Alexandre Nero lança trabalho musical com participação de Milton Nascimento e Elza Soares
Artista retoma carreira musical e bate um papo com OLiberal.com sobre esse novo projeto
Após 10 anos do primeiro disco, Alexandre Nero retoma sua carreira como cantor e compositor. Ele lançou 'Quarto, suítes, alguns cômodos e outros nem tanto', que já está disponível nas plataformas digitais.
O álbum traz uma parceria inédita com o compositor Aldir Blanc, que já vinha se desenhando há algum tempo. A canção Virulência, do novo repertório, é assinada por Blanc, Nero e Saraiva, em uma construção coletiva.
Além disso, a obra tem participações especiais de Milton Nascimento, como convidado na já citada Em Guerra de Cegos. Em Miseráveis, Elza Soares dá voz aos "manos, minas, monas, Macunaímas, Pixotes e mascates”.
Com exclusividade, Alexandre Nero falou sobre esse novo trabalho.
Você está retomando a sua carreira musical, mas a figura de ator ainda é muito forte junto ao público, isso ajuda ou atrapalha?
Pode ajudar e pode atrapalhar, depende da forma que se olha. Se formos esperar deste trabalho o mesmo retorno que o ator que está em uma novela tem, vai atrapalhar. Essa não é a intenção nem o tamanho dessa obra. Agora, pensando que essa música pode chegar ao grande público das novelas - que talvez não tivesse acesso à ela, por via da indústria fonográfica - já acho um ganho. Gosto de pensar na frase do Gilberto Gil: “o povo sabe o que quer, mas também quer o que não sabe”.
Quais as referências do Alexandre na música?
Minha referência é múltipla e gigantesca. Sou tudo que escuto e vejo, também. Minha música também é imagética. Tem coisas que componho como cenas de um filme. Venho da música popular, mas fui conhecer a música erudita, contemporânea, experimental, a world music. Consciente ou não, dá pra ouvir influências de Stravinsky e John Cage a Tião Carreiro e Pardinho no meu álbum.
Você lançou alguns singles, fará turnê? O Pará está nos seus planos?
O álbum foi concebido e produzido durante a pandemia, a partir desse quarto que agora está no título do disco. Foi um processo novo, diferente de todos os que eu já fiz, não gravamos todos juntos em estúdio. Agora vamos adaptar essa sonoridade para uma formação de banda e começar a ensaiar para o show novo. Espero poder rodar o Brasil com ele: a estreia vai ser em SP, dia 20 de maio.
Algumas parcerias de peso fazem parte do seu trabalho musical. Me conta como foi esse processo?
Com alguns eu já havia trabalhado antes, mas o disco tem 3 novos parceiros: o João Cavalcanti, compositor carioca super talentoso, o Antônio Saraiva, que produziu o disco comigo, e o Aldir Blanc, que pra mim sempre foi um norte como compositor, letrista, poeta, escritor. Um gênio. E ainda tive a honra de contar com dois artistas divinos: Elza Soares e Milton Nascimento! Eu me emociono toda vez que os ouço. E me sinto muito orgulhoso da forma como os inserimos ali. Quem ouvir o disco vai ver que eu fiz questão de colocá-los da maneira mais elegante possível nas canções, como artistas divinos que são. Eles não estão nas chamadas "músicas de trabalho", ou nos videoclipes: eu não quis de forma alguma explorar essas presenças tão especiais. É uma homenagem a eles, não o contrário.
O foco agora será musical?
Sou músico e sou ator, assim como sou pai. São coisas que se somam, umas às outras, e sempre conviverão em mim. O que acontece é que meu foco tem estado mais direcionado para o meu trabalho de ator, nos últimos anos – até que ele volte a ocupar os espaços, quero curtir muito esse lugar da música, que me dá muito prazer. Esse disco é isso: fruto do meu amor à música.
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