"Memória e Transformação” faz um mergulho na diversidade das línguas indígenas no Brasil
A exposição “Nhe’ẽ Porã", do Museu da Línga Portuguesa, apresenta ao público as línguas faladas pelos povos indígenas
“Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação”, a nova exposição temporária do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, apresenta ao público as línguas faladas pelos povos indígenas e as transformações decorrentes da invasão colonial. A abertura da exposição marca, no Brasil, o lançamento da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e coordenada pela UNESCO em todo o mundo. A mostra fica disponível no período de 12 de outubro a 23 de abril de 2023.
Com curadoria da antropóloga Daiara Tukano, a mostra propõe ao público uma imersão em uma floresta cujas árvores representam dezenas de famílias linguísticas às quais pertencem as línguas faladas hoje pelos povos indígenas no Brasil, cada uma veicula formas diversas de expressar e compreender a existência humana.
A exposição busca mostrar outros pontos de vista sobre os territórios materiais e imateriais, histórias, memórias e identidades desses povos, trazendo à tona suas trajetórias de luta e resistência, assim como os cantos e encantos de suas culturas milenares.
O visitante encontrará palavras grafadas em diversas línguas indígenas, criando um fluxo que conectará as salas em um ciclo contínuo. Num dos possíveis pontos de partida da mostra, o visitante se depara com uma floresta de línguas indígenas representando a grande diversidade existente hoje no Brasil. Nessa floresta, o público poderá conhecer a sonoridade de várias delas.
A sala “Língua é Memória”, traz à tona históricos de contato, violência e conflito decorrentes da invasão dos territórios indígenas desde o século 16 até a contemporaneidade, problematizando o processo colonial que se autodeclara “civilizatório”.
Neste ambiente, outras histórias serão contadas por meio de objetos arqueológicos, obras de artistas indígenas, registros documentais, mapas e conteúdos audiovisuais e multimídia.
As transformações das línguas indígenas são tratadas em conteúdos que exploram a resiliência, a riqueza e a multiplicidade das formas de expressão dos povos indígenas. “Colocamos em debate o fato de que somos descritos como povos ágrafos, sem escrita, mas nossas pinturas também são escritas – só que não alfabéticas”, explica Daiara Tukano.
“Preservar as línguas indígenas em toda a sua diversidade é, também, preservar a nossa cultura enquanto brasileiros. No Instituto Cultural Vale acreditamos que, mais que patrocinar, é importante articular ações culturais que levem toda a riqueza de saberes e fazeres do Brasil às pessoas. Esperamos que a Nhe’ẽ Porã nos leve a conhecer mais sobre nossos povos originários, e que nos leve a refletir, enquanto sociedade, sobre suas formas de criar, viver e conviver”, diz Hugo Barreto, Diretor-Presidente do Instituto Cultural Vale.
O nome da exposição, que vem da língua Guarani Mbya, composto a partir de duas palavras: Nhe’ẽ significa espírito, sopro, vida, palavra, fala; e porã quer dizer belo, bom. Juntos, os dois vocábulos significam “belas palavras”, “boas palavras”.
O trabalho conta com a participação de aproximadamente 50 profissionais indígenas, entre cineastas, pesquisadores, influenciadores digitais e artistas visuais como Paulo Desana, Denilson Baniwa e Jaider Esbell , a mostra tem curadoria de Daiara Tukano, artista, ativista, educadora e comunicadora indígena; consultoria especial de Luciana Storto, linguista especialista no estudo de línguas indígenas; e coordenação de pesquisa e assistência curatorial da antropóloga Majoí Gongora, em diálogo com a curadora especial do Museu da Língua Portuguesa, Isa Grinspum Ferraz.
A exposição Nhe’ẽ Porã é uma iniciativa do Museu da Língua Portuguesa em parceria com o Instituto Cultural Vale, articulador e patrocinador máster da iniciativa. Tem patrocínio do Grupo Volvo e da Petrobras, e apoio do Mattos Filho – todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Projeto Memória Xikrin
O Instituto Cultural Vale vem realizando algumas ações com objetivos de fazer reparos e incentivos aos povos indígenas, que ao longo da história perderam seus espaços e culturas.
E diretamente vinculado a esses povos, o Instituto Cultural Vale apoia o Projeto Memória Xikrin do Cateté, que já rendeu dois livros e a criação de uma plataforma digital sobre a história deste povo indígena, incluindo um acervo sonoro com cantos, rituais e falas sobre histórias do cotidiano.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA