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Itaú Cultural suspende edital para produções com IA e reforça debate sobre tecnologia na arte

Em Belém, cineastas consideram importante se debater o uso da Inteligência Artificial nas produções artísticas

Eduardo Rocha

O Itaú Cultural, após escutar profissionais do setor audiovisual, optou por suspender o filma.aí, edital para projetos em audiovisual com uso de inteligência artificial (IA). O objetivo, segundo informa esse instituto, "é ampliar a fase de reflexão e aprofundar o debate em diálogo com estes agentes culturais sobre os impactos da transformação digital junto ao setor cultural". Desse modo, a instituição abre diálogo sobre impactos da transformação digital junto ao setor cultural.

Em comunicado, o Itaú Cultural detalha que tem trilhado, ao longo de mais de três décadas, um caminho pautado no diálogo e na construção colaborativa e experimentação, inclusive no campo da arte e tecnologia. Segundo o informe, a instituição acredita que a escuta e a troca sempre fazem avançar e fortalecer a sua presença no campo da arte e cultura. Assim, o Itaú Cultural compreendeu que o projeto precisa ser ainda mais debatido com os agentes da arte e da cultura, daí ter suspendido o edital em questão. 

"O próximo passo é aprofundar os debates sobre soluções técnicas, éticas e jurídicas para a arte e a cultura em tempos de inteligência artificial, diante de tantas mudanças na vida contemporânea. O objetivo é sempre garantir aos artistas, fazedores de cultura e pensadores o papel central nesses tempos", comunica o Itaú Cultural.

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Conversas e propostas

Nesse sentido, nas próximas semanas, a instituição realizará conversas, debates e encontros de reflexão que resultem em novas propostas que passam por questões de inclusão, pluralidade e inovação, sempre sob a ótica do combate às desigualdades. 

As ações no campo da IA, arte e cultura dão sequência a uma pesquisa iniciada com outras ações da Fundação Itaú, como o edital Inteligência artificial para educação (já encerrado) e o ciclo de debates Inteligência artificial em educação e cultura: estratégias para combater desigualdades (disponível no YouTube: mesas 1 e 2 e mesas 3 e 4). "Em breve, o Itaú Cultural comunicará as suas próximas ações em relação ao tema, por meio de seus canais institucionais", repassa o instituto.

Limites para as produções tecnológicas

O escritor e cineasta paraense Ismael Machado considera importante a discussão técnica sobre a adoção de novos recursos tecnológicos na concretização de projetos culturais e artísticos. "Existem ferramentas que chegaram para ficar e não será possível desconsiderar isso. Minha preocupação maior se refere aos limites éticos do uso de IA. Se por um lado ela pode ajudar determinados profissionais do audiovisual (principalmente quando se fala em pós-produção) com ferramentas inovadoras para edição, colorização, finalização, etc., por outro me assusta a ideia, por exemplo, de atores sendo substituídos por representações em 3D ou roteiros sendo escritos cem por cento por IA. Meu pensamento, que pode até soar ingênuo, é que uma obra de arte, em qualquer ramo a se pensar, é fruto de algum tipo de vivência, de sentimento, de pulsão de quem cria. É isso que faz a diferença, no meu ponto de vista", afirma Ismael.

Direitos autorais em discussão

Para o empresário e produtor audiovisual Fernando Segtowick, em Belém, "a IA apresenta desafios não somente na questão do seu uso, mas principalmente na questão de direitos autorais, já que ela utiliza imagens previamente produzidas". 

"Na realidade, a IA não é uma produtora de imagens, mas uma catalisadora. Como toda tecnologia é sempre importante estabelecer quais limites essa ferramenta deve ter para não gerar novos sistemas de subemprego, aumento de concentração de poder em poucas empresas e principalmente ferir direitos autorais", completa Fernando Segtowick. 

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