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João Paes Loureiro lança o romance 'Andurá: Onde tudo é e não é'

Autor de cerca de 30 livros, o célebre poeta e professor publicou raras obras desse gênero literário. Este é o segundo romance dele em 71 anos de carreira.

Enize Vidigal O Liberal

João de Jesus Paes Loureiro realiza nesta terça-feira, 22, a live de pré-lançamento nacional do novo romance “Andurá: Onde tudo é e não é”, pela editora amazonense Valer. A obra é o segundo romance em 71 anos de carreira desse escritor e professor universitário, que tem a produção permeada em grande parte pela poesia. A live inicia às 19 horas, pelo Instagram da cantora Lia Sophia, que fará um bate-papo regado à música com o poeta. O livro estará disponível para venda na Livraria Fox, na quarta-feira, 23, quando Paes Loureiro completa 82 anos de idade.

A história se passa na cidade fictícia de Andurá, localizada no estado do Pará, onde viveu a personagem Laura, uma morena que recebia em sua cama os principais homens da cidade. Após ela ter dormido com o boto, ganhou fama de mulher especial que fazia emergir o avesso de cada morador. A escritora Neiza Teixeira, que assina as orelhas do livro, descreve Andurá como um simulacro da realidade, “a nossa matrix”.

Paes Loureiro antecipa que o novo romance é contagiado pela poesia a exemplo do conjunto da obra dele. “Tenho por volta de 30 livros (publicados), que são predominantemente poesia, são seis peças de teatro, dois romances, textos teóricos... mas 70% é poesia”, conta.

image Capa 

“O romance, a gente leva um certo tempo escrevendo porque não se têm um tempo integral para a literatura. O romance tem uma complexidade que exige uma planificação, tempo para se dedicar, quando se começa a escrever, essa planificação prévia vai se reestruturando”, descreve.

“Eu diria que romancista, o escritor começa o romance e depois o romance é que vai conduzindo o escritor”, afirma.

“Andurá” começou a ser escrito há quatro anos. Entre os muitos trabalhos do autor nas artes e no magistério e também viagens, o projeto receber uma pausa, prolongando a finalização. O romance já estava editado desde o ano passado, mas teve o lançamento adiado diante das incertezas impostas pelo cenário pandêmico. “Para não ficar muito tempo (guardado) e como todas as editoras estão fazendo o lançamento virtual, achamos conveniente botar logo na rua”.

Dez anos para um novo romance

Em 2011, Paes Loureiro lançou “Café Central- O tempo mergulhado nos espelhos”, pela editora Escrituras. A obra foi inspirada em um famoso café que existiu em Belém. “É um livro que integra memória com ficção. O Café Central foi muito importante na época. O salão (do estabelecimento) era cercado de espelhos, inspirado na Belle Époque, tipo os cafés franceses. E o espelho é um símbolo também da passagem do tempo”, conta o autor. A edição foi praticamente esgotada.

Dez anos após “Café Central”, Paes Loureiro presenteia o público com um novo romance. “O livro (Andurá) nos encanta, nos leva a refletir, nos enche de indignação, quando nos defrontamos com a pequenez humana, com a intolerância e com o desprezo pelos menos agraciados ou pela sorte ou pela sociedade. A narrativa, ainda que seja densa e, em muitas situações, trágica, segue num crescente, como o Bolero de Maurice Ravel, o que nos faz seguir até o seu final, acompanhando aqueles que nos dizem, com as suas lutas e persistência, que a vida é um jogo bom de ser jogado ou que é um palco no qual vale a pena representarmos o nosso papel”, analisa Neiza Teixeira.

“A prosa de Paes de Loureiro é sustentada pela poesia e pela vontade de sacar da palavra o mundo, por isso, o ritmo, os neologismos, o regionalismo, o universalismo, as sombras que se descolam dos corpos e transitam e fazem o que os seus donos não se permitiriam jamais fazer ou as Vozes veladas, que, como no Coro das tragédias gregas, informam para o leitor ou para o espectador o que é essencial que ele saiba, como um falso lembrete ou como uma voz que se solta da neblina ou da cerração e profere um conhecimento que escapa à nossa percepção”, acrescenta a escritora.

O começo, o romance e a pandemia

João Paes Loueiro considera que a carreira de escritor e poeta teve início aos dez anos de idade, quando teve selecionado o poema alusivo ao Dia das Mães, de autoria dele, para publicação em uma revista do Rio de Janeiro.  “Eu morava em Abaetetuba e era aluno do curso escolar, no último ano, mandei (o poema) pelos correios. O prêmio era a publicação na revista de maio e eu ganhei”, recorda.

Hoje, aos quase 82 anos de idade e 72 anos de carreira, Paes Loureiro se lança sobre um novo romance diante das incertezas do cenário pandêmico. “O despertar para escrever romance é um acaso da vida do escritor, acaso que decorre do sentimento e da experiência do autor. Eu diria que é um acaso não casual, é um acaso deflagrador da intuição criadora. Ele é um acaso que gera um desdobramento que é permanente e não casual, digamos, é um acaso significante”.

A decisão de lançar “Andurá” em junho de 2021 veio da ameaça de fechamento da Livraria Fox, que é frequentada por muitos autores, intelectuais, artistas e jornalistas. “A gente está procurando apoiar porque corre o risco de fechar, como vem ocorrendo com as chamadas livrarias de rua e que procuram ter um acervo de livro de alto nível. É uma forma de prestigiá-lo”.

A venda do livro será realizada presencialmente na Fox, mas o lançamento será virtual. Não haverá sessão de autógrafos. Mesmo vacinado, Paes Loureiro segue as recomendações das autoridades de saúde e mantém o distanciamento social com o uso de máscaras. Porém, na quarta-feira, 23, os exemplares de “Andurá” postos à venda estarão autografados, pois serão assinados na casa do autor. Isto é, na data do natalício de um dos mais renomados autores paraenses da atualidade, quem ganha o presente (autografia) são os leitores.

 

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