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Inteligência Artificial otimiza recrutamento de candidatos para vagas de emprego

Especialistas afirmam que automação do processo já é uma realidade em Belém

Emilly Melo

Processos que antes exigiam muito tempo e atenção humana, hoje, podem ser facilitados por meio da tecnologia com o uso da inteligência artificial (IA). Esse recurso, que tem sido adotado em diversas áreas, também pode ser incorporado em seleções e recrutamentos de candidatos, possibilitando a gestão de tempo e otimização de tarefas para as empresas que estão em busca de profissionais para compor o quadro de colaboradores. A executiva em recursos humanos e diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seção Pará (ABRH-PA), Anna Padinha, aponta que o uso da inteligência artificial nas seletivas de candidatos já é uma realidade em Belém.


“Algumas empresas já começaram a adotar IA nos seus processos de recrutamento e seleção, seguindo uma tendência global”, conta. Padinha diz que o setor de recursos humanos das empresas interessadas em adotar esses sistemas precisa ter um profissional apto a usar a IA para fazer a triagem dos candidatos.

“É essencial desenvolver um conjunto de habilidades e conhecimentos técnicos como compreensão das tecnologias de IA, análise de dados, configurações específicas, segurança da informação, ter domínio total do uso da ferramenta, como leitura de relatórios, checagem de oportunidades de melhorias e acompanhamento”, completa a diretora da ABRH-PA.

A automação do processo de seleção de currículos pode ser feita por meio de sistemas que envolvem a criação de bancos com palavras-chave e expressões específicas para cada empresa e cargo, conforme explica Vinícius Sonda, coordenador e professor dos cursos de Ciência da Computação, Engenharia de Computação e Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG).

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O professor afirma que todos os treinamentos dos modelos de IA devem ser feitos com dados específicos. “As principais tecnologias utilizadas são softwares que analisam os currículos submetidos à plataforma, identificando palavras-chave e comparando-as com os requisitos da vaga. Muitos desses softwares fazem uso de IA para classificar os candidatos de acordo com a relevância das suas experiências e habilidades para a posição”, explica.

De acordo com Vinícius Sonda, esses sistemas trabalham com a conversão de vários formatos de arquivos de texto, o que permite a análise dos conteúdos enviados em documentos em PDF, Word, ou outros.

“A tecnologia de OCR (reconhecimento ótico de caracteres) permite identificar e transformar o documento em um texto editável. No entanto, formatos complexos de currículos podem dificultar a extração de informações relevantes, influenciando na eficiência do sistema”, aponta o especialista, que ressalta que a qualidade da base de dados do sistema adotado pela empresa é fundamental para evitar distorções e informações imprecisas.

Desafios na implantação de IA no processo de seleção dos candidatos

Apesar de facilitar a dinâmica de seleção, o professor destaca que a IA não é capaz de substituir a análise humana, por isso, é importante combinar a tecnologia com a expertise dos profissionais para obter um resultado eficiente.

Segundo ele, um dos principais erros encontrados nos sistemas são os “falsos positivos”, ou seja, quando um candidato não qualificado é selecionado ou quando um profissional que tem potencial não tem as habilidades reconhecidas pela ferramenta, chamadas de soft skills (termo em inglês usado por profissionais de recursos humanos para definir habilidades comportamentais e competências subjetivas difíceis de avaliar).

“Isso se deve, na maioria das vezes, ao treinamento da IA não estar apurado o suficiente. O maior desafio é garantir que a programação compreenda a linguagem humana o mais próximo da análise de um ser humano. A interpretação de palavras similares é um obstáculo a ser vencido para uma correta análise. Além disso, a experiência profissional e as habilidades soft skills são mais difíceis de quantificar e comparar, por isso a maioria das empresas ajustam seus sistemas para combiná-los com a avaliação humana”, avalia.

Para Anna Padinha, a implantação de IA na triagem de currículos pode gerar os seguintes entraves para as corporações: resistência dos recrutadores, por temerem ser substituídos pela tecnologia; rejeição dos candidatos qualificados, caso eles não utilizem palavras-chave específicas; dependência excessiva da automação; viés algorítmico, que pode, inadvertidamente, perpetuar ou amplificar vieses existentes no recrutamento.

Empresas precisam ter atenção aos seguintes desafios com a implantação da IA:

  1. Resistência dos recrutadores: Os profissionais responsáveis pela seleção podem temer que a tecnologia substitua seus papéis ou altere suas rotinas de trabalho;
  2. Rejeição de candidatos qualificados: O sistema pode rejeitar currículos de candidatos altamente qualificados se eles não utilizarem palavras-chave específicas;
  3. Dependência excessiva da automação: Confiar demais na automação pode levar à perda de nuances que um recrutador humano captaria, como experiências não convencionais ou habilidades transferíveis;
  4. Viés algorítmico: Algoritmos de IA podem, inadvertidamente, perpetuar ou amplificar vieses existentes no recrutamento;
  5. Integração com sistemas existentes: Integrar o novo sistema com plataformas de RH existentes pode ser complicado e pode causar problemas de compatibilidade;
  6. Experiência do candidato: pode resultar em uma experiência de candidato impessoal, o que pode impactar negativamente a percepção da empresa.

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