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'Faça de Gaza a Tua Casa': Renato Torres lança música com olhar infantil sobre conflito; confira

Em parceria com Allan Carvalho, o compositor utiliza da arte como forma de manifestação política

Lívia Ximenes
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O músico belenense Renato Torres lançou, nesta semana, a canção “Faça de Gaza a Tua Casa”. A composição, em parceria com Allan Carvalho, fala sobre a Guerra da Palestina a partir da perspectiva de uma criança que espera pela paz. Confira.

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Renato e Allan nunca compuseram uma música juntos, até nascer “Faça de Gaza a Tua Casa”. Renato conta que Allan o enviou uma melodia com a ideia de falar sobre as crianças que sofrem com a guerra no Oriente, e isso o sensibilizou. “Eu achei muito bonito, muito oportuno o tema, muito necessário, urgente. Gostei demais da melodia do Allan. O Allan é um grande melodista, um grande compositor”, diz.

A ideia de Allan levou Renato a compor a letra, que desejava fazer algo importante com sentido. Para isso, Renato buscou pensar, também, nas crianças que sofrem diariamente com desigualdades sociais. “Eu vejo todos os dias as crianças sofrendo nas ruas e, claro, não é um cenário idêntico ao da guerra, mas é uma espécie de guerra também. Nós vivemos várias guerras cotidianas: da sobrevivência dessas desigualdades sociais que eu acabei de citar, desse egoísmo coletivo maluco que a gente vive no capitalismo”, explica. O compositor fala que sentiu ter produzido uma boa canção ao chegar no refrão e, quando analisou a música completa, percebeu que parecia um mito de origem.

“O sol, como se fosse uma espécie de divindade, como faziam os primeiros seres humanos, ali na pré-história olhando pros elementos da natureza e identificando, certamente foi um deus pros primeiros humanos. Só que esse essa criança olha pro sol e vê uma divindade pra onde ela possa recorrer. O refrão virou uma espécie de prece mesmo dessa criança que pede pra que o sol ilumine essas trevas da ignorância que gera uma guerra”, observa.

Renato fala da semelhança entre as palavras “faça” e “faixa”, “casa” e Gaza”, e aponta como a questão fonética se assemelha ao modo de falar as crianças: “Eu fiquei percebendo isso depois que ela tava pronta e eu acho que esse convite de fazer de Gaza a tua casa é, na verdade, aproximar essa realidade. Não achar que isso é uma coisa longe da gente, não está aqui perto de nós.” O compositor chama a atenção para o sofrimento e a necessidade de empatia com aqueles que sofrem.

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A música e a arte são formas de manifestação política, de acordo com Renato. Ele fala da importância da presença de poesia e beleza nas canções, sem esquecer do âmbito político que a área abraça. “Que a gente também saiba ser artista do nosso tempo, que a gente saiba também comentar as coisas do nosso tempo. O artista que se abstém de discursos políticos, ele também está, de certa maneira, tomando um posicionamento de omitir”, enfatiza.

Durante a criação de “Faça de Gaza a Tua Casa”, Renato se inspirou em grandes músicas nacionais anti-guerra, como “Rosa de Hiroshima”, escrita por Ney Matogrosso, e “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores (Caminhando)”, de Geraldo Vandré. “Enquanto eu lírico, eu me ponho na cabeça de uma dessas crianças que estão sofrendo”, afirma Renato. O compositor ressalta a relevância de abordar, por meio da arte, temáticas políticas e sociais e que, para que isso aconteça, o artista não pode estar alheio ou se manter alienado da realidade em que está inserido.

“Por mais que você seja um cantor ou um artista do palco do puro entretenimento, só da diversão, assim que a sua arte explicite isso, isso também é uma posição política. Eu acho que, quanto mais o artista tem consciência dessa importância, dessa função política da arte, pode tanto melhorar a sua arte, pode alcançar resultados muito interessantes”, conclui.

(*Lívia Ximenes, estagiária sob supervisão do Coordenador de Cultura, Abílio Dantas)

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