Saiba mais sobre o som regional da Amazônia Jazz Band; vídeo
A big band paraense é a única do mundo a tocar os ritmos amazônicos
Neste domingo (30), é celebrado o Dia Internacional do jazz, estilo musical norte-americano nascido no final do século XIX e início do XX. Na Amazônia, o ritmo ganha influências únicas. A principal representante do gênero no Pará, a Amazônia Jazz Band, se diferencia das demais big bands do mundo não apenas pelo uso de instrumentos como o curimbó, sementes, tambor de marabaixo, maracas e caxixis, como pelo naipe inédito de três percussionistas. Esses elementos a tornam a única do mundo a tocar do jazz ao carimbó. “A nossa formação é americana com percussão amazônica”, destaca o maestro Eduardo Lima.
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Formada por 22 músicos - sendo cinco trompetistas, quatro trombonistas, cinco saxofonistas, um pianista, um guitarrista, um baixista, dois bateristas e três percussionistas – a AJB é um corpo artístico do Theatro da Paz, do Governo do Estado. Foi fundada em 1994 e realiza a média de três apresentações gratuitas mensais.
O repertório da AJB é diversificado, vai desde os clássicos norte-americanos de jazz a contribuições contemporâneas regionais, nacionais e internacionais, que incluem obras de compositores como os russos Igor Stravinsky e Dmitri Schostakovich e dos paraenses Wilson Fonseca e Waldemar Henrique.
“Mais do que um ritmo, o jazz é um movimento artístico que engloba muitos subgêneros musicais e que continua crescendo ao longo dos anos. As big bands surgiram das bandas miliares norte-americanas herdando os naipes de mentais e naipes de madeira. A inclusão de outros ritmos com percussão é uma inovação da AJB. Quando possível, são adquiridos arranjos exclusivos para a nossa orquestra, com isso, os percussionistas têm a liberdade de colocar tambores amazônicos e brasileiros, enriquecendo a linguagem do jazz”, completa o maestro Nelson Neves.
Os instrumentos regionais se conciliam com o conceito de improviso do jazz, segundo Thiago D'Oliveira, um dos percussionistas da orquestra. Ele ressalta que a AJB é a única big band é do mundo com três músicos desse naipe. “Isso permite a gente criar texturas musicais utilizando os ritmos regionais e valorizando a nossa cultura e essência musical. Utilizamos instrumentos como o curimbó, sementes de pequi e jatobá para fazer efeitos de água, apitos para fazer sons de pássaros, tambor de marabaixo, maracas, caxixis e outros”.
“Fora do Brasil, as pessoas amam a sonoridade amazônica, que é única”, completa o percussionista Thiago D'Oliveira.
O sonho da big band
O baterista Babu, um dos integrantes mais antigos, recorda que entrou para a AJB a convite do saxofonista Esdras de Souza, atual marido da cantora Gretchen, que comandava a orquestra, em 2010: “Eles tinham uma apresentação ao vivo para a tevê, mas o baixista não apareceu. O Esdras me ligou e pediu ajuda. Hesitei, pois não tinha ensaiado, mas aceitei e foi uma experiência incrível”.
Para ele, fazer parte da AJB é a “realização de um sonho”. Depois de todos esses anos, a AJB me atrai como no dia da estreia. Eu faço de cada concerto um momento especial, mas alguns superam a expectativa, como os concertos com árias de óperas famosas que fizemos sob a regência do maestro Nelson Neves, os concertos de natal e quando tocamos com Jane Duboc, Leila Pinheiro e músicos convidados”.
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