Museu das Amazônias vai unir cultura e ciência de forma imersiva em Belém

O espaço cultural está sendo projetado pelo IDG, um instituto responsável por grandes museus em todo o Brasil

Bruno Menezes | Especial para O Liberal
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Foi lançado, no último dia 8 de julho, o projeto de construção do Museu das Amazônias, um espaço que será dedicado a proporcionar uma grande imersão na ancestralidade da Amazônia, explorando os saberes e as produções culturais deste território, além de projetar conhecimentos para o futuro da floresta e da humanidade.

O museu está sendo projetado pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), uma organização que é responsável por grandes espaços deste tipo em todo o Brasil, incluindo o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, um dos maiores da América Latina. Em entrevista ao Grupo Liberal, o diretor geral do IDG, Ricardo Piquet falou sobre as novidades que terão no Museu das Amazônias e a importância deste prédio cultural para a região.

“É uma honra poder trabalhar na estruturação e desenvolvimento do museu das Amazônias, no plural, porque entendemos que há muitas histórias de muitas Amazônias para contar. Nosso trabalho parte da ideia de traduzir a Amazônia pra um público novo, leigo, que virá a Belém no próximo ano com a COP 30, mas também, fazer desse espaço um legado para o paraense poder conhecer mais da sua própria terra, da sua própria cultura, os próprios saberes, saberes que vêm da academia, mas que também vêm dos nossos ancestrais, das comunidades indígenas e ribeirinhas”, diz o gestor.

image Ricardo Piquet afirma que o Museu das Amazônias vai expor pesquisas científicas e obras artísticas produzidas na Amazônia (Foto: Cristino Martins)

O IDG foi criado em 2001 e acumula experiências na construção de museus no Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e agora pela primeira vez na região norte, em Belém. Ricardo Piquet ressalta que não enxerga o museu apenas como um espaço para conhecer o passado, mas sim, um ambiente dinâmico, que pode ajudar na projeção de ideias para o futuro.

“A gente entende que o museu é um espaço pra trazer informações e registros do passado, mas também que seja apropriado para discutir o presente e também pensar em futuro, projetar futuros possíveis para aquelas causas que foram abraçadas naquele museu. Então se é um museu de uma determinada cidade, artefato ou atividade específica, ela precisa ter esses três momentos contados, como um espaço de fruição para falar sobre esse tempo”, explica Piquet.

O museu das Amazônias apresentará ao público trabalhos realizados em parceria com outras instituições paraenses, como o Museu Emílio Goeldi e o projeto Arte Pará. Trabalhando de forma integrada, iniciativas de diferentes projetos serão mostradas no Museu das Amazônias.

“Juntar ciência e arte é uma mistura que tem dado grandes resultados, primeiro que a ciência é aquilo que a gente tem mais próximo da realidade e num mundo de Fake News, o museu é um lugar de credibilidade. Quando você coloca a arte, ela dá a perspectiva de entender aquelas informações que não são triviais, mas informações científicas para um público leigo naquela ciência...a oportunidade de juntar ciência e arte fará o espaço do Museu das Amazônias um lugar diferente”, conclui o diretor do IDG.

Parceria entre museus

A inovação do Museu das Amazônias estará sempre acompanhada das descobertas e avanços obtidos pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, que passará em breve por reformas e trará novidades para todo o público que visita o espaço em Belém.

image Nilson Gabas Júnior explicou para o Grupo Liberal como será feita a parceria entre o Museu Emílio Goeldi e o Museu das Amazônias (Foto: Cristino Martins)

Segundo o Diretor do museu Emílio Goeldi, Nilson Gabas Júnior, a instituição vai receber um recurso de R$ 20 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), um valor que será destinado para reformar espaços importantes do museu e fomentar ainda mais pesquisas paraenses.

“A rocinha, que é um dos símbolos do museu, será o primeiro prédio que a gente vai conseguir reformar com esses R$ 20 milhões. Parte desse valor também será usado para um prédio onde a gente desenvolvia ações educacionais no Parque Zoobotânico. Esse espaço vai ser modernizado e entregue para a população no ano que vem. Porque não basta apenas produzir ciência, é preciso divulgar para as pessoas e elas precisam saber o quão importante é o resultado da pesquisa em suas vidas”, salienta Nilson Gabas.

Nilson também afirma que o Museu Emílio Goeldi e o Museu das Amazônias serão parceiros na divulgação cultural e científica no Pará, com contribuições que vão potencializar o alcance dos conhecimentos produzidos na Amazônia.

“Nossos resultados de pesquisa vão embasar o que nós vamos mostrar através das programações dessa imersão tecnológica, que é o Museu das Amazônias. Também vamos ser carro chefe com o IDG, num acordo de cooperação técnica, para trazer conteúdos a partir de nossa rede de pesquisa com associações quilombolas e indígenas, porque nada é mais contundente do que mostrar aquilo que a gente faz, e as perspectivas daquilo que nos impacta, para sobrepor os problemas que estão historicamente na Amazônia”, conclui o diretor.

Mais sobre o Museu das Amazônias:

O Museu das Amazônias será um espaço a céu aberto, instalado no Porto Futuro II, o qual apresentará aos visitantes quatro eixos temáticos: Amazônia Milenar – que promove os saberes ancestrais indígenas; Amazônia Secular – um olhar para os ribeirinhos, quilombolas, extrativistas, seringueiros, pescadores e outros povos que ocupam a região há séculos; Amazônia Degradada – alertando para o risco sobre a região e o mundo; e Amazônias Possíveis – um debate sobre os rumos do bioma.

O Museu das Amazônias é uma obra do Governo do Pará em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF); Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) e o Instituto Cultural Vale.

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