Legado de Mestre Dikinho ganha as telas em documentário inédito; saiba como assistir
O longa-metragem será lançado presencialmente no dia 19 de outubro, mas poderá ser assistido no mesmo dia no canal ‘Carimbó de Encantaria’ do YouTube
O documentário “Mestre Dikinho e Tambores do Pacoval – Carimbó de Encantaria” será lançado no próximo sábado (19/10), com exibição no bairro do Pacoval, em Soure, na Ilha do Marajó. O evento de estreia ocorrerá às 19h, na sede da Associação de Moradores do Pacoval (AMPAC), local que há 15 anos recebe rodas de carimbó que contavam com as participações de Mestre Dikinho, considerado figura central de um movimento que influenciou gerações de tocadoras e tocadores da região. No mesmo dia, o longa-metragem estará disponível online, às 20h, pelo canal @CarimbódeEncantaria no YouTube, permitindo que o público possa assistir à produção.
Luciane Bessa, produtora executiva do documentário, destacou o envolvimento da equipe com a obra do Mestre Dikinho. "Todos éramos encantados com o trabalho dele e compartilhávamos a sensação de que ele trazia uma energia especial. Durante a produção do filme, conseguimos entender melhor de onde vinha esse encanto", afirmou.
Segundo a produtora executiva, o longa-metragem busca mostrar a origem dessa energia, explorando a forte conexão do artista com a natureza tanto no aspecto material quanto espiritual.
“Também quisemos enfatizar a relação de um fazer cultural, no caso, a criação do grupo de carimbó ‘Tambores do Pacoval’, o qual Dikinho foi fundador. A iniciativa trouxe mudanças na vida de uma comunidade, em sua identidade, sua rotina e até mesmo sua renda”, acrescentou.
O documentário, que começou a ser produzido em julho de 2019, oferece uma visão íntima sobre a vida e obra do mestre. A produtora executiva relembrou, que mesmo com jeito introspectivo, Dikinho colaborou ativamente durante as gravações, como no clipe da música ‘Fundo das Águas’, onde orientou detalhes sobre a caracterização da Boiúna, uma entidade encantada do Marajó, interpretada por Priscila Cobra.
“Ele sempre atendeu a equipe e, quando adentrava suas memórias de outros carnavais e bois bumbas, nossas conversas podiam durar horas”, disse nostálgica.
A expectativa da equipe é que o filme ressoe profundamente com a comunidade local. "Nosso desejo é que o bairro do Pacoval e o município de Soure possam se reconhecer na obra e valorizar sua riqueza cultural, além dos saberes preservados por seus mestres", afirmou Luciane.
Ela também comentou sobre o potencial de uma boa repercussão online, visando expandir o encantamento e o conhecimento sobre a obra do mestre.
“Os modos de vida presentes na arte e na trajetória de Mestre Dikinho e Tambores do Pacoval são como chaves de um portal de transformação social a partir da valorização de uma identidade cultural relacionada ao respeito a natureza e à força da coletividade”, declarou.
LEGADO
Mestre Dikinho morreu aos 83 anos e era compositor, violonista, cantor e artesão marajoara. Cresceu trabalhando como vaqueiro e pescador, envolvido pela poesia e encantaria da região. Suas canções exploravam uma variedade de ritmos, desde o carimbó até o samba, bolero e xote. Por mais de uma década ele integrou o grupo "Tambores do Pacoval" e, nos últimos anos de vida, participou do grupo "Os Mansos".
Yuri Guimarães, banjista do grupo "Os Mansos", que tocou com Mestre Dikinho até o final de sua vida, reforça a importância do documentário para as futuras gerações. "Ele foi minha maior influência na cultura popular. Mesmo com dificuldades de locomoção e dores, ele nunca parou de cantar e compor. Esse projeto eterniza suas histórias, as músicas que retratam a vida do caboclo marajoara e as encantarias", comentou.
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