Nic Dias lança 'Bad Bitch', álbum em três atos
Nic vem com composições que abordam suas vivências em Icoaraci, distrito de Belém e celebra uma nova fase em sua carreira musical
A rapper paraense Nic Dias, 24 anos, lança o álbum “Bad Bitch”, com composições que abordam suas vivências em Icoaraci, distrito de Belém e celebra uma nova fase em sua carreira musical. O projeto é viabilizado por meio do Natura Musical, é cantado em três atos e está disponível em todas as plataformas de música.
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Nic Dias começou a compor "Bad Bitch", single que dá nome ao seu álbum, em 2019. As outras músicas do trabalho fazem parte dos três momentos divididos em Ato 1 - Água, Ato 2 - Vila e Ato 3 - Festa. "Esse álbum é o conjunto de palavras de afirmação sobre uma jovem negra que vai para cima e não teme a guerra, principalmente contra o racismo, o machismo e as outras formas de preconceito”, iniciou a rapper.
Sobre o que o público pode esperar do seu álbum e como poderá ouvi-lo, Nic Dias afirma que podem esperar “assertividade, dedo na ferida e muita verdade, sem medo. E, claro, o público também deve esperar muitas sonoridades, sendo esse um ponto muito importante pra mim, porque as pessoas falam de Rap e, às vezes, só pensam na rima, mas o Rap é ritmo, poesia, sonoridades, melodias e outras tantas e tantas coisas e nem sempre o público tá ligado nisso", continuou.
"Quando pegar para ouvir vai falar 'caraca, eu não esperava uma parada dessa' e eu acho que nesse álbum, nós trabalhamos bastante tudo isso. 'Bad Bitch' está disponível em todas as plataformas digitais de música, também tem clipes lançados, então venham ouvir um álbum todo feito por uma pretinha de Icoaraci. Eu acho que essa parada que mais me pega, essa demarcação de território. Poder falar 'ei pô, eu sou daqui, da tua terra, vem me ouvir!'”, disse fazendo o convite.
A cantora explica os atos do álbum e relembra que teve momentos bons, ruins e que canta a sua vida. O Ato 1 - Água, apresenta sua história ligada a religiosidade afro-brasileira, já que ela é filha de Oxum e Iansã, conta sobre sua vivência no âmbito familiar. No Ato 2 - Vila, aborda situações de violência, discriminação e até diminuição de seus esforços. Por último, em Ato 3 - Festa, após citar suas dores, luta e a resistência, a hora da curtição e comemoração.
"Os atos estão ali para podermos entender melhor a construção de algo que não é linear. Água, que me remete a minha família, ancestralidade, espiritualidade, fé, medo, erros, acertos. A vila, que fala sobre aqui, a Vila Sorriso, Icoaraci, Vila União, onde eu moro. E o último, a consagração, A Festa, que foi o que aconteceu no último final de semana, a festa de lançamento do álbum", finalizou.
No álbum algumas músicas têm um tom mais especial para a artista e, uma delas, é o single "Silva". "A primeira faixa e o sobrenome da minha família materna. E é onde começa tudo, onde minha raiz começa a crescer, onde as coisas começam literalmente. Nasci a partir dessa família Silva, um sobrenome forte no Brasil. Então é essa minha faixa favorita, onde depositei muitos e muitos sentimentos", concluiu.
Nic destaca que “Bad Bitch” foi possível por meio do Natura Musical, da lei estadual de incentivo à cultura do Pará (Semear).
Paraenses no Rap
Ao longo do ano de 2023 alguns artistas da Amazônia lançaram trabalhos autorais e somaram-se às produções musicais nacionais de Hip-Hop. Entre eles estão: Th091, Fartura Flame, Sumano, PA Rapper, Anna Suav e Bruna BG. O Rapper paraense Th091 lançou no mês de novembro o single "Poemas Abolicionistas", em São Paulo. Vicvendo na capital paulista, ele narra outra vivência e os "corres" da sobrevivência enquanto artista independente, além de relembrar nomes como o de Zumbi dos Palmares.
Sumano, um rapper Amazônida, lançou também este mês o single "Craque", música do seu primeiro disco e brinca com o jogo de palavras que pode ser usada para as drogas ilícitas e para os jogadores de futebol "fora da curva". O rapper Fartura Flame lançou no começo deste semestre o novo o single "No Calor de Belém", assim como o paraense Patrick Andrade, mais conhecido como “PA Rapper”, lançou o single “Swing Brasa”.
A cena do rap Amazônico também teve destaque em festivais, com a indicação de Anna Suav e Bruna BG e TLust ao Prêmio RAP Brasil com "melhor música" e "artista revelação", respectivamente. E ainda teve a participação do rapper Pelé do Manifesto no espetáculo “Muralhas invisíveis”, onde o artista fez a direção musical do espetáculo que trouxe o cotidiano do centro de Belém, a história de pessoas que transitam pela rua Riachuelo.
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