No Dia Nacional do Escritor, autores paraenses contam os desafios de produzir e publicar na pandemia

Neste sábado, 25, se comemora o Dia Nacional do Escritor. Os autores que ilustram a imaginação coletiva por meio das letras - não apenas pelo viés artístico, mas também no importante papel de produção de conhecimento - foram afetados pelo isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19. A nova realidade de relações virtuais exigiu a adaptação do mercado editorial, interrompendo o crescimento do setor registrado em 2019. No Pará, os autores paraenses estão "se virando" para continuar produzindo e publicando, inclusive, usando para isso as redes sociais.

Autor de várias obras literárias, Alfredo Guimarães Garcia abriu a pré-venda da 3ª edição do premiado "O Livro de Eros", de 1998, após uma consulta pública nas redes sociais. Ele percebeu o interesse do público pela publicação, inicialmente, em uma live literária. A edição anterior, de 2001, foi esgotada. Em parceria com uma editora, ele decidiu produzir 50 exemplares de uma edição especial com ilustrações da artista plástica Elieni Tenório, prefácio do Professor Doutor Joel Cardoso e posfácio do Professor Doutor Paulo Maués Correia.

O “Livro de Eros” é considerado um clássico da literatura erótica na Amazônia e foi premiado no ano 2000 pela Academia Mineira de Letras como o melhor livro de contos do país naquele ano. O autor também definiu uma estratégia de venda após a publicação em contato direto com o público por meio das redes sociais dele: Facebook Alfredo G. Garcia e Instagram @alfredo_guimaraes_garcia.

A vida de escritor sempre foi difícil. Que o diga o próprio Alfredo, que é um “agitador” do Facebook e Instagram. Logo nos dois primeiros meses de isolamento social, ele definiu como meta postar uma poesia por dia nas redes sociais, o que possibilitou manter e intensificar o contato com o público, além de reuniu conteúdo para a publicação de mais um livro.

Veja uma poesia aqui e uma crônica dele aqui.

O letrista, poeta e escritor Max Reis também publicou crônicas e poesias no Facebook  durante a pandemia. Ele é autor de três livros, inclusive um contemplado pelo Prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura, do governo do estado, e outro, com Menção Honrosa no mesmo prêmio. Durante a quarentena, ele produziu um novo livro de poemas, crônicas e minicontos, que pretende lançar no mês que vem.

Confira algumas crônicas de Max Reis aqui e aqui e poemas aqui e aqui.

Editora

Dênis Girotto conta que investiu nas vendas on line. (Divulgação)

A editora Pará.grafo viu as vendas caírem pela metade, entre março e junho, mas investiu na ampliação do site da empresa e na venda on line de e-books e de livros físicos. "Realmente está muito difícil a venda, especialmente para as pequens editoras que dependem das livrarias físicas, que ficaram muuito tempo fechadas. Elas começaram a reabrir, mas ainda estão vendendo muito pouco. O que tá salvando são as vendas on line. Essa modalidade de comércio de livros acabou crescendo nesse período de pandemia, o que ajudou a minimizar a o prejuízo", conta o escritor e editor Dênis Girotto, proprietário do negócio.

Com o início da fase de isolamento social ele teve que cancelar os lançamentos presenciais de livros, onde costuma se vender exemplares em sessão de autógrafos dos autores. E optou por fazer alguns lançamentos na web em caráter simbólico. “Tivemos um aumento de vendas na livraria on line, o que mostrou que os leitores mudaram hábito de compra, passaram a frequentar as livrarias virtuais e adquirir por ali".