Jaloo conversa sobre o amor em novo álbum
Destaque da programação do Psica Festival, o cantor paraense apresenta músicas de seu segundo disco “ft”, lançado este ano
Para curar um coração partido, nada melhor do que um ombro amigo. Jaloo parece ter seguido o conselho sentimental à risca na elaboração de “ft”, seu segundo álbum de estúdio lançado em setembro deste ano. Abreviação de featuring ("com participação de", do inglês), o título do trabalho não podia ser mais apropriado para um disco que em 11 músicas conta com um time 15 artistas envolvidos, entre instrumentistas, produtores e vozes do cenário musical brasileiro. Estão lá reunidos tanto nomes já consagrados quanto outros em ascensão como Nave, Gaby Amarantos, Pedrowl, Dona Onete, Manoel Cordeiro, Lia Clark, Céu & Diogo Strauzs, Mc Tha, BadSista, Lucas Santtana e Jlz.
O tom colaborativo do novo trabalho contraste se comparado ao primeiro álbum do cantor e compositor paraense, “#1” de 2015, que foi todo composto, cantado, tocado e produzido pelo próprio Jaloo sob a direção artística de Carlos Eduardo Miranda (1962 – 2018). Já "ft" foi sendo composto aos poucos, gravado sem pressa ao longo de cinco anos. Alguns singles foram lançados nos meses que antecederam o lançamento, como a faixa “Céu Azul”, de 2018, no qual faz um dueto com a cantora e compositora paulistana MC Tha, uma parceria iniciada desde o primeiro álbum do artista. Mas após o término de seu relacionamento, o músico começou definir em pouco menos o que seria o “ft”: uma conversa franca sobre sentimentos.
“Esse disco foi um disco que aconteceu mais rápido em relação ao primeiro porque o primeiro eu já existia desde 2010 produzindo música e só cinco anos depois que eu consegui lançar o meu primeiro disco. Então tem ideias que permeiam todo esse tempo. O meu segundo disco já tem cerca de dois anos, três anos no máximo algumas músicas. E o resto são composições bem novas, sim. É sobre um período da minha vida sobre um relacionamento que eu vivi e que acabou. E eu acho que as reflexões são bem mais maduras, bem mais adultas. E são sobre alguém que já aceitou que já tá num momento da vida diferente”, conta o músico que será uma das atrações principais do Psica Festival 2019, neste domingo (dia 22), no Espaço Náutico Marine Club.
Psica Festival encerra oitava edição
Além do show de Jaloo, o evento encerra sua oitava edição hoje com apresentações de Sepultura, Djonga, Luedji Luna, Viviane Batidão, Krisiun, Sammliz, Nic Dias+, Xico Doido, Briga de Bar, Cobra Venenosa, Bruno B.O., Nervo Chaos, e os Djs Zek Picoteiro e Dj Waldo Squash. Os ingressos ainda estão à venda na portaria do local.
No novo disco, Jaloo se reaproxima das suas raízes paraenses, mas sem se render ao regionalismo - Mesmo em meio a tantas vozes e ritmos diferentes, “ft” é um disco que consegue se estabelecer como uma obra coesa porque foi pensado como um diálogo entre o cantor e os amigos artistas. Ele conta que o bolero com pitadas de música eletrônica “Eu te amei (Amo!)”, que junta a voz de Jaloo com a da conterrânea Dona Onete acompanhado pelo swing da guitarra do também paraense Manoel Cordeiro, foi composto por ele já tendo em mente a artista de 80 anos considerada a diva do carimbó "chamegado".
“Eu não imaginava outra voz além da Dona Onete cantando a música. Tanto que eu fui até Belém para gravar com ela. Tem algumas músicas na gaveta, que só não foram lançadas porque eu não consegui gravar com a pessoa que tinha em mente quando eu compus a música. Por mais que essa seja a discussão do momento, o quanto que fazer um featuring pode melhorar os seus negócios relacionados à música, eu juro, de dedinho na frente da boca, que não houve essa intenção e nunca foi assim. A intenção foi só fazer algo diferente do que eu ainda não tinha feito. Eu fiz um primeiro disco inteiramente só, fazendo tudo. Por isso eu me propus nesse segundo a fazer as parcerias e elas dialogam nesse ponto de ser um território novo a ser explorado”, explica o artista.
Depois do disco, houve um repeteco da parceria de Jaloo e Dona Onete só que dessa vez no palco do Rock in Rio, no último dia 3 de outubro. Além dos dois, a apresentação dedicada à música paraense, o Pará Pop, reuniu Fafá de Belém, Gaby Amarantos, Lucas Estrela e Manoel Cordeiro. Inclusive, a Gaby Amarantos canta ao seu lado no disco a balada romântica com ares de forró “Q.S.A.”, composição composta e produzida por Jaloo como a maioria das faixas que integram o trabalho.
Apesar de “ft” ser marcado pela aproximação de Jaloo com os artistas da região, ele sempre se considerou um músico à margem da cena paraense. O artista de 32 anos nascido em Castanhal, município localizado a 70 quilômetros da capital paraense, foi projetado na cena eletrônica em 2010 como produtor musical ao publicar versões para hits internacionais na internet que misturavam tecnobrega, pop e R&B. Radicado em São Paulo há cinco anos, o músico continua tentando manter sua independência artística, tentando desvencilhar sua imagem do estereótipos regionalistas associados ao sucesso da música paraense fora do Estado.
“Eu nunca fui por esse caminho do regionalismo pra me afirmar como artista, foi algo que eu lutei muito contra. Tanto que o meu trabalho não é tão consumido assim no Pará. E não é algo que me preocupe ao ponto de fazer parte de uma cena musical paraense. Eu nasci no Pará, vivi até os 24 anos lá, mas as minhas referências que são de fora do circuito musical da capital. Até porque a minha música se valeu muito da internet pra existir, se alimentou de outras, mesmo porque a minha cidade também estava a margem da vida cultural de Belém. Então isso fez com que desde sempre eu fosse em busca de outras influências, das coisas com que me identificava”, define Jaloo.
AGENDE-SE
Psica Festival 2019
Dia 22 de dezembro, no Espaço Náutico Marine Club.
Programação completa e mais informações neste link.
Ingressos à venda apenas na portaria do Espaço Náutico Marine Club, na Av. Bernardo Sayão, 5232
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