“O Sagrado na Amazônia” vira exposição de artistas da região no Rio de Janeiro
Centro Cultural Inclusartiz, no Rio de Janeiro, abre exposição de 30 artistas amazônidas
Uma das características marcantes da Amazônia, e pouco conhecida fora da região, é a relação dos amazônidas com a religião, com aquilo que consideram sagrado. Este é o aspecto que estará evidente na exposição “O Sagrado na Amazônia” aberta a partir do próximo domingo, dia 24, no térreo do Centro Cultural Inclusartiz, no Rio de Janeiro. A exposição coletiva levará 30 artistas amazônidas com obras de diferentes manifestações do divino.
A curadoria é do conceituado Paulo Herkenhoff — pesquisador que há mais de 40 anos se dedica ao fomento da produção artística no Norte do país e ao debate crítico acerca do conceito histórico de “visualidade amazônica”. Herkenhoff já foi curador do Arte Pará, um dos mais conceituados salões de arte contemporânea do Norte do Brasil.
O Sagrado na Amazônia conta com uma grande presença de artistas originários da região amazônica brasileira, como Denilson Baniwa e Rita Huni Kuin, e também de povos da Amazônia Internacional, como a peruana Lastenia Canayo. No total serão 75 trabalhos produzidos, a partir de diversos suportes, entre pinturas, fotografias, vídeos, objetos e esculturas, além de documentos históricos.
Dentre os artistas que terão suas obras expostas estão: Andrea Fiamenghi, Arieh Wagner Lins, Arthur Omar, Berna Reale, Chico da Silva, Claudia Andujar, Coletivo de arte MAHKU, Daiara Tukano, Denilson Baniwa, Dhiani Pa'Saro, Edivânia Câmara, Elza Lima, Emanuel Nassar, Fernando Lindote, Gui Christ, Gustavo Caboco, Guy Veloso, Jair Gabriel, Lastenia Canayo, Luiz Braga, Paula Giordano, Pierre Verger, Rita Huni Kuin, Sheronawe Hakihiiwe, Teresa Bandeira, Thiago Martins de Melo, Walda Marques, Walmor Correa, Xica e Yaka Hunikuin.
A fotógrafa, artista visual e pesquisadora paraense Paula Giordano participa da exposição com sete fotografias. Quatro fotografias são de uma investigação da relação dos promesseiros com a corda do Círio de Nazaré, duas fotos relacionadas ao contexto histórico da religião evangélica na região, e uma do Pajé Júlio, da Ilha do Marajó.
Paula enxerga o sagrado na Amazônia de maneira rica, sendo “uma grande diversidade, quando lançamos o olhar para as diversas formas de conexão com o divino. Mas precisamos estar atentos e combativos aos preconceitos, estigmas e violências que alguns cultos afro brasileiros vêm sofrendo. É necessário trazer à luz o respeito às diferenças, o conhecimento e o amor, assegurando direitos humanos e o Estado Laico”, detalha. Ela acredita que a Amazônia pode ensinar o mundo “preservando sua pluralidade, diversidade e valorizando as tradições ancestrais. Para isto, a questão religiosa se intersecciona com a questão ambiental”, destacou.
O fotógrafo paraense Guy Veloso tem publicações e mostras nacionais e internacionais. Dele estarão expostas obras sobre diversos ritos: umbanda, candomblé, tambor de mina, Círio de Nazaré e batismo evangélico. “Tudo junto em uma só parede”, adianta. “Amazônia plural e multicultural. Assim como no Nordeste, a religião aqui toma ares mais dramáticos, havendo nas várias religiões sutis adaptações. O catolicismo popular do Círio de Nazaré seria um exemplo”, avalia.
O novo projeto permanente do instituto, que conta com patrocínio da Icatu, do VLT Carioca e do Instituto CCR, será dividido em três eixos. O primeiro é o expositivo que contará com uma série de exposições, coletivas e individuais, de narrativas e pesquisas em torno de artistas e da cultura visual amazônica. O segundo será experimental com uma programação de estudos, conversas, oficinas e projeções de obras audiovisuais intitulada Laboratório Amazônico, e o terceiro é a pesquisa com ativação de parcerias e residências com outras organizações, instituições e projetos artísticos que estabeleçam intercâmbios entre vozes de diferentes estados.
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