Jornal francês detona ‘Ainda Estou Aqui’ e atuação de Fernanda Torres
O longa brasileiro chegou nesta semana a cerca de 200 salas de cinema francesas
Em campanha para o Oscar, o longa brasileiro “Ainda Estou Aqui” chegou nesta semana a cerca de 200 salas de cinema francesas. A maior parte da crítica teceu elogios para o filme, no entanto, o crítico Jacques Mandelbaum, do jornal francês Le Monde, detonou a produção em sua análise.
Classificando a produção de Walter Salles com apenas uma estrela — em uma escala que pode chegar até quatro - , o francês desaprovou a "concentração melodramática" na figura de Eunice Paiva, vivida por Fernanda Torres, declarando que isso faria o filme "passar com um traço leve demais pela compreensão do mecanismo totalitário”.
Mandelbaum ainda teceu críticas à atuação da vencedora da categoria de melhor atriz em filme de drama da última edição do Globo de Ouro, afirmando que a interpretação de Fernanda é "um tanto monocórdica”. Segundo o crítico, a Eunice do filme beira uma representação religiosa demais do sofrimento, e comparou a atuação com a de Sônia Braga em "Aquarius", de 2016.
Apesar da resenha ácida, outros jornais franceses elogiaram o filme. A revista Le Nouvel Obs, por exemplo, declarou: “O melhor filme de Walter Salles. Uma obra sobre a memória, sóbria e intimista, atravessada pelos fantasmas dos desaparecidos”.
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Qual o enredo de “Ainda Estou Aqui?”
Dirigido por Walter Salles, "Ainda Estou Aqui" é ambientado no Brasil de 1971, em pleno auge da ditadura militar. A produção retrata a história real de Eunice Paiva, mãe de cinco filhos, que se torna uma ativista após o desaparecimento de seu marido, sequestrado pela Polícia Militar e mantido sob custódia. Inspirado nas memórias do escritor Marcelo Rubens Paiva, o filme aborda questões de coragem, resistência e reinvenção em tempos de crise.
(*Beatriz Rodrigues, estagiária sob supervisão de Mirelly Pires, editora de OLiberal.com)