O Marajó de Dalcídio Jurandir traduzido para os palcos completa uma década de existência

Espetáculo "Solo de Marajó", do grupo Usina, comemora a data com temporada no Teatro Waldemar Henrique

Lucas Costa
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O segundo livro de Dalcídio Jurandir, que aborda questões que assolam a Ilha do Marajó até os dias de hoje, como o latifúndio e populações excluídas, ganhou os palcos em uma adaptação que completa dez anos em 2019. “Solo de Marajó”, criada pelo grupo Usina, é baseada no livro “Marajó”, lançado em 1947, e terá uma temporada comemorativa a partir desta quinta-feira, 18, no Teatro Experimental Waldemar Henrique. As apresentações vão até o sábado (20), sempre às 20h.

A apresentação tem como proposta ser visceral: sozinho em um palco vazio, o ator Claudio Barros conta oito histórias, que reunidas fazem um retrato dos modos de vida do povo habitante de pequenos povoados à beira dos rios. Usando apenas corpo e voz, o ator propõe ao público imaginar pessoas, paisagens, cores, sons e cheiros que compõem o universo amazônico.

“Solo de Marajó” tem direção de Alberto Silva Neto, e ao longo destes dez anos, já passou por palcos de São Paulo e Rio de Janeiro, além de ter realizado uma turnê nacional por cinco outros estados brasileiros. “O ‘Solo de Marajó’ é um espetáculo que me ensinou que uma criação cênica é um organismo vivo, ou seja, ele tem uma história, ele se transforma, ele não é algo que esteja estático, imutável. Então a coisa mais importante é isso: o ‘Solo de Marajó’ é um espetáculo que amadureceu, se aprimorou ao longo desses dez anos. Nós nunca deixamos de recriá-lo a cada temporada”, conta Alberto.

Sem aparatos cenográficos, o diretor considera que o espetáculo pode ser considerado desafiador para o público. “O ator usa apenas o corpo e a voz, e isso potencializa a imaginação do público e a gente tem uma experiência de perceber que as pessoas acionam memórias pessoais de momentos e lugares, que fazem parte da sua vida porque a gente sugere as coisas em vez de mostrar”, descreve.

O espetáculo remonta uma realidade amazônica mostrada por Dalcídio Jurandir, que nasceu na Ilha do Marajó. Mas o diretor destaca que o espetáculo possibilita uma interpretação por públicos de diversos lugares. “O Dalcídio como escritor ultrapassa o regionalismo, ou seja, embora as suas narrativas sejam ambientadas na paisagem amazônica, as questões que ele discute são universais. Então quando viajamos pelo interior de várias cidades brasileiras, percebemos que as pessoas transportavam os dramas do caboclo amazônico para a realidade dos povos e modos de vida rústicos da sua própria região”, relembra.

Além de atuar, Claudio Barros também assina o figurino do personagem; Alberto Silva Neto também assina a encenação e iluminação, além da dramaturgia junto a Carlos Correa Santos. O espetáculo será apresentado de quinta-feira a sábado, com sessões às 20h, no Teatro Experimental Waldemar Henrique (Praça da República). Os ingressos custam R$ 30 (inteira), e R$ 15 (meia), disponíveis apenas na bilheteria do teatro, a partir das 18h de cada dia.

Agende-se:

“Solo de Marajó” dez anos

Data: de 18 a 20/4, às 20h

Ingressos: R$ 30 (inteira), e R$ 15 (meia)

Local: Teatro Experimental Waldemar Henrique (Praça da República)

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