Isabella Santorinne é a Miss Beleza T Pará 2021

Modelo e militante de 30 anos vai defender o estado em concurso nacional

Lucas Costa
fonte

Os concursos de beleza seguem a todo vapor. Depois do Miss Universo 2020, que coroou a mexicana Andreza Meza no domingo, 16; aqui no Pará já chega a hora de se preparar para uma nova corrida - isto porque o estado já tem sua representante para o concurso Miss Beleza T Brasil. Isabella Santorine, de 30 anos, será a responsável por defender a beleza das mulheres transexuais e travestis do Pará no concurso nacional, marcado para janeiro de 2022.

Isabella é a Miss Beleza T Pará 2021, e fez o anúncio em suas redes sociais no domingo (16). Ela foi selecionada pelo comitê nacional do concurso, entre cerca de 200 meninas inscritas para representar o Pará. Feliz, e já ansiosa para a nova etapa, ela relembra como foi o processo.

“Faz um tempo que eu já queria participar desse concurso mas nunca tinha coragem de me inscrever, porque sempre olhava meninas belas e não me sentia bonita o suficiente para participar. Abriu a seleção para o estado do Pará em novembro do ano passado, e me inscrevi, assim com aquele medo de não ser selecionada, porque tem muitas outras meninas belíssimas que podiam ser selecionadas. Em março deste ano me ligaram falando que gostaram muito do meu perfil, e que eu tinha sido a selecionada”, revela.

Isabella conta que a seleção foi toda virtual virtual, e na inscrição era necessário enviar uma série de fotos, desde selfies, fotos de perfil e de corpo inteiro, até fotos usando roupa curta e vestido longo. “Para mim foi uma grande alegria porque era um concurso que já vinha almejando participar há muitos anos e nunca tinha tido coragem. E ter sido selecionada entre tantas meninas, para mim, foi muito gratificante”, revela.

O concurso Internacional Miss Beleza T Brasil 2021, no qual Isabella vai representar o Pará, está marcado para janeiro, na capital paulista. A vencedora segue para representar o Brasil no concurso Miss International Queen, que será realizado na Tailândia. Os planos de Isabella tem foco em chegar ao continente asiático, e a preparação está a todo vapor desde já.

“Estou fazendo coisas que nunca tinha feito antes de ser a Miss Beleza T Pará. Dentre elas comecei a malhar para poder preparar meu corpo não só fisicamente, mas para que eu aguente essa rotina de correria, desfiles e ensaios fotográficos. Comecei a ter uma alimentação mais saudável, e também comecei a cuidar bem mais da minha pele”, conta ela, destacando que também vem buscando parcerias, como designers de moda e preparadores de miss. “A preparação que estou fazendo hoje, não é só para ganhar o Miss Beleza T Brasil, mas para o internacional. É esse meu intuito, chegar, mostrar que sou capaz, e ganhar para ir ao Miss International Queen”.

Em um país que carrega o péssimo título de ser o que mais mata travestis e transexuais no mundo, Isabella sabe da importância que seu título carrega, e quer representar as mulheres travestis e transexuais como deseja que elas estejam: vivas.

“Me sinto muito honrada em poder representar as belezas de mulheres transexuais e travestis do Pará. Infelizmente nosso país carrega esse título, e quando a gente fala de concurso de beleza, não é apenas levar mulheres para cima do palco, para desfilar e mostrar sua beleza. É também para mostrar que uma mulher travesti e transexual pode estar nesse espaço também, que não é só aquela imagem estereotipada que a sociedade tem sobre nossos corpos”, destaca Isabella.

“É para que outras mulheres travestis e transexuais se sintam representadas, e acreditem na sua beleza, porque a sociedade aponta para nós e diz: ‘você nao é bonita, seu lugar não é aqui, é só na esquina, no ponto de prostituição’. Então esse concurso é para isso, para mostrar que nós podemos sim estar em todos os lugares inclusive em um concurso de beleza”, diz.

Ser representante da comunidade transexual e travesti no Pará não é algo recente na vida de Isabella. Na verdade, ela é considerada uma importante voz dentro de tal movimento, que conta fazer parte há pelo menos 10 anos. Atualmente, é secretária da Rede Paraense de Pessoas Trans (Reppat).

“Quis ser ativista social porque quando me identifiquei e me apresentei enquanto mulher transexual, tive muitas dificuldades e barreiras para entender quem eu era, começar meu tratamento hormonal, entender sobre minhas políticas que eram garantidas para mim. Eu nunca tive ninguém para me orientar sobre isso, e quando eu entrei para o ativismo, era isso o que eu visava, poder ajudar outras pessoas que estão começando sua transição agora”, relembra ela.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Cultura
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM CULTURA

MAIS LIDAS EM CULTURA