra de restauro resgata a arquitetura e história do Palacete Bolonha
Desde 2004 a edificação não recebia uma reforma e já estava bastante deteriorada pelo tempo
Andar pelos cômodos do Palacete Bolonha é fazer uma viagem no tempo de volta à Belém da Belle Époque, do início do século XX. Desde o mês de março a edificação vem passando por uma obra de restauro que busca resgatar todo o seu valor histórico e arquitetônico. O trabalho inclui a recuperação de paredes, forros, pisos, peças de gesso, madeira e vidro, luminárias, fachada, cobertura, portas, janelas e escadas, tudo nos mínimos detalhes.
Todas as instalações elétricas e hidráulicas também serão revistas. Mas há também algumas modernizações necessárias para garantir que o Palacete Bolonha continue resistindo ao tempo e mantendo toda a sua imponência entre os prédios que disputam espaço ao longo da avenida Governador José Malcher. Entre elas estão a implantação de um sistema de vigilância, sistema de ar condicionado, sistema contra incêndio, manta protetora na cobertura, nova caixa d'água e cisterna.
De acordo com o diretor de Obras Civis da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), Reinaldo Leite, desde 2004 o Palacete não recebia reforma. “Os serviços de restauração visam recuperar o prédio que já estava deteriorado pelo tempo, potencializando e preservando os valores estéticos de sua arquitetura singular. Todos os compartimentos do prédio serão restaurados, como a famosa sala de música, a biblioteca, a sala de costura e o mirante, que representam fragmentos da história de Belém”, explica o engenheiro.
A ideia é que, após a obra, o Palacete Bolonha passe a abrigar a Casa-Museu Francisco Bolonha e o “Atelier de Projetos”, espaço destinado a preservar a memória da arquitetura e da engenharia do início do século XX.
Execução - A obra está com 20% do cronograma executado e tem prazo de um ano para entrega. Na cobertura, vem sendo feito um trabalho intenso para recuperar um elemento fundamental na proteção do bem histórico. Uma a uma, as pequenas telhas de ardósia, são retiradas, limpas e analisadas para verificar o que ainda pode ser aproveitado ou restaurado. Na cúpula da cobertura, peças de madeira também recebem o mesmo cuidado. De um lado da cobertura, a manta térmica de proteção já está instalada.
Restauro
Um dos serviços mais importante nessa etapa da obra é a prospecção pictórica, que consiste em retirar as camadas de tintas de paredes, portas, janelas, forro e peças metálicas, para pesquisar, em laboratório, a cor original de cada elemento. Seis pessoas especializadas em restauro atuam nessa fase do trabalho minucioso de descoberta de cores originais.
Segundo o engenheiro Charles Aragão, da empresa Multisul Engenharia, contratada para executar a obra, o trabalho de restauro busca ao máximo da especialização das pessoas envolvidas na obra. “A nossa equipe está o tempo todo se atualizando em restauro e também contratamos um escritório especializado nesse tipo de serviço que nos orienta em todas as etapas. Tudo para preservar a história desse prédio e permitir que outras gerações possam conhecer esse bem conservado”, defende o engenheiro.
História – O Palacete Bolonha foi construído na primeira década do século XX, durante o “Ciclo da Borracha”, sendo eternizado como uma promessa e testemunho de amor do proprietário e engenheiro, Francisco Bolonha, a sua esposa, a musicista Alice Tem-Brink. A construção imprimiu no espaço urbano de Belém luxo e sofisticação presente em um novo estilo de arquitetura: o ecletismo, que reúne estilos como o neoclássico, art noveau, barroco e rococó.
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA