Novela 'Travessia' discute tema da assexualidade em horário nobre
Personagem ‘Rudá’ faz o público refletir e procurar saber mais sobre o tema
A novela "Travessia", transmitida pela Rede Globo em horário nobre, vem levantando uma questão muito importante de gênero: a assexualidade. Através do personagem Rudá (Guilherme Cabral), filho de Guida (Alessandra Negrini) e sobrinho de Leonor (Vanessa Giácomo), as pessoas vão poder refletir um pouco mais sobre essa condição, que se encaixa na comunidade LGBTQIA+. A mãe e o padrasto, Moretti (Rodrigo Lombardi), passam a pressionar o adolescente a namorar. A socióloga e professora da Universidade do Estado do Pará (UEPA) Rachel Abreu, fala um pouco mais sobre o tema e a importância dele ser debatido na televisão, um grande veículo da cultura e da comunicação em massa.
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Segundo a socióloga, antes de tudo, é preciso compreender que a sexualidade não é uma escolha, e sim uma condição. “Depende muito da circunstância do contexto, né? Então não é para pensar como se fosse uma escolha. Como é que as pessoas que se dizem assexuais pensam? Trata-se da falta de desejo sexual. Não é uma questão ideológica ou questão de gênero. Não sentir desejo por alguém, não significa dizer que essa pessoa não possa sentir afeto ou carinho. As pessoas podem ser românticas, seja com homem ou com mulher, ela só não vai ter aquele desejo que geralmente existe nas relações. Nós somos criados em uma cultura que nos diz ser normal ter o desejo sexual quando você tem algum romance, seja ele hétero ou homossexual. A assexualidade não é uma doença”, explicou.
A socióloga ressalta ainda que a “novela, quando traz essa questão para as telas, ou seja, para a sociedade, ela quer que as pessoas vejam que essa condição existe. Nós temos que pensar que nós podemos exercitar os nossos desejos ou não a partir das nossas identidades, a partir das nossas condições, a partir do que nós queremos. Então é uma discussão que você não vê de forma comum nas rodas de conversa. Por isso é tão importante ela ser discutida em horário nobre, em boa audiência. Porque a partir da compreensão dessa condição, que ela existe, vale ressaltar que precisamos ter essa relação de respeito com a diversidade que se apresenta. Segundo o IBGE, a estatística dos assexuados no Brasil é 0,1 % mas existe! E se existe, é preciso ser falado, discutido, explicado e respeitado!”, destacou.
Rachel explicou também que as pessoas consideradas assexuadas podem sentir desejo sexual em algum momento por um dos sexos. “Precisamos entender que a sociedade é dinâmica. Somos seres humanos, pessoas interessantes cercada de outras pessoas interessantes. O desejo pode acontecer ou não. E a cultura pode ser essa ferramenta brilhante e representativa de fazer essa valorização acontecer”, concluiu a socióloga.
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